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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


ODISSÉIA MARIA BRASILEIRA - 1998



ODISSÉIA MARIA - PRIMEIRO CANTO - PRIMEIRA INVOCAÇÃO - 1


NEUZA MACHADO





PRIMEIRO CANTO



1a INVOCAÇÃO


Conta-me, óh! Mercúrio Veloz!!!,

fiel mensageiro dos deuses mui poderosos

das Idades Antigas Greco e Romana

e da Astrologia Pós-Moderna,

NESTE 12 DE DEZEMBRO DE 1998,

quomodo foi o passado,

como será o dia de hoje,

quomodo será o futuro,

e quomo se desdobrará

esta minha insólita e necessária viagem

nesta minha existência terrena,

esta incursão transcendental

nos meus mais íntimos pensamentos?,

conta-me tudo!;

mostra-me, óh! Mercúrio Dinâmico Praláde Veloz!!!,

um epo-lírico-ficcional caminho aéreo-espacial,

certinho,

a esta minha nova face de mulher de cinquenta,

trabalhadora,

viajante incessante incansável na vida,

Odisséia Maria dos Últimos Anos do Século XX

e das Durações Sombreadas

do Segundo Milênio de Peixes Final,

mas, à espera expectante do início do Século XXI,

do Terceiro Milênio Sensacional ... ... ...

 



ODISSÉIA MARIA - SEGUNDO CANTO - II


NEUZA MACHADO


 


SEGUNDO CANTO


 


DIÁRIO / NARRAÇÃO



... 12 DE DEZEMBRO DE 1998,

9 horas e 35 minutos,

horário de Verão no Brasil Varonil,

10 horas e 35 minutos no Relógio Central

do Rio de Janeiro Sensacional;

a Lua está em Libra,

o Sol em Sagitário,

Vênus inicia a sua caminhada

atravessando os domínios de Capricórnio,

Vênus a prometer-me,

PARA O ANNO DE 2009

um grande amor milionário do ar;

eu, Odisséia,

de vez em quando Irinéia,

nasci sob as bênçãos de Júpiter Patrono

e ele estava em paz convosco,

óh! divo Mercúrio!;

ora, Capricórnio é o meu signo das finanças

voláteis, volúveis,

e a minha Vênus Madrinha

do Trabalho e do Amor,

passeando em território capricorniano,

não me faltará desta vez;

e por falar em Júpiter,

este quase me deixou na mão;

quando nasci,

lá pelas bandas de Minas Gerais,

o praláde benigno

dos Oráculos Modernos/Pós-Modernos

estava naquele momento ensimesmado,

desconfiado e calado,

domiciliado temporariamente

no signo de Escorpião,

e todo astrólogo que se preze

sabe que Escorpião

é o Inferno Astral dos sagitarianos;

entretanto,

a minha Estrela de Boa Sorte Sagitariana

não me faltou naquela hora

tão importante de revelação existencial,

as Novíssimas Parcas do Século XX,

três superprotetoras amigas,

seguraram o corte da linha

divisória entre o Nada e a Vida,

naquela zona da mata mineira de abertura,

a que determina ao ser humano a capacidade de pensar,

para que o nascimento se desse exatamente

em u’a madrugada de novembro,

e adivinhe Você,

Futuro Leitor destas linhas,

Leitor da Hora Certa,

Hora de Revelação

do Mundo Tenebricosamente Silencioso,

às vezes estático,

daqui a alguns anos,

quando estarei ainda muito viva

e com saúde,

eternamente,

quem estava,

naquele momento,

pontificando no céu,

tornando-se o meu signo ascendente?,

Escorpião;

talvez Sagitário!;

Júpiter e Vênus e Mercúrio

estavam ali unidos, também,

enviando-me seus fluidos benéficos,

e o mais importante é que Vênus retrogradava;

o acontecimento ao invés de prejudicar-me

ajudou-me horrores e maravilhas;

