“ONDE VOCÊ ESTAVA EM 11 DE SETEMBRO DE 2001?”
NEUZA MACHADO
Naquela terça-feira (11/09/2001), meus alunos e eu estávamos no Laboratório de Informática do Campus Barra da Tijuca da Universidade Castelo Branco. Eu havia reservado a sala de computação para explicar aos meus alunos de Teoria da Literatura as normas técnicas de um formato-padrão para a elaboração de monografias. Naquele momento, meus alunos de Letras estavam compenetrados na preparação de seus trabalhos dissertativos de final de curso.
Vale lembrar que eu, à época, enquanto professora de graduação em Letras, estava me familiarizando com a nova linguagem do Windows XP 2000, procurando interagir autodidaticamente com a referida linguagem. Os meus alunos daquele curso pouco sabiam a respeito de informática. A cada impasse, eu e os alunos pedíamos o auxílio de um funcionário ligado ao Curso de Computação da Universidade. Ressalvo que o conhecimento do uso da linguagem de informática, de um modo geral, naquele momento, especialmente aqui no Brasil, era mais comum nas instituições de nível superior e nas empresas públicas e privadas.
Não será demais lembrar que, naquele ano de 2001, a conquista da nova tecnologia e o acesso à Internet eram tão custosos, que o uso doméstico do computador não alcançava a maioria das famílias. O sonho de possuir a nova tecnologia sequer passava pela cabeça da maior parte da população brasileira.
Mas, voltando ao assunto do 11 de setembro de 2001, uma aluna pesquisava na Internet dados para a sua monografia (não me lembro bem de seu nome, mas penso que se chamava Sônia), quando a mesma, por volta das 10 horas e 15 minutos aproximadamente – horário de Brasília –, gritou anunciando a queda da primeira torre do World Trade Center: “— Geeente! Meu Deus do Céu! Um avião colidiu neste exato momento com uma das torres gêmeas do World Trade Center. Meu Deus! O prédio está desmoronando! Todos os que estão lá não vão escapar da morte! Meu Jesus! Meu Deus!” As palavras de minha aluna e aquele acontecimento inacreditável foram tão marcantes que até hoje estão nítidos em minha memória.
Ante as exclamações e invocações angustiadas de minha aluna, a aula terminou abruptamente e todos nós passamos a acompanhar o desenrolar da trágica destruição das torres. Logo em seguida, um outro avião atingiu a segunda torre. Foi quando nos conscientizamos que não se tratava de uma ocorrência acidental aérea, mas, desditosamente, de um atentado terrorista.
Aqui no Brasil, em uma terça-feira, 11 de setembro de 2001, hipnotizados, diante de vários computadores, ícones da Nova Era, impotentes diante daquela visão apocalíptica, distantes geograficamente do local da tragédia, repletos de angustiante tensão, meus alunos e eu – por intermédio da Internet – fomos testemunhas oculares de um fato histórico.
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