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quinta-feira, 24 de maio de 2012

SUSPENDE-SE AQUI O CONTAR DE UM DECÊNIO DE AMARGAR - ANOS NOVENTA NO BRASIL


SUSPENDE-SE AQUI O CONTAR DE UM DECÊNIO DE AMARGAR - ANOS NOVENTA NO BRASIL

NEUZA MACHADO

(Charge do Bessinha - Dezembro de 2011)


Neste 31 de Dezembro
Do 2011 Sem-Par,
Suspende-se, Aqui, o ReMembro
De Um Vei-Ontem a Transpassar...

Do Decênio Noventão,
Há Muito Caso P’ra Contar...
Mas, Hoje... Grande Festão!...
Quem Narra Vai Festejar...

Há Um Outro Assunto no Ar,
A Merecer Atenção...
Uma História de Amargar...
A Incomodar o Povão...

O Assunto Ainda Está Quente...
O Neo-Povão Acordou...
Exige CPI Urgente
No Grupão Que o Despojou...

CPI-Aulicaria,
Com Assinaturas-Mil...
Repúdio à Gran Confraria
De Um Vei-Passado Senil...

Mui Jaiões no Labirinto
Da CPI Em Questão,
Os Que Em Passado Indistinto
Iludiam o Neo-Povão...

Os Das Frases Sem-Sentidos:
Discursos de Vei-Leseiro...
(A Explorar os Oprimidos:
O Gran Povão Brasileiro)

Mas, Esta Noite a Oratória
Da Gruparada Indigesta
Não Maculará a História
Com Suas “Novas” Funestas...

Alguns Jornais do País
Não Querem o Bem da Nação...
Não Aceitam Que o Luís
Seja o Herói do Povão...

Os Tais Jornais e a Tevê
Não Aceitam a Presidenta...
Os Bons Governos do PT,
A Elit(i)zona Lamenta...

Queriam Tudo P’ra Eles,
A Burlar o Vei-Povão,
Com Salariozinhos, Mui Reles!,
Exploravam o Pobretão...

Com o Bom Luís e a Dilma,
O Brasil Se Transformou,
O Neo-Povão Tudo Filma...
Já Destrama Quem Tramou...

Mas, Esta Noite, o Anno Novo
Chegará Com Mui Benção...
Nenhum Arauto Papa-Ovo
Prejudicará a Nação...

Nesta Noite... Gran Festão!...
No Pãozim, Só Trigo-Novo!...
Bem Longe de Confusão...
Muitas Bênçãos Para o Povo!...

Longe das Invenções
De Desastres a Granel...
Os Papa-Ovos Jaiões
Não Querem o Povão no Céu!...

A Que Narra Então Augura
Um Mui Feliz Anno Novo,
Com Muita Paz e Ventura!
Bem Longe de Papa-Ovo!

Até Aqui a Que Narra
A Roupa Suja Lavou
De Um Vei-Passado de Amarra:
Que Amarrava Quem Suou...

Quem Suou Foi o Pobrim,
Aquelle Que Só Ganhou
Mui Desprezo do Riquim:
O Riquim Que Não Suou...

O Vei-Pobre Não Ganhou
A Recompensa Esperada...
O Suor de Quem Suou
Secou na Pele Enrugada...

Com o Contar do Paizinho,
A Que Narra ReMembrou
Os Annos de Desalinho...
ReMembrou o Que Passou...

Foram Dias DesGovernados
Que Destruíram a Nação...
Tais Dias Estão Avivados
No Coração do Povão...

Mas o Noventão Encrencado,
ReConto no Anno Que Vem...
E o Reveillon Festejado,
Pretendo Contar Também...

Por Ora, Festa Agitada!
O 2011 Em Estertor...
No Doze... Nova Virada...
Que Venha Com Esplendor!...

Desejo aos Bons Amigos
Um Feliz ReComeçar!
Que Todos Fiquem no Abrigo
Das Alegrias do Lar!...

Neuza Machado
Rio de Janeiro, 31 de Dezembro de 2011

terça-feira, 22 de maio de 2012

UM GOLPE OU REVOLUÇÃO E O BRASIL NA CONTRA-MÃO


UM GOLPE OU REVOLUÇÃO E O BRASIL NA CONTRA-MÃO

NEUZA MACHADO

Em Um 31 de Março,
O Deus Marte do Destino
Amarrou Um Gran Cadarço
Em Volta do Pequenino...