Vênus,

na Casa Um do Ascendente

poderia tornar-me uma mulher sem complexos vitais,

isto, se estivesse caminhando para frente,

mas isto não aconteceu,

ela estava andando para trás,

e, felizmente,

pude tornar-me uma mulher

menos preocupada com os desejos carnais

e mais preocupada

com as metas inatingíveis do coração;

então, hoje,

Vênus Madrinha está em Capricórnio,

minha Casa Dois do Horóscopo Solar

e Três do Ascendente,

por certo,

tenho motivos para me rejubilar,

desta vez,

aquele rico amor luminoso

e inatingível

não me escapará;

é bem verdade!,

o inatingível me seduz,

sempre me seduziu e seduzirá,

mas Vênus Brilhante não me faltou

na hora do meu direito de livre-arbítrio,

de decidir sobre o que fazer da minha vida

naquele antigo mundo mineiro patriarcal;

mesmo andando para trás,

Vênus em Escorpião será sempre

indicadora de força amorosa,

assim dizem os Imensuráveis

Incríveis Magos Adivinhos

do Século XX;

graças a Vênus Implexora em Escorpião,

sou uma mulher-teceloa,

entrelaçando os fios da substancial imaginação,

fios que se cruzam

e entrecruzam com urdidura,

tecendo uma teia de sonhos e risos sem-fim;

o riso,

óh meu Leitor do Futuro!,

ainda é a melhor arma

para balançar as estruturas hipócritas

deste Final do Século XX,

de passagem para o XXI,

mesmo que você não acredite em mim,

apesar da PVC e das rugas

e do desenrolar do tempo,

a PVC,

Você descobrirá depois,

é o meu maior problema atualmente,

a conseqüência natural da Vida,

no entanto,

a partir de hoje,

terei toda a probabilidade

de realizar todos os meus sonhos,

é Vênus Amorosa Madrinha

afirmando-me tal prognóstico,

o super-homem dos meus anelos mais bellos,

ele na casa dele e eu em minha casa,

em festivos e intermitentes encontros;

as minhas viagens vitais, mentais e astrais;

graças a Vênus Madrinha andando para trás,

possuo a glória

de ser uma ilustre desconhecida,

jamais verei o meu nome inscrito

na calçada hollywoodiana das estrelas;

quanto a Júpiter Troante, em Escorpião,

naquele longínquo Mês de novembro,

HOJE, DIA 12 DE DEZEMBRO DE 1998,

véspera do dia dedicado à Santa Luzia,

mártir da Igreja de Roma

e padroeira de Carangola,

minha Cidade Natal,

“Santa Luzia!,

imploro-lhe que ilumine o meu caminho,

para qu’eu possa enxergar somente

o itinerário que leva à santificação da alma”;

hoje, o Astro Patrono Júpiter Tonitruante

está em Peixes,

sua Casa domiciliar,

no passado,

antes da descoberta de outros planetas,

Sagitário dividia com Peixes

o privilégio de hospedar Júpiter,

o Senhor Todo-Poderoso do Olimpo Romano;

em verdade,

os romanos, muito espertos,

tomaram Zeus dos gregos

e o transformaram em Júpiter,

no entanto, para mim,

vejo sempre em Júpiter o poder de Zeus,

o danadinho usurpador,

o malandro usurpou o trono de seu pai Saturno;

