ODISSÉIA MARIA BRASILEIRA - 1998
ODISSÉIA MARIA - PRIMEIRO CANTO - PRIMEIRA
INVOCAÇÃO - 1
NEUZA MACHADO
1a INVOCAÇÃO
Conta-me,
óh! Mercúrio Veloz!!!,
fiel
mensageiro dos deuses mui poderosos
das Idades
Antigas Greco e Romana
e da
Astrologia Pós-Moderna,
NESTE 12 DE
DEZEMBRO DE 1998,
quomodo foi
o passado,
como será o
dia de hoje,
quomodo será
o futuro,
e quomo se
desdobrará
esta minha
insólita e necessária viagem
nesta minha
existência terrena,
esta
incursão transcendental
nos meus
mais íntimos pensamentos?,
conta-me
tudo!;
mostra-me,
óh! Mercúrio Dinâmico Praláde Veloz!!!,
um
epo-lírico-ficcional caminho aéreo-espacial,
certinho,
a esta minha
nova face de mulher de cinquenta,
trabalhadora,
viajante
incessante incansável na vida,
Odisséia Maria dos Últimos Anos do Século XX
e das
Durações Sombreadas
do Segundo
Milênio de Peixes Final,
mas, à
espera expectante do início do Século XXI,
do Terceiro
Milênio Sensacional ... ... ...
ODISSÉIA MARIA - SEGUNDO CANTO - II
NEUZA MACHADO
SEGUNDO
CANTO
DIÁRIO / NARRAÇÃO
... 12 DE
DEZEMBRO DE 1998,
9 horas e 35
minutos,
horário de
Verão no Brasil Varonil,
10 horas e
35 minutos no Relógio Central
do Rio de
Janeiro Sensacional;
a Lua está
em Libra,
o Sol em Sagitário,
Vênus inicia
a sua caminhada
atravessando
os domínios de Capricórnio,
Vênus a
prometer-me,
PARA O ANNO
DE 2009
um grande
amor milionário do ar;
eu,
Odisséia,
de vez em
quando Irinéia,
nasci sob as
bênçãos de Júpiter Patrono
e ele estava
em paz convosco,
óh! divo
Mercúrio!;
ora,
Capricórnio é o meu signo das finanças
voláteis,
volúveis,
e a minha
Vênus Madrinha
do Trabalho
e do Amor,
passeando em
território capricorniano,
não me
faltará desta vez;
e por falar
em Júpiter,
este quase
me deixou na mão;
quando
nasci,
lá pelas
bandas de Minas Gerais,
o praláde
benigno
dos Oráculos
Modernos/Pós-Modernos
estava
naquele momento ensimesmado,
desconfiado
e calado,
domiciliado
temporariamente
no signo de
Escorpião,
e todo
astrólogo que se preze
sabe que
Escorpião
é o Inferno
Astral dos sagitarianos;
entretanto,
a minha
Estrela de Boa Sorte Sagitariana
não me
faltou naquela hora
tão
importante de revelação existencial,
as
Novíssimas Parcas do Século XX,
três
superprotetoras amigas,
seguraram o
corte da linha
divisória
entre o Nada e a Vida,
naquela zona
da mata mineira de abertura,
a que
determina ao ser humano a capacidade de pensar,
para que o
nascimento se desse exatamente
em u’a
madrugada de novembro,
e adivinhe
Você,
Futuro
Leitor destas linhas,
Leitor da
Hora Certa,
Hora de
Revelação
do Mundo
Tenebricosamente Silencioso,
às vezes
estático,
daqui a
alguns anos,
quando
estarei ainda muito viva
e com saúde,
eternamente,
quem estava,
naquele
momento,
pontificando
no céu,
tornando-se
o meu signo ascendente?,
Escorpião;
talvez
Sagitário!;
Júpiter e
Vênus e Mercúrio
estavam ali
unidos, também,
enviando-me
seus fluidos benéficos,
e o mais
importante é que Vênus retrogradava;
o
acontecimento ao invés de prejudicar-me
ajudou-me
horrores e maravilhas;
Vênus,
na Casa Um do
Ascendente
poderia
tornar-me uma mulher sem complexos vitais,
isto, se
estivesse caminhando para frente,
mas isto não
aconteceu,
ela estava
andando para trás,
e,
felizmente,
pude
tornar-me uma mulher
menos