Naquelle Dia Trevoso
Houve Um Golpe Militar,
E o Gran Brasil, Tão Fermoso!,
Se Viu no Escuro... E Sem Ar!...

No Primeiro de Abril,
O Golpe Foi Assinado...
(Vinte Annos... E o Brasil
Por Militar Governado...)

Um Golpe ou Revolução:
Conceitos Fora do Ar...
E o Brasil na Contra-Mão
De Um Progresso Mui Sem-Par...

E a Imprensa a Elogiar
O Governar-Desatino...
Uma Cartilha a Dictar
As Normas do Vei-Destino...

Vinte Annos Mui Perdidos...
Muitas Vidas Anuladas...
Muitos Sonhos Destruídos...
Mui Histórias Mal-Contadas...

O Medo do Comunismo...
Propaganda Fantasmal!...
Louvar o Capitalismo
Era o Estatuto Geral...

E o Brasilerim do Maratro
A Tomar o Trem das Onze,
Naquelle Sessenta e Quatro,
Com Medo do Verde-Bronze...

No Anno Sessenta e Quatro
Quem Comandava o Astral
Era o Saturno, o Actro,
Com Seu Domínio Factal...

O Ancião Furibundo
Naquelle Abril Marciano,
Dominou o Velho Mundo
Com o Seu Governar Insano...

O Mito do Vei-Saturno
O Gran Brasil Comandava,
Na Hierarquia do Soturno,
O Pobrim Não Apitava...

Tapearam o Pobre Povo
Na Dicta Revolução...
E o Arauto Papa-Ovo
A Espalhar Comoção...

O Dicto Cujo Dizia
Que o Jango Era do Mal
E Que o Brasil Entraria
Em Feia Era Infernal...

Que a Tomada do Poder
Era Contra o Comunismo...
“Coisa Boa, Pra Valer!...
Só Mesmo o Capitalismo!...”

Espalhou a Gran Revolta
Na Pobre População...
Greves... Marchas... Vei Escolta
Direcionando o Povão...

Dizia Que a Conturbada
Nacional Situação
Era Coisa Bem Tramada
Na Governança do João...

Dizia o Dicto Papa-Ovo
Que o Jango Era Um Mandão,
Iria Levar o Neo-Povo
À Mais Feia Escravidão...

Pela Gran Democracia,
“Um Viva a Revolução!”,
E o Brasil Assistiria
À Grande Transformação...

Tudo Isto (E Muito Mais!)
Nos Discursos Enrolões...
A Televisão e os Jornais
A Exaltar os Grans Jaiões...

Pela Tal Democracia,
A Marcha Com Deus Actuou...
Marchando, a Aristocracia
O Pobrezim Enganou...

Os Jornalões do Momento
Espalharam a Confusão...
No Dicto Cujo Argumento,
O Culpado Era o João...

Assim Contava o Paizinho
Da Que Narra o Entrevero...
O Que se Finou Pobrezinho
No Tal Governo Severo...

(Será Preciso Explicar?)
(Será Preciso Explicar?)
(Será Preciso Explicar?)
(Será Preciso Explicar?)

Pobre Não Mandava Não!...
Era Briga de Arrasar!...
Gran Jaião Contra Jaião,
E o Pobrezim a Lutar!...

Um Nevoeiro Aviltado,
Era do Bronze, Terrível!,
Repôs o Esperançado
No Vei-“Destino” Exequível...

Os Annos Que Vieram Depois,
Era do Ferro Abrasado,
Do “Destino” Vei-Algoz
A Mandar no Espectrado,

Deixaram o Dicto Povão
Completamente’Assustado,
Sem Receber a Benção
Do Livre-Arbítrio Esperado.

Os Vinte Annos da História
O Paizinho Não Contou...
A Tal História Sem-Glória,
Nenhum Pobrim Registrou...

Na Briga dos Grans Jaiões,
O Pobretão Não Entrou,
Mas, Em Meio aos Encontrões,
Foi Ele Que Se Lascou!

Desse Tempo, Mui Sombrio!,
Este Narrar, Fala Não!,
O Caso Causa Arrepio:
É Medo de Assombração...

Deixará o Tal Caminho
Por Conta do Neo-Povão,
Que Acenderá o Raminho
Da Pira da Comoção...

O Mau Tempo Revoltoso
De Prisão e Punição...
Tal Governo Desairoso
Não Ficará Impune, Não!...

O Instante Tenebroso
Que Maculou a Nação,
Ficará Quomo Horroroso
Momento de Transição.