por falar em Saturno Severíssimo,

regente de minha dita Casa Dois do Mapa Solar

e Casa Três do Ascendente,

hoje em Áries,

depois de uma rápida passagem por Touro

NESTE 12 de DEZEMBRO DE 1998,

mas, como eu ia contando,

brilhando em Áries em sentido direto,

naquele longínquo nascimento estava em Leão,

abrilhantando a minha Casa 9/10,

não s’esqueça do meu ascendente!,

juntamente com Plutão

Especulador dos Segredos Alheios,

no auge dos seus treze graus,

no Signo de Leão,

esticando seus raios

até Júpiter Protetor Vigoroso,

a treze graus de Escorpião,

numa quadratura

que teria tudo para sacudir

maleficamente minha vida,

se não fosse Júpiter Intrépido

meu guardião e amigo,

o dito defendeu-me bravamente

naquele passado distante,

possibilitando safar-me das Leis do Destino

e oferecendo-me o número treze

quomodo número de sorte,

assim, o treze entrou em minha vida,

Marte Corajoso Guerreiro, quero crer,

estava também a treze graus de Sagitário,

13° ou 14°,

os astrólogos às vezes se enganam,

um pouco distante do meu Sol Sagitariano,

meu Sol a 3° de Sagitário,

graças a essa pequena distância de 10° não se chocaram;

felizmente, para mim,

fui batizada em 13 de julho, noivei em 13 de junho,

casei-me com um homem nascido em 13 de junho,

em um 31 de dezembro,

a primeira filha de 13 de novembro,

e permiti-me continuar cultuando o número 13,

sem nunca temer a sua força purificadora,

olhando-o sempre como símbolo de renovação,

no Tarot,

não vejo o lado negativo deste número de superstição,

observo apenas os aspectos positivos;

lá se vão meio século e dois anos de vida,

com uma Carta Astral predicando

uma quadratura exata entre Plutão e Júpiter,

a 13° (treze graus),

no entanto,

tal quadratura nunca me prejudicou,

conheci uma caminhada de vida dificultosa, sim,

mas sempre realizei insólitos e implexores pensamentos,

outros teriam renunciado ante a quantidade de obstáculos;

assim aqui vou eu,

Odisséia Maria,

ou Circe Irinéia Capitulina do Brasil,

viajando em mim mesma,

descobrindo, sempre,

os astros não são os donos do destino de um ser humano,

existe o livre-arbítrio nos dias atuais;

e milhões de bolas de ar para o destino pagão,

sou católica romana e creio em Deus Pai,

mas não deixo de perscrutar o futuro;

a minha realidade de habitante de um mundo caótico,

participante ativa de uma mudança de século e de milênio,

me leva a pensar no amanhã

e massifica-me com estas revistas de horóscopo

espalhadas por aí,

enfim, não deixo de perscrutar o Futuro Sem-Muro,

ele é uma incógnita,

o atual Futuro Inseguro

DESTE FINAL DE 1988,

e o que seria de mim,

Matusalém,

se não tivesse o ópio dos Oráculos do Final do Milênio,

FINAL DO SÉCULO XX,

a ajudar-me a enfrentar o porvir

e a buscar cada vez mais uma distração

para a minha vida agitada

aqui nesta Terra Azulinda;



ODISSÉIA MARIA - TERCEIRO CANTO - III


NEUZA MACHADO



TERCEIRO CANTO



...mas, quomodo ia contando,

sou Odisséia Maria Intelectual Sertaneja,

uma hétero-descendente de Bravos Caçadores Mui Machos

de Onças Pintadas

e Jaguatiricas Noturnas

e Gatas do Mato

e de Mineiras Matronas Mui Fêmeas,

Caçadoras também de Onços Pintados

e Jaguatiricos Noturnos

e Gatos do Mato,

Mineiras Cozinheiras Fagueiras

do Leste de Minas Gerais do Brasil Varonil,

uma viajante interiorizada destes annos finais do Século XX,

DESTE FINAL DE NOVENTA E OITO, PRESTE ATENÇÃO!,

NOVENTA E OITO DE AZARAÇÕES MUI POLÍTICAS;

leitora amadora de Gabriel Garcia Marquez;

amante delirante de escritores hispânicos;

do uruguaio Juan Onetti;

daquele divo escrivinhador que foi casado com a tia Júlia,

tia dele, prest’atenção!,

aquele escreveu sobre a Guerra de Canudos acontecida no Brasil,

sem ser brasileiro,

sem ter vivenciado a tal Guerra,

o pós-moderno genial e bellíssimo Mario Vargas Llosa;