preocupada com os desejos carnais
e mais
preocupada
com as metas
inatingíveis do coração;
então, hoje,
Vênus
Madrinha está em Capricórnio,
minha Casa
Dois do Horóscopo Solar
e Três do
Ascendente,
por certo,
tenho
motivos para me rejubilar,
desta vez,
aquele rico
amor luminoso
e
inatingível
não me
escapará;
é bem
verdade!,
o
inatingível me seduz,
sempre me
seduziu e seduzirá,
mas Vênus
Brilhante não me faltou
na hora do
meu direito de livre-arbítrio,
de decidir
sobre o que fazer da minha vida
naquele
antigo mundo mineiro patriarcal;
mesmo
andando para trás,
Vênus em
Escorpião será sempre
indicadora
de força amorosa,
assim dizem
os Imensuráveis
Incríveis
Magos Adivinhos
do Século
XX;
graças a
Vênus Implexora em Escorpião,
sou uma
mulher-teceloa,
entrelaçando
os fios da substancial imaginação,
fios que se
cruzam
e
entrecruzam com urdidura,
tecendo uma
teia de sonhos e risos sem-fim;
o riso,
óh meu
Leitor do Futuro!,
ainda é a
melhor arma
para
balançar as estruturas hipócritas
deste Final
do Século XX,
de passagem
para o XXI,
mesmo que
você não acredite em mim,
apesar da
PVC e das rugas
e do
desenrolar do tempo,
a PVC,
Você
descobrirá depois,
é o meu
maior problema atualmente,
a
conseqüência natural da Vida,
no entanto,
a partir de
hoje,
terei toda a
probabilidade
de realizar
todos os meus sonhos,
é Vênus
Amorosa Madrinha
afirmando-me
tal prognóstico,
o
super-homem dos meus anelos mais bellos,
ele na casa
dele e eu em minha casa,
em festivos
e intermitentes encontros;
as minhas
viagens vitais, mentais e astrais;
graças a
Vênus Madrinha andando para trás,
possuo a
glória
de ser uma
ilustre desconhecida,
jamais verei
o meu nome inscrito
na calçada
hollywoodiana das estrelas;
quanto a
Júpiter Troante, em Escorpião,
naquele
longínquo Mês de novembro,
HOJE, DIA 12
DE DEZEMBRO DE 1998,
véspera do
dia dedicado à Santa Luzia,
mártir da
Igreja de Roma
e padroeira
de Carangola,
minha Cidade
Natal,
“Santa
Luzia!,
imploro-lhe
que ilumine o meu caminho,
para qu’eu
possa enxergar somente
o itinerário
que leva à santificação da alma”;
hoje, o
Astro Patrono Júpiter Tonitruante
está em
Peixes,
sua Casa
domiciliar,
no passado,
antes da
descoberta de outros planetas,
Sagitário
dividia com Peixes
o privilégio
de hospedar Júpiter,
o Senhor
Todo-Poderoso do Olimpo Romano;
em verdade,
os romanos,
muito espertos,
tomaram Zeus
dos gregos
e o
transformaram em Júpiter,
no entanto,
para mim,
vejo sempre
em Júpiter o poder de Zeus,
o danadinho
usurpador,
o malandro
usurpou o trono de seu pai Saturno;
por falar em
Saturno Severíssimo,
regente de
minha dita Casa Dois do Mapa Solar
e Casa Três
do Ascendente,
hoje em
Áries,
depois de
uma rápida passagem por Touro
NESTE 12 de
DEZEMBRO DE 1998,
mas, como eu
ia contando,
brilhando em
Áries em sentido direto,
naquele
longínquo nascimento estava em Leão,
abrilhantando
a minha Casa 9/10,
não
s’esqueça do meu ascendente!,
juntamente
com Plutão
Especulador
dos Segredos Alheios,
no auge dos
seus treze graus,
no Signo de
Leão,
esticando
seus raios
até Júpiter
Protetor Vigoroso,
a treze
graus de Escorpião,
numa
quadratura
que teria
tudo para sacudir
maleficamente
minha vida,
se não fosse
Júpiter Intrépido
meu guardião
e amigo,
o dito
defendeu-me bravamente
naquele