Será Três Vezes ReVisto
Pelo Leitor Neo-Povão
No Gran Futuro (Previsto
Nos Tempos Que Longe Vão...)

Foi Governança Malvada,
Rectorno ao Medieval,
Uma Fase Mal-Contada
Na História Oficial...

Dos Vinte Annos da Comanda
Do Governo Militar,
A Que Narra a Neo-Demanda,
Lamenta, Não Vai Falar!...

Nos Tais Annos, Casadoira,
Estava Presa no Lar
Tomando Chá de Erva-Moira
E Vendo a Vida Passar...

Por Isso, Não Fala Não!...
O Que Souber Repensar,
Repensará a Questão
E Saberá Quomo Julgar...

Ao Leitor Desta Demanda,
Não Custa Nada Avisar:
Suba Em Uma Boa Anda
E RePense o Cogitar...

Só P’ra Você Se Lembrar
Do Motivo Principal
Deste Novo Demandar
Em Prol De Um Brasil Maioral:

Naquelle Tempo de Então,
Para o Rico... Mui Maná!...
Filet-Mignon Pro Jaião...
O Pobrim... Ao Deus-Dará!...

Sobre a Continuação
De Veira História Sem Ar,
No Noventa, O Vei-Jaião
Continuou a Mandar...

Os Dias DesGovernados
Que Destruíram a Nação...
Todos!... Serão Entrançados
Na Próxima Capitulação.

domingo, 20 de maio de 2012

NO ANNO SESSENTA E QUATRO, A TOMAR CHÁ DE MARATRO


NO ANNO SESSENTA E QUATRO, A TOMAR CHÁ DE MARATRO

NEUZA MACHADO

(Eclipse Anular do Sol)


No Anno Sessenta e Quatro,
O Brasilerim-Pequenim
Tomou Um Chá de Maratro
Para Ficar Bem Quietim...

O Doce Chá de Maratro,
Ou Se Querem, Chá de Funcho,
Chegou ao Sessenta e Quatro
Replectinho de Caruncho...

O Maratro é Erva-Doce,
Mas o Chá Estav’Amargo,
Pois, o Caruncho Feroce,
Ao Doce, Botou Embargo...

Era o Anno Seis Mais Quatro
Na Folhinha Astrológica...
Na Política, Um Gran Teatro
Demandava Cena Ilógica...

Mas o Céu de Brigadeiro,
Do Vei-Destino Antigão,
Estava Mui Desordeiro
A Exigir Revolução...

As Tais Reformas de Base
Do Bom Presidente João
O Estopim-Camicase
Que Incendiou a Nação...

Co’os Recursos Limitados,
O Presidente Goulart
Viu Seus Bons Planos Finados
Pelo Poder Militar...

Assim Contava o Paizinho
Da Que Narra, Já Moçoila,
Que Iniciava o Caminho
Da Demanda Casadoira...

Era o Anno Sessenta e Quatro
De Um Decênio Complicado...
Tomando Chá de Maratro,
Estava o Povo Guiado...

O Sentido da Esborralha
Passava à Margem do Povão...
E o Sem-Roupa na Batalha,
A Enfrentar o Rojão...

Os Jaiões da Tal Direita
(Entenda a Grande Questão!...)
Não Dividiam a Colheita
Co’o Pobrezim da Nação...

A Elite da Direita
(É Preciso Explicação???),
Dona de Grande Receita,
Ao Pobre, Negava o Pão...

A Direiton’Acuada,
Com Medo das Tais Reformas,
Se Sentindo Ameaçada,
Quis de Volta a Plataforma...

A Plataforma-Complô,
Antiga na Vei-Nação...
Plataforma-Gigolô
Que Subtraía o Povão...

Uma Outra Jaianzada
Se Aproveitou do Medão,
E Em Rasteirona Bem-Dada,
Reinvindicou a Gestão...

A Turma Militarizada,
No Tal Decênio Em Questão,
Na Tal Rasteira Bem-Dada
Ficou Co’o Brasil Na Mão...

Destituindo o Goulart
Do Governo da Nação,
Passou Ela a Dominar
Qualquer Poder de Jaião...

Ações Ocultas Orquestravam
O Dicto Golpe Militar...
Aos Generais Imputavam
Veiras Normas de Aterrar...

E o Goulart Foi Exilado
Pra Longe do Vei-Brasil
(O Novo Recém-Criado
Se Finou no Gran Covil...)