leitora de Jorge Luís Borges, o divino argentino;

e tantos outros divinos latinos;

eles, os latinos, me seduziram nesses anos todos,

ficcionalmente, press’tenção!,

quero dizer;

incluindo aqueles escritores franceses

e brasileiros

e portugueses

mui loucos dos anos 50 e 60 e 70;

eu, leitora e amante de escritores latinos

começo hoje uma insólita e incrível viagem,

NESTE DIA 12 DE DEZEMBRO DE 1998,

sabendo sempre pitonisamente,

para viver um Singular Grande Amor Imaginário,

durante esta minha epo-viagem replecta de ficção e lirismo,

será necessário,

antes de tudo,

sagrar-me Odisséia Maria Guerreira,

a enfrentar os moinhos de vento do Reino do Ão e do Reino dos Ões,

amar o divino Vinícius,

o divino Cervantes

e o divino Camões,

perscrutando minha mente favorecida,

graças aos favores daqueles deuses de Hammurabi

Sétimo Rei de Babilônia,

os quais na hora do meu nascimento

pronunciaram com muito muitíssimo respeito o meu nome,

benfazejamente, é claro!,

perscrutando meu sólido coração cinqüentão

ainda aberto para o telúrico amor,

perscrutando minha realidade terceiromundista avassaladora;

por tais motivas reais

totalmente avassalada,

desestruturada,

massificada,

desequilibrada,

lá vou eu, Circe Irinéia dos Anjos Guerreiros Antigos,

voando atrás de Ulysses da Silva Ponderoso,

querendo prender Ulysses em minha Ilha Mágica,

singrando estes ficcionais ares poluídos

nunca dantes navegados por nenhum avião de carreira,

mas ansiosa por chegar a um aeroporto seguro,

sem poluição atmosférica ou mesmo da mídia atual,

com a ajuda de Vênus Maravilhosa Madrinha do Trabalho

e do Amor Redentor em Capricórnio;

e Mercúrio Carteiro Mensageiro dos Deuses Eternais

novamente direto em Sagitário,

NESTE DIA MEMORÁVEL DE 12 DE DEZEMBRO DE 1998,

prest’ tençããão! à data, meu Irmão!,

quando inicio esta epo-ficcional-fantástica viagem em meu próprio interior;

talvez, James Joyce, no início deste século XX,

com o seu Ulysses volumoso,

em apenas um dia tenha feito uma caminhada mais agradável,

mas não sou James Joyce,

não sou Clarice Pernambucana Lispector,

não sou Murilo Mineiro Rubião,

não sou Roberto Mineiro Drummond

e tantos outros portentosos divinosos,

eles souberam narrar com criatividade

seus incríveis desencontros com a realidade caótica do Século XX,

e, óh!!!, coitadinha de mim!!!,

estou apenas tentando descrever aqui

esta minha aérea viagem já agora iniciada,

e seja o que Deus quiser!,

pois quomodo dizia o divo Machado Carioca Escritor e Poeta,

o que fica realmente da espécie humana

é a glória de ter vivido aqui nesta Terrinha Azulinda;

por isto,

retomando o fio de Ariadne Aranha da Teia Esburacada,

lá me vou à procura do Amor neste final de Segundo Milênio,

lutando sem medo contra o deus da decadência existencial,

quomodo sempre fiz,

des aquel’outro dia memorável do início de minha vida,

há tantos e tantos e tantos anos atrás,

em Minas Gerais,

enfim, lutando para continuar mulher,

querendo ser ainda bella na terceira idade;

