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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CARTA TRANSCENDENTAL A STEFAN ZWEIG NO DIA DE SEU ANVERSÁRIO


CARTA TRANSCENDENTAL A STEFAN ZWEIG NO DIA DE SEU ANIVERSÁRIO

NEUZA MACHADO

Nesta data que seria a de seu aniversário natalício, registro meus sinceros agradecimentos por você ter acreditado no potencial de meu país. Quando a guerra começou em 1939, e a Europa vivia um momento de cegueira racial, você, um homem de visão, logo depois veio morar aqui no Brasil e soube vislumbrar o que muitos homens de saber não souberam aquilatar: que um país de mestiços poderia deixar sua condição de país naturalmente rico (suas riquezas naturais) para assumir uma posição de destaque político perante outras poderosas potências. Muito lhe agradeço pela confiança. Apenas lamento profundamente o fato de você não estar vivo para desfrutar as maravilhas ocorridas aqui no Brasil. Maravilhas que se iniciaram no final do ano de 2002, quando os mestiços brasileiros se rebelaram contra os senhores-de-engenho e conseguiram colocar na Presidência da República um operário metalúrgico (aquele idealista que você previu com muitíssimo acerto: “No Brasil, há possibilidades de assentar gente em dimensões que um idealista talvez soubesse estimar melhor do que um estatístico”). Esse inigualável representante do povão brasileiro – o Ex-Presidente do Brasil, de 2003 a 2010, Luís Inácio Lula da Silva – teve de enfrentar a pequena e preconceituosa elite brasileira (principalmente a elite de São Paulo), que se dizia dona do poder, e que somente o aceitou (naquele momento da eleição do final de 2002) porque pensava estar entregando ao "mestiço" um país sem futuro (em época de recessão mundial). Graças a Deus, caríssimo Amigo Zweig, tudo o que você previu, começou a acontecer, desde o ano da reviravolta histórica (final de 2002), e, apesar dos percalços (acredite, ainda há percalços a enfrentar, a elite, principalmente