O Jão Goulart, Mui Amado!,
Com Tristeza, Adoeceu...
Na Argentina Exilado,
O Amigo do Povo Morreu...

Morreu Jovem, o Muito’Amado,
O Coração Fraquejou...
Dizem Que Envenenado...
Um Mau-Remédio o Matou...

Sobre a Morte do Gran Jango,
No Estrangeiro, Exilado,
Não Se Sabe Se Foi Zango
De Militar Mui Irado...

O Paizinho Comentava:
– “Se Assassinaram o Jaião,
Ou Se Foi Morte da Brava,
É Caso Sem Solução!”

“Só Digo, Compenetrado,
Que Foi Morte-Traição:
Traído e Mui Execrado,
Malogrou-Lhe o Coração.” –

Assim Dizia o Paizinho
Da Que Narra Esta Demanda
(Aquelle Mui Pobrezinho!,
A Narrar Veira Parlanda.)

(Será Preciso Explicar?)
(Será Preciso Explicar?)
(Será Preciso Explicar?)
(Será Preciso Explicar?)

Pobre Não Mandava Não!...
Era Briga de Arrasar!...
Gran Jaião Contra Jaião,
E o Pobrezim a Lutar!...

Os Grandes na Retaguarda,
O Pobrim Indo na Frente...
Na Guerra da Czarada
Só Morria o Inocente...

O Tal Grande, o Perdedor,
Saía Pela Tangente...
Na Masmorra... O Lutador...
(Só o Povão na Corrente...

Pobrim, Povão e Mulher...
– Mesmo a de Rica Família –
Gran Preconceito a Temer...
Os Dictos Sempre Em Vigília...)

Só Pra Você Entender
O Princípio da Armação,
Intento Um Retroceder
Para Explicar a Questão:

Em Um 31 de Março,
O Deus Marte do Destino
Amarrou Um Gran Cadarço
Em Volta do Pequenino...

Naquelle Dia Trevoso
Houve Um Golpe Militar,
E o Gran Brasil, Tão Fermoso!,
Se Viu no Escuro... E Sem Ar!...

No Primeiro de Abril,
O Golpe Foi Assinado...
(Vinte Annos... E o Brasil
Por Militar Governado...)

A Que Narra a Triste História,
Jovenzinha, Já Casada,
Roceirinha... Em Trajectória
Para Criar Filharada,

Só Avaliou a Extensão
Da Violência Orquestrada,
Depois de Um Longo Tempão...
Passou Dez Annos Dopada...

Enquanto Criava os Filhos,
O Marido a Proctegia...
Longe dos Estribilhos
Da Feroce Artilharia...

Dez Annos em Reclusão
Sem Entender a Ocorrência...
A Tevê e o Jornalão
A Exaltar as Tais Demências...

Os Jornais do Bell Tramar
Aprovavam a Intervenção...
Diziam Que o Militar
Era Um Governo de Acção...

Diziam que o Gran Deposto
(O Governo do Goulart)
Queria Ficar no Posto
A Comandar Sem Parar...

Que o Governo do Afilhado
Do Gran Getúlio Paizão,
Já Tinha Tempo Marcado
Pra Findar a Tradição...

Assim Contava o Paizinho
Da Que Narra a Triste História...
O Povão (Já Sem Padrinho!)
A Receber Palmatória...

E a Imprensa a Elogiar
O Governar-Desatino...
Uma Cartilha a Dictar
As Normas do Vei-Destino...

Vinte Annos Mui Perdidos...
Muitas Vidas Anuladas...
Muitos Sonhos Destruídos...
Mui Histórias Mal-Contadas...

No Anno Sessenta e Quatro
Quem Comandava o Astral
Era o Saturno, o Actro,
Com Seu Domínio Factal...

O Ancião Furibundo
Naquelle Abril Marciano,
Dominou o Velho Mundo
Com o Seu Governar Insano...

Mas o Mito de Saturno,
Explicarei Amanhã,
Depois De Um Escalar Noturno,
Neo-Trovar... Intenso Afã...

terça-feira, 15 de maio de 2012

POLÍTICA BRASILEIRA 2012


POLÍTICA BRASILEIRA 2012

NEUZA MACHADO

No Estado Brasileiro
O Pobrim Não Manda Não...
Briga De Politiqueiro:
É Jaião Contra Jaião.

Na Politicagem Actual,
Os Varões do Vei-Passado
Entraram em Luta Corporal
A Lutar Pelo Roçado.