passado distante,
possibilitando
safar-me das Leis do Destino
e
oferecendo-me o número treze
quomodo
número de sorte,
assim, o
treze entrou em minha vida,
Marte
Corajoso Guerreiro, quero crer,
estava
também a treze graus de Sagitário,
13° ou 14°,
os
astrólogos às vezes se enganam,
um pouco
distante do meu Sol Sagitariano,
meu Sol a 3°
de Sagitário,
graças a
essa pequena distância de 10° não se chocaram;
felizmente,
para mim,
fui batizada
em 13 de julho, noivei em 13 de junho,
casei-me com
um homem nascido em 13 de junho,
em um 31 de
dezembro,
a primeira
filha de 13 de novembro,
e permiti-me
continuar cultuando o número 13,
sem nunca
temer a sua força purificadora,
olhando-o
sempre como símbolo de renovação,
no Tarot,
não vejo o
lado negativo deste número de superstição,
observo
apenas os aspectos positivos;
lá se vão
meio século e dois anos de vida,
com uma
Carta Astral predicando
uma
quadratura exata entre Plutão e Júpiter,
a 13° (treze
graus),
no entanto,
tal
quadratura nunca me prejudicou,
conheci uma
caminhada de vida dificultosa, sim,
mas sempre
realizei insólitos e implexores pensamentos,
outros
teriam renunciado ante a quantidade de obstáculos;
assim aqui
vou eu,
Odisséia
Maria,
ou Circe
Irinéia Capitulina do Brasil,
viajando em
mim mesma,
descobrindo,
sempre,
os astros
não são os donos do destino de um ser humano,
existe o
livre-arbítrio nos dias atuais;
e milhões de
bolas de ar para o destino pagão,
sou católica
romana e creio em Deus Pai,
mas não
deixo de perscrutar o futuro;
a minha
realidade de habitante de um mundo caótico,
participante
ativa de uma mudança de século e de milênio,
me leva a
pensar no amanhã
e
massifica-me com estas revistas de horóscopo
espalhadas
por aí,
enfim, não
deixo de perscrutar o Futuro Sem-Muro,
ele é uma
incógnita,
o atual
Futuro Inseguro
DESTE FINAL
DE 1988,
e o que
seria de mim,
Matusalém,
se não
tivesse o ópio dos Oráculos do Final do Milênio,
FINAL DO
SÉCULO XX,
a ajudar-me
a enfrentar o porvir
e a buscar
cada vez mais uma distração
para a minha
vida agitada
aqui nesta
Terra Azulinda;
ODISSÉIA MARIA - TERCEIRO CANTO - III
NEUZA MACHADO
TERCEIRO
CANTO
...mas,
quomodo ia contando,
sou Odisséia
Maria Intelectual Sertaneja,
uma
hétero-descendente de Bravos Caçadores Mui Machos
de Onças
Pintadas
e
Jaguatiricas Noturnas
e Gatas do
Mato
e de
Mineiras Matronas Mui Fêmeas,
Caçadoras
também de Onços Pintados
e
Jaguatiricos Noturnos
e Gatos do
Mato,
Mineiras
Cozinheiras Fagueiras
do Leste de
Minas Gerais do Brasil Varonil,
uma viajante
interiorizada destes annos finais do Século XX,
DESTE FINAL
DE NOVENTA E OITO, PRESTE ATENÇÃO!,
NOVENTA E
OITO DE AZARAÇÕES MUI POLÍTICAS;
leitora
amadora de Gabriel Garcia Marquez;
amante
delirante de escritores hispânicos;
do uruguaio
Juan Onetti;
daquele divo
escrivinhador que foi casado com a tia Júlia,
tia dele,
prest’atenção!,
aquele
escreveu sobre a Guerra de Canudos acontecida no Brasil,
sem ser
brasileiro,
sem ter
vivenciado a tal Guerra,
o
pós-moderno genial e bellíssimo Mario Vargas Llosa;
leitora de
Jorge Luís Borges, o divino argentino;
e tantos
outros divinos latinos;
eles, os
latinos, me seduziram nesses anos todos,
ficcionalmente,
press’tenção!,
quero dizer;
incluindo
aqueles escritores franceses