seria bom ser bella

quomodo estas sedutoras atrizes das novelas das oito

da Rede Globo de Televisão do Brasil Varonil,

ainda hoje,

há mais de quarenta anos,

seduzindo seus parceiros de trabalho televisivo

com seus sensuais beijos e olhares langorosos,

belezas eternas,

esqueceram elas a passagem do tempo,

frequentando os especialistas da eterna juventude,

esses vendedores-doutores de ilusão,

privilegiados dos deuses actuais,

esses souberam compactuar com aqueles diferentes anjos habitantes das sombras,

os anjos tortos do poeta mineiro Drummond,

conhecedores quomodo ninguém

de quomodo alegrar as mulheres do Século XX;

por tudo isto,

eis-me aqui,

Diana Athenas Caçadora de Ilusões Já Perdidas,

NESTE 12 DE DEZEMBRO DE 1998,

preste atenção à data!, meu Irmão!,

relembrando Osíris Rolando Lero Amoroso,

aquele que numa tarde de novembro

me disse ser um enviado dos deuses eternais

e meu amador para sempre,

até à morte,

apesar de ser imortal

e tomar o chá dos imortais na Academia Brasileira de Letras;

todavia,

meu Osíris Amoroso Lero Rolando,

divino Osíris,

aquele que sabe quomodo ninguém

alcançar os mais recônditos labirintos do infinito,

falou da boca para fora

e jamais cumpriu seus votos de amor,

jamais me mostrou suas artes marciais

no campo de guerra da sedução ficcional;

assim, eu,

Diana Afrodite Desiludida dos Antigos Deuses Egípcios Eternais,

continuarei cantando,

para sempre,

aqueles versos inventados para ele,

meu longínquo Osíris,

hoje esses versos esquecidos

são a minha lanterna-canção de Lionoreta Brasileira

de França e Portugal e Afeganistão;

eu, Diana Caçadora da Grande Floresta Verde d’Amazônia,

com uma pequenina luzinha,

embarco agora em um avião imaginário

e vou para Campina Grande, Paraíba, Brasil,

descobrir o Nordeste e os nordestinos,

descobrir, quero dizer, um nordestino capitalista

que me faça feliz,

e, quando eu voltar,

no anno de 1992,

estarei flertando com um imberbe budista tibetano,

seguidor religioso do Venerável Dalai Lama,

perdido e encontrado aqui no Brasil,

vinte anos mais novo,

e que poderia, ai! Jesus!, ser meu filho;

no entanto,

o tibetano glabro mostrou-me o caminho da verdadeira felicidade amorosa,

ensinou-me o desapego das coisas terrenas

e a busca da iluminação;

por isto,

eu, Vájira Diamante Forte e Resistente

batizada em 30 de junho de 1990

no Antigo Budismo Teravada

do Olimpo Maravilhoso de Santa Teresa,

do Bairro de Santa Teresa, quero dizer,

eu, Vájira Diamante,

amiga inconteste do Venerável Monge Vipassi

do Manto Dourado,

jamais fui budista,

mas convivo e amo os budistas,

tive essa amizade transcendental

com aquele discípulo de Buda

de outra corrente filosófica, é claro!,

mas nem por isto menos verdadeira;

eu, Vájira Diamante da Antiga Língua Pali dos Budistas Antigos,

continuo a minha viagem,

e espero jamais colocar um ponto final

em minhas aventuras seguras por estes ares poluídos

nunca dantes navegados;

atenção!,

a minha viagem só será pontuada com vírgulas

e voltas necessárias;

depois de 1992,

retomo a minha contra-viagem sem destino final

e recordo 1991, na França,

viajando com o meu Anjo-Guru budista

e intelectual Amazonense Rochel;

não sei o motivo,

a França me pareceu tão exótica;

eu, Odisséia,

habitante do país mais exótico do Universo,

em 1996, morei em Manaus,

o lugar mais exótico do Planeta,

e convivi com índios, caboclos, escorpiões, anacondas e sucuris;