Do Jeito De Antigamente:
O Povão Não Manda Não...
Não Percebeu o Inocente
Que A Briga É De Gran Jaião?

As Tais CPIs De Agora,
Com A Internet a Mandar,
São a Desculpa da Hora...
Pra Ver Quem Vai Comandar...

O Nosso Lula Querido,
Presidente Popular,
Conseguiu Ser Ungido
Apenas Para Arrumar

A Grande Casa-Brasil
Que Estava A Degringolar...
(O Anterior Gran-Senil
Não Nasceu Pra Trabalhar...)

A Nossa Amada Presidenta
Terá De Prestar Atenção:
CPI Sem Água-Benta
Se Transforma Em Problemão...

Querem Tomar o Cetro
Do Governo Popular...
Estão Armando O Féretro...
Para Depois Dominar...

A Casa Grande Em Polvorosa,
Com Receio Da Pobreza,
Em Grande Briga... Horrorosa!...
Pra Não Perder A Realeza.

Jaiões Que Lá No Passado
Foram Feridos Em Lutas...
Querem Um Novo Reinado...
A Brigar Por Grans Permutas...

Jaião Que Foi Atacado
Por Outro Da Mesma Casta,
Aproveita O Averiguado
Pra Uma Vingança Vergasta.

E O Povão Sem O Seu Guia,
Por Ora, Sem o Bordão...
Se Houver Nova Prelezia...
A Casa Grande Em Acção...


sexta-feira, 4 de maio de 2012

PRESIDENTE LULA: DOUTOR HONORIS CAUSA NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


PRESIDENTE LULA: DOUTOR HONORIS CAUSA NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

NEUZA MACHADO

Hoje, 04 de maio de 2012, tive a honra de presenciar um acontecimento histórico: cinco universidades do Estado do Rio de Janeiro homenagearam o ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva outorgando-lhe o título de Doutor Honoris Causa. O ex-Presidente Lula recebeu cinco diplomas de uma vez só, além dos discursos de praxe dos excelentíssimos Reitores das ditas universidades. As homenagens ao ex-Presidente Lula, aqui no Rio de Janeiro, pelo meu ponto de vista, já lhe eram devidas há muito tempo, mas, como diz o ditado popular, “antes tarde do que nunca”.

Sobre a minha emoção por estar presente no Teatro João Caetano, assistindo ao acontecimento histórico, que propiciou e propiciará ainda por um bom tempo material abundante aos jornalistas brasileiros, independentes de suas posições políticas de direita ou de esquerda (pois certamente este dia fará parte da História do Brasil), escreverei depois. No momento, quero apenas dizer que me senti recompensada por anos e anos de militância política solitária, como eleitora fiel do metalúrgico Lula da Silva, em anteriores épocas de eleições para Presidente da República, quase apanhando de outros fanáticos opositores elitizados (a pequena elite carioca contrariada) nas ruas do Bairro da Tijuca e, posteriormente, nas ruas do Bairro de Jacarepaguá. Foi glorioso ver os doutores empavesados a dignificar o ex-Metalúrgico, um homem extraordinário, incomum, carismático, oriundo de um meio social até bem pouco tempo desmerecido.

Sobre os discursos dos cinco Reitores, preciso de um tempo para refletir criticamente sobre os mesmos. Mas, posso adiantar que apenas dois discursos de Reitores mereceram os meus aplausos, porque apenas dois Reitores demonstraram sinceridade e reconhecimento ao exporem os motivos de suas homenagens ao Presidente Lula (não vou declarar os nomes dos dois Reitores, mas percebi real autenticidade em suas explanações). Os outros não puderam esconder ou disfarçar seus constrangimentos políticos em seus discursos e um deles esmerou-se nas críticas aos oito anos de governo do homenageado, sem se lembrar – o referido Reitor – que anteriomente ao governo Lula, os professores sofriam muito mais e apenas os professores-doutores, “medalhões” elitizados que viajavam para outros países às custas das Universidades Federais, recebiam salários exorbitantes e tinham casas de praia, chácaras e outros benefícios, e terminou o seu discurso crítico (se era uma homenagem a um Presidente que fez muito pelo Brasil, por que o tom crítico do excelentíssimo Reitor?) repleto de satisfação por ter recebido aplausos de uma plateia conivente (também não vou explicitar os nomes dos referidos Reitores).

Ainda terei muito para escrever sobre esta sexta-feira gloriosa de homenagem ao Presidente Lula, uma sexta-feira importantíssima para aqueles que verdadeiramente o admiram (e eu me incluo entre esses verdadeiros, desde o início de sua carreira política).

Quero deixar aqui os meus agradecimentos ao senador Lindbergh Farias, um jovem político carismático que ainda dará muito orgulho ao povo brasileiro, pois foi graças a ele que consegui entrar no Teatro João Caetano sem apresentar o tradicional convite. O senador Lindbergh foi de uma total gentileza, entendendo o meu desejo de aplaudir ao Presidente Lula e partilhar com todo aquele povo carioca, presente ao evento, um momento indescritível que ficará na História do Brasil destes anos iniciais do Século XXI.

Para finalizar, busquei no Site do Instituto Cidadania (http://www.institutolula.org/
) a cópia do discurso do homenageado para os meus leitores (homenageado por real merecimento e porque o Estado do Rio de Janeiro não poderia deixar passar ao largo o bonde ou foguete interplanetário da História, enquanto o mundo todo, há tempos, já reconheceu o valor deste nosso brasileiro), repito, busquei para os leitores deste meu blog o discurso do incomparável cidadão brasileiro Luís Inácio Lula da Silva, ex-Presidente do Brasil.

Abaixo, leiam o discurso do ex-Presidente Lula.


Amigos e amigas,

É com imensa honra que recebo os títulos de Doutor Honoris Causa das cinco universidades públicas do Rio de Janeiro.

E a minha honra é maior ainda por recebê-los conjuntamente, em uma única solenidade, nesse memorável Teatro João Caetano, de tanta importância na história cultural do Rio de Janeiro e do Brasil, e com a presença da presidenta Dilma, tão gratificante para mim e para todos nós que estamos aqui.

Agradeço de coração aos reitores e aos conselhos universitários, assim como aos professores, servidores e alunos da UFRJ, da UFF, da UERJ, da Rural e da UNIRIO por me concederem essas prestigiosas láureas e pela deferência de fazê-lo numa cerimônia compartilhada.

Estejam certos de que o dia de hoje, para mim, será inesquecível.

Antes de tudo, porque são alguns dos principais centros de excelência acadêmica do país que prestam essa homenagem. Instituições que respondem por boa parte da melhor produção científica e humanística brasileira. Seria impossível destacar aqui, mesmo sinteticamente, tudo de bom que essas universidades já fizeram, e fazem, nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil. Sem falar na extraordinária contribuição de seus ex-alunos ao progresso material e espiritual do país.

Vocês não podem imaginar o que significa para alguém como eu, que não teve as oportunidades escolares que todo jovem deveria ter, mas que sempre acreditou no potencial libertador do conhecimento, e que a vida inteira apoiou a luta pela educação, tornar-se Doutor Honoris Causa dessas magníficas universidades.

Mas também porque é o Rio de Janeiro que me homenageia.

Este Rio de Janeiro pelo qual tenho um profundo carinho.

Este Rio de Janeiro que frequento há quase 40 anos e onde me sinto perfeitamente em casa, como se tivesse nascido, crescido e vivido aqui.

Este Rio de Janeiro universalmente admirado, motivo de orgulho para todos os brasileiros, seja pelas suas incomparáveis belezas naturais, seja pela sua esplêndida arte popular e erudita. Não só pelo alto nível de sua vida intelectual mas também pela contribuição ao desenvolvimento nacional, de seus trabalhadores e de suas empresas, tanto públicas como privadas.

Mas, sobretudo, o que me faz amar o Rio – é o seu povo! Esses homens e mulheres livres, insubmissos, criativos, generosos, acolhedores. Nascidos aqui ou vindos de outras terras, mas igualmente banhados pelo inconfundível espírito carioca. Sempre prontos a sustentarem as bandeiras mais democráticas e emancipadoras. A maior riqueza do Rio de Janeiro é a sua gente. É por causa dela que, mesmo tendo deixado, há mais de cinquenta anos, de ser a capital política e administrativa do país, o Rio de Janeiro continua a ser – e sempre será, meu caro governador, – a capital da alma brasileira.

E o que me deixa mais feliz é essa nova época que o Rio de Janeiro está vivendo. Os cariocas e fluminenses recuperaram a sua auto estima. Voltaram a ter verdadeiras lideranças políticas e administrativas, capazes de enfrentar e resolver os problemas crônicos do estado e da cidade. A participação da sociedade está sendo formidável. Em parceria com o Governo Federal, o Rio de Janeiro tem cada vez mais sucesso no combate à criminalidade e nas diversas iniciativas de inclusão social. Além disso, os fortes investimentos industriais e de infraestrutura estão fazendo com que o Rio se coloque novamente na vanguarda econômica e tecnológica do país.

Amigas e amigos,

Entendo essa honraria não como um reconhecimento pessoal, mas como uma homenagem ao povo brasileiro que, nos últimos nove anos, realizou – pacificamente – uma verdadeira revolução econômica e social, dando um salto histórico no rumo da prosperidade e da justiça.

Depois das chamadas “décadas perdidas”, o Brasil voltou a crescer de modo consistente e sustentável, gerando empregos, distribuindo renda, promovendo inclusão social e reduzindo as disparidades regionais.

Deixamos para trás um passado de frustrações e ceticismo. Os brasileiros e as brasileiras voltaram a acreditar em si mesmos e na capacidade do país superar desafios. Graças a um novo projeto de desenvolvimento nacional, com intenso engajamento da sociedade nas políticas públicas, fomos capazes de tirar 28 de milhões de pessoas da miséria e de levar cerca de 40 milhões para a classe média, no maior processo de mobilidade social que este país já conheceu.

Resgatamos grande parte da nossa dívida com os pobres e excluídos e, ao mesmo tempo, modernizamos o país, preparando-o para os novos desafios do século XXI.

A descoberta de vastas jazidas de petróleo no pré-sal é a face mais visível – mas está longe de ser a única – da mudança de patamar científico e tecnológico do Brasil.

Conseguimos unir o econômico ao social, transformando o Brasil num enorme canteiro de obras e empregos. Por toda parte se viam – e se veem – obras de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, estaleiros, refinarias e usinas hidrelétricas. Ao mesmo tempo, não há município brasileiro onde o Governo Federal não tenha realizado – e continue realizando – significativos investimentos em saneamento básico e moradia popular, melhorando as condições de vida da população carente.

Segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas, a desigualdade entre os brasileiros atingiu o menor patamar em 50 anos. Desde 2003, a renda per capita dos 50% mais pobres teve um ganho real de 68%, enquanto a renda dos 10% mais ricos aumentou 10%.

O consumo se ampliou em todas as classes, mas no segmento popular cresceu sete vezes ao longo de oito anos. De 2000 a 2010, segundo o IBGE, a mortalidade infantil caiu praticamente pela metade.

Os pobres passaram a ser tratados como cidadãos. Não governamos apenas para um terço da população, como se fazia antes, mas para todos os brasileiros

Em todo esse processo, coordenando o PAC e o conjunto da ação governamental, a então ministra e hoje presidenta Dilma Rousseff teve um papel fundamental e até é chamada de mãe do PAC.

Amigos e amigas,

A educação foi um dos carros-chefe desse novo projeto nacional de desenvolvimento. Ela é o alicerce sobre o qual se constrói a igualdade social.

Sempre insisti que o dinheiro público aplicado na educação é um investimento e não um gasto, pois ajuda a construir um futuro mais digno para as pessoas e para o país. E, sem medo de errar, posso dizer que investimos muito.

No total, mais do que triplicamos o orçamento da educação, que saltou de 17 bilhões de reais, em 2003, para 65 bilhões de reais, em 2010.

Tínhamos que ousar, e foi assim que lançamos, em 2007, o Plano de Desenvolvimento da Educação. O PDE é um conjunto articulado de 54 programas para fortalecer o sistema educacional público, com base em diagnóstico detalhado do setor. Ele se propõe a reduzir as desigualdades sociais e regionais na educação, ampliar a formação de professores e melhorar a qualidade do ensino, em parceria com estados e municípios.

O PDE tem caráter estruturante, com metas claras e um sistema transparente de avaliação dos resultados. A educação foi colocada como prioridade estratégica para o desenvolvimento do país, na busca de padrões de excelência das nações desenvolvidas.

O Brasil está conseguindo, com o PDE, superar a falsa contradição que vigorava nos anos 90, quando as políticas públicas tratavam como antagônicas a educação básica e a universidade. Pretendia-se, com aquele discurso, justificar o abandono a que havia sido relegada a rede federal de ensino superior. Mas a verdade é que nenhum outro nível de ensino foi realmente fortalecido.

Companheiras e companheiros, (eu estava com saudade de falar companheiras e companheiros)

Nosso governo provou na prática que é possível expandir e qualificar o sistema educacional como um todo, da pré-escola à pós-graduação.