e
brasileiros
e
portugueses
mui loucos
dos anos 50 e 60 e 70;
eu, leitora
e amante de escritores latinos
começo hoje
uma insólita e incrível viagem,
NESTE DIA 12
DE DEZEMBRO DE 1998,
sabendo
sempre pitonisamente,
para viver
um Singular Grande Amor Imaginário,
durante esta
minha epo-viagem replecta de ficção e lirismo,
será
necessário,
antes de
tudo,
sagrar-me
Odisséia Maria Guerreira,
a enfrentar
os moinhos de vento do Reino do Ão e do Reino dos Ões,
amar o
divino Vinícius,
o divino
Cervantes
e o divino
Camões,
perscrutando
minha mente favorecida,
graças aos
favores daqueles deuses de Hammurabi
Sétimo Rei
de Babilônia,
os quais na
hora do meu nascimento
pronunciaram
com muito muitíssimo respeito o meu nome,
benfazejamente,
é claro!,
perscrutando
meu sólido coração cinqüentão
ainda aberto
para o telúrico amor,
perscrutando
minha realidade terceiromundista avassaladora;
por tais
motivas reais
totalmente
avassalada,
desestruturada,
massificada,
desequilibrada,
lá vou eu,
Circe Irinéia dos Anjos Guerreiros Antigos,
voando atrás
de Ulysses da Silva Ponderoso,
querendo
prender Ulysses em minha Ilha Mágica,
singrando
estes ficcionais ares poluídos
nunca dantes
navegados por nenhum avião de carreira,
mas ansiosa
por chegar a um aeroporto seguro,
sem poluição
atmosférica ou mesmo da mídia atual,
com a ajuda
de Vênus Maravilhosa Madrinha do Trabalho
e do Amor
Redentor em Capricórnio;
e Mercúrio
Carteiro Mensageiro dos Deuses Eternais
novamente
direto em Sagitário,
NESTE DIA
MEMORÁVEL DE 12 DE DEZEMBRO DE 1998,
prest’
tençããão! à data, meu Irmão!,
quando
inicio esta epo-ficcional-fantástica viagem em meu próprio interior;
talvez,
James Joyce, no início deste século XX,
com o seu Ulysses volumoso,
em apenas um
dia tenha feito uma caminhada mais agradável,
mas não sou
James Joyce,
não sou
Clarice Pernambucana Lispector,
não sou
Murilo Mineiro Rubião,
não sou
Roberto Mineiro Drummond
e tantos
outros portentosos divinosos,
eles souberam
narrar com criatividade
seus
incríveis desencontros com a realidade caótica do Século XX,
e, óh!!!,
coitadinha de mim!!!,
estou apenas
tentando descrever aqui
esta minha
aérea viagem já agora iniciada,
e seja o que
Deus quiser!,
pois quomodo
dizia o divo Machado Carioca Escritor e Poeta,
o que fica
realmente da espécie humana
é a glória
de ter vivido aqui nesta Terrinha Azulinda;
por isto,
retomando o
fio de Ariadne Aranha da Teia Esburacada,
lá me vou à
procura do Amor neste final de Segundo Milênio,
lutando sem
medo contra o deus da decadência existencial,
quomodo
sempre fiz,
des
aquel’outro dia memorável do início de minha vida,
há tantos e
tantos e tantos anos atrás,
em Minas
Gerais,
enfim,
lutando para continuar mulher,
querendo ser
ainda bella na terceira idade;
seria bom
ser bella
quomodo
estas sedutoras atrizes das novelas das oito
da Rede
Globo de Televisão do Brasil Varonil,
ainda hoje,
há mais de
quarenta anos,
seduzindo
seus parceiros de trabalho televisivo
com seus
sensuais beijos e olhares langorosos,
belezas
eternas,
esqueceram
elas a passagem do tempo,
frequentando
os especialistas da eterna juventude,
esses
vendedores-doutores de ilusão,
privilegiados
dos deuses actuais,
esses
souberam compactuar com aqueles diferentes anjos habitantes das sombras,