HOJE, 12 DE DEZEMBRO DE 1998,

véspera do dia de Santa Luzia,

minha padroeira,

a padroeira de minha cidade natal

perdida nos confins da Zona da Mata de Minas Gerais,

enfim, repito,

hoje, não quero falar de coisas tristes,

NESTE FINAL DE SÉCULO XX E DE SEGUNDO MILÊNIO,

só as alegrias valem lembranças;

por isto, recordar Paris será glorioso,

principalmente o Hôtel Gerson, 14, rue de la Sorbonne,

onde vivi os momentos mais bellos de minha vida terrena,

ouvindo os suspiros de amor dos parisienses,

eles não têm vergonha de demonstrar em alto som

seus momentos de incríveis paixões,

Paris, de madrugada,

eu, professora do Brasil Varonil,

ouvindo os gemidos de amor de um casal no quarto vizinho,

a amante exaltada gritou de prazer duas horas seguidas,

seu furor uterino espalhado sonoramente na madrugada de Paris,

o amante parisiense amoroso retribuiu com barulhentos beijos estalados;

e também as brigas sexuais dos gatos nos parisienses telhados;

enfim, solitariamente em Paris,

invejando os amantes felizes;

mas o que é isto?!,

sou tremendamente feliz!,

por que invejei o casal desconhecido?!,

sou uma mulher livre

e viajo e canto na hora que bem desejo,

sou uma egocêntrica descendente de Bravas Caçadoras

de Onços Pintados, Jaguatiricos Noturnos e Gatos do Mato de Minas Gerais,

heroína brasileira fragmentada de um mundo fragmentado,

uma mulher-somatório de todas as mulheres-heroínas do Brasil Varonil;

mas de Paris falarei depois, páginas adiante, por certo!,

a minha perspectiva mágica me obriga a pensar o presente,

e o presente agora é um ônibus velho,

viajo agora de ônibus velho em direção a São Gonçalo,

vizinho velhinho de São Sebastião do Rio de Janeiro,

atravesso a incrível Ponte Rio-Niterói,

a Ponte Incomensurável do Destino dos Gloriosos Homens do Brasil Varonil,

misturando-me ao povo brasileiro trabalhador

muito mal remunerado neste final de 1998,

preste atenção!, por favor!,

EU DISSE 1998,

desci temporariamente

do mirante ideológico da imaginação mágico-substancial,

daqui a pouco vestirei a minha farda de Alferes

do tempo de Machado Carioca de Assis,

quero dizer,

o atualmente desvalorizado jaleco formal

de Professora Universitária de Literatura Geral,

na verdade,

um deslumbrante overall azul metálico à moda americana,

para dar aula em São Gonçalo vizinho de São Sebastião;

viajo agora de ônibus velho gaiola dos pobres,

atravessando a Ponte Interminável do Destino Brasileiro,

situada no insólito imaginário-em-aberto dos juízos de descoberta,

sob uma chuva imensa e aterradora, sem fim,

em direção ao infinito dos meus sonhos secretos;

ouço um barulho estranho, assustador, sem igual,

é um velho homem fechando a janela do ônibus velho,

decrépito,

pois teme a chuva a invadir o nosso mundo praláde caótico;

agora, atravessando a Ponte Rodoviária dos Motoristas Intrépidos,

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro nos proteja, amém!,

vou a direção de São Gonçalo do Estado do Rio de Janeiro;

e esta é uma viagem epo-lírica

ou epo-ficcional

ou epo-dramática,

não sei!,

não sei precisar o Gênero Literário Atual

desta minha narrativa enrolada,

espero que não seja epo-paraliterária!,

que Deus me proteja!,

tamanho é o perigo político a nos rodear,

NESTE DIA 12 DE DEZEMBRO DE 1998,

a cerração política

provocada pelo descomunal temporal apocalíptico;

enfim,

graças ao Senhor Deus Onipotente dos Antigos Hebreus,

dos Católicos e Crentes,

no qual acredito deveras,

atravessamos o perigo!;

o Rio Lethes fluminense-brasileiro

em dias ensolarados

é uma baía tão linda!,

 

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