Eu e o saudoso José Alencar fomos os primeiros brasileiros a chegar à Presidência da República sem possuir diplomas universitários. Parecia que tínhamos, mas não tínhamos. Pois bem. Orgulho-me de termos criado 14 novas universidades federais e 126 extensões universitárias, nas mais diversas regiões do país, democratizando o acesso ao ensino superior.

Simplesmente dobramos o número de vagas nas universidades públicas.

Além disso, garantimos, com o PROUNI, que mais de um milhão de jovens de baixa renda, alunos das escolas públicas da periferia, pudessem cursar o ensino superior. E essa oportunidade não foi desperdiçada: os jovens do PROUNI tem se destacado em quase todas as áreas, liderando os exames do MEC em várias delas. Ou seja: bastou uma chance, e a juventude brasileira refutou com firmeza o mito elitista de que a qualidade é incompatível com a ampliação das oportunidades.

Na semana passada, o IBGE nos deu uma excelente notícia: o percentual de brasileiros com ensino superior completo aumentou, em dez anos, de 4,4% para 7,9%. Em números exataos fica mais forte (Dilma ajuda: “de seis milhões para doze milhões”).

Tenho certeza de que a política de cotas raciais, que o STF referendou por unanimidade, contribuirá para tornar mais justo o acesso ao ensino superior.

Nos últimos anos, o Brasil também conquistou os maiores avanços na educação técnica e profissional de toda a sua história. Em 93 anos, haviam sido construídas no Brasil 140 escolas técnicas federais. De 2003 a 2010, entregamos 214 novas escolas técnicas, espalhando-as por todo o país, pois antes elas estavam concentradas nas regiões mais ricas.

A boa qualidade de ensino nas escolas técnicas federais também abre as portas das universidades, mesmo para quem trabalha de dia, porque aumentamos em muito o número de vagas nos cursos universitários noturnos.

E esses jovens tem que continuar sonhando, tem que lutar para alcançar o mestrado, o doutorado e para trabalhar nos diversos centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que existem no Brasil.

Por exemplo, a nossa Petrobrás, por exemplo, investe centenas de milhões de reais nos seus centros de pesquisa e desenvolvimento, porque tem pela frente um dos maiores desafios de uma empresa de energia: a exploração das gigantescas reservas de petróleo e gás do pré-sal.

Os centros universitários de pesquisa e desenvolvimento também tem muito o que mostrar. A Lei de Inovação, aprovada em dezembro de 2004, impulsionou fortemente o setor.

O número de pesquisadores envolvidos em P&D passou de 125 mil no ano 2000 para 210 mil em 2008. E o número de patentes depositadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) cresceu de 21 mil em 2000 para 280 mil em 2009.

Amigos e amigas,

As metas educacionais da Presidenta Dilma são ainda mais arrojadas.

O Brasil ampliará progressivamente o seu investimento em educação, até atingir 7% do PIB em 2020 (na verdade era até 2014). O Plano de Expansão da Rede Federal de ensino Superior prevê a construção de 51 novos campi e 208 novos Institutos Federais de Educação.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego, o PRONATEC, vai beneficiar 8 milhões de brasileiro aprendendo o curso de uma profissão. A Presidenta Dilma, com o extraordinário programa “Ciência sem Fronteiras”, também criou mais de 100 mil bolsas de estudo para que os jovens brasileiros possam se aperfeiçoar no exterior.

E uma parte significativa dos recursos do pré-sal vai impulsionar ainda mais a educação e a pesquisa científica.

A meta do Plano Nacional de Educação, válido de 2011 a 2020, é garantir que todas as crianças e jovens, dos 4 aos 17 anos, frequentem a escola, e uma escola de boa qualidade. Até você, Pitanga, vai poder voltar para a escola com o Plano Nacional de Educação.

Eu, que antes do diploma de Presidente da República tinha somente o diploma de torneiro mecânico do SENAI, sei o quanto a educação é capaz de mudar a vida de uma pessoa, de uma família ou de uma nação.

Pois foi aquele diploma que me abriu a oportunidade de um emprego e de uma vida melhor.

Por isso, quero dedicar esses importantes diplomas de Doutor Honoris Causa a todos os que contribuem, com a sua inteligência e o seu esforço, para melhorar a qualidade da educação no Brasil, dando esperança a milhões de jovens, e construindo um país mais justo e solidário.

Muito obrigado.