os anjos
tortos do poeta mineiro Drummond,
conhecedores
quomodo ninguém
de quomodo
alegrar as mulheres do Século XX;
por tudo
isto,
eis-me aqui,
Diana
Athenas Caçadora de Ilusões Já Perdidas,
NESTE 12 DE
DEZEMBRO DE 1998,
preste
atenção à data!, meu Irmão!,
relembrando
Osíris Rolando Lero Amoroso,
aquele que
numa tarde de novembro
me disse ser
um enviado dos deuses eternais
e meu amador
para sempre,
até à morte,
apesar de
ser imortal
e tomar o
chá dos imortais na Academia Brasileira de Letras;
todavia,
meu Osíris
Amoroso Lero Rolando,
divino
Osíris,
aquele que
sabe quomodo ninguém
alcançar os
mais recônditos labirintos do infinito,
falou da
boca para fora
e jamais
cumpriu seus votos de amor,
jamais me
mostrou suas artes marciais
no campo de
guerra da sedução ficcional;
assim, eu,
Diana
Afrodite Desiludida dos Antigos Deuses Egípcios Eternais,
continuarei
cantando,
para sempre,
aqueles
versos inventados para ele,
meu
longínquo Osíris,
hoje esses
versos esquecidos
são a minha
lanterna-canção de Lionoreta Brasileira
de França e
Portugal e Afeganistão;
eu, Diana
Caçadora da Grande Floresta Verde d’Amazônia,
com uma
pequenina luzinha,
embarco
agora em um avião imaginário
e vou para Campina
Grande, Paraíba, Brasil,
descobrir o
Nordeste e os nordestinos,
descobrir,
quero dizer, um nordestino capitalista
que me faça
feliz,
e, quando eu
voltar,
no anno de
1992,
estarei
flertando com um imberbe budista tibetano,
seguidor
religioso do Venerável Dalai Lama,
perdido e
encontrado aqui no Brasil,
vinte anos
mais novo,
e que
poderia, ai! Jesus!, ser meu filho;
no entanto,
o tibetano
glabro mostrou-me o caminho da verdadeira felicidade amorosa,
ensinou-me o
desapego das coisas terrenas
e a busca da
iluminação;
por isto,
eu, Vájira
Diamante Forte e Resistente
batizada em
30 de junho de 1990
no Antigo
Budismo Teravada
do Olimpo
Maravilhoso de Santa Teresa,
do Bairro de
Santa Teresa, quero dizer,
eu, Vájira
Diamante,
amiga inconteste
do Venerável Monge Vipassi
do Manto
Dourado,
jamais fui
budista,
mas convivo
e amo os budistas,
tive essa
amizade transcendental
com aquele
discípulo de Buda
de outra
corrente filosófica, é claro!,
mas nem por
isto menos verdadeira;
eu, Vájira
Diamante da Antiga Língua Pali dos Budistas Antigos,
continuo a
minha viagem,
e espero
jamais colocar um ponto final
em minhas
aventuras seguras por estes ares poluídos
nunca dantes
navegados;
atenção!,
a minha
viagem só será pontuada com vírgulas
e voltas
necessárias;
depois de
1992,
retomo a
minha contra-viagem sem destino final
e recordo
1991, na França,
viajando com
o meu Anjo-Guru budista
e
intelectual Amazonense Rochel;
não sei o
motivo,
a França me
pareceu tão exótica;
eu,
Odisséia,
habitante do
país mais exótico do Universo,
em 1996,
morei em Manaus,
o lugar mais
exótico do Planeta,
e convivi
com índios, caboclos, escorpiões, anacondas e sucuris;
HOJE, 12 DE
DEZEMBRO DE 1998,
véspera do
dia de Santa Luzia,
minha
padroeira,
a padroeira
de minha cidade natal
perdida nos
confins da Zona da Mata de Minas Gerais,
enfim,
repito,
hoje, não
quero falar de coisas tristes,
NESTE FINAL
DE SÉCULO XX E DE SEGUNDO MILÊNIO,
só as
alegrias valem lembranças;
por isto,
recordar Paris será glorioso,
principalmente
o Hôtel Gerson, 14, rue de la Sorbonne,
onde vivi os
momentos mais bellos de minha vida terrena,
ouvindo os
suspiros de amor dos parisienses,
eles não têm
vergonha de demonstrar em alto som
seus
momentos de incríveis paixões,
Paris, de
madrugada,
eu,
professora do Brasil Varonil,
ouvindo os
gemidos de amor de um casal no quarto vizinho,
a amante
exaltada gritou de prazer duas horas seguidas,
seu furor
uterino espalhado sonoramente na madrugada de Paris,
o amante
parisiense amoroso retribuiu com barulhentos beijos estalados;
e também as
brigas sexuais dos gatos nos parisienses telhados;
enfim,
solitariamente em Paris,
invejando os
amantes felizes;
mas o que é
isto?!,
sou
tremendamente feliz!,
por que
invejei o casal desconhecido?!,
sou uma
mulher livre
e viajo e
canto na hora que bem desejo,
sou uma
egocêntrica descendente de Bravas Caçadoras
de Onços
Pintados, Jaguatiricos Noturnos e Gatos do Mato de Minas Gerais,
heroína
brasileira fragmentada de um mundo fragmentado,
uma
mulher-somatório de todas as mulheres-heroínas do Brasil Varonil;
mas de Paris
falarei depois, páginas adiante, por certo!,
a minha
perspectiva mágica me obriga a pensar o presente,
e o presente
agora é um ônibus velho,
viajo agora
de ônibus velho em direção a São Gonçalo,
vizinho
velhinho de São Sebastião do Rio de Janeiro,
atravesso a
incrível Ponte Rio-Niterói,
a Ponte
Incomensurável do Destino dos Gloriosos Homens do Brasil Varonil,
misturando-me
ao povo brasileiro trabalhador
muito mal
remunerado neste final de 1998,
preste
atenção!, por favor!,
EU DISSE
1998,
desci
temporariamente
do mirante
ideológico da imaginação mágico-substancial,
daqui a
pouco vestirei a minha farda de Alferes
do tempo de
Machado Carioca de Assis,
quero dizer,
o atualmente
desvalorizado jaleco formal
de
Professora Universitária de Literatura Geral,
na verdade,
um
deslumbrante overall azul metálico à moda americana,
para dar
aula em São Gonçalo vizinho de São Sebastião;
viajo agora
de ônibus velho gaiola dos pobres,
atravessando
a Ponte Interminável do Destino Brasileiro,
situada no
insólito imaginário-em-aberto dos juízos de descoberta,
sob uma
chuva imensa e aterradora, sem fim,
em direção
ao infinito dos meus sonhos secretos;
ouço um
barulho estranho, assustador, sem igual,
é um velho
homem fechando a janela do ônibus velho,
decrépito,
pois teme a
chuva a invadir o nosso mundo praláde caótico;
agora,
atravessando a Ponte Rodoviária dos Motoristas Intrépidos,
Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro nos proteja, amém!,
vou a
direção de São Gonçalo do Estado do Rio de Janeiro;
e esta é uma
viagem epo-lírica
ou
epo-ficcional
ou
epo-dramática,
não sei!,
não sei
precisar o Gênero Literário Atual
desta minha
narrativa enrolada,
espero que
não seja epo-paraliterária!,
que Deus me
proteja!,
tamanho é o
perigo político a nos rodear,
NESTE DIA 12
DE DEZEMBRO DE 1998,
a cerração
política
provocada
pelo descomunal temporal apocalíptico;
enfim,
graças ao
Senhor Deus Onipotente dos Antigos Hebreus,
dos
Católicos e Crentes,
no qual
acredito deveras,
atravessamos
o perigo!;
o Rio Lethes
fluminense-brasileiro
em dias
ensolarados
é uma baía
tão linda!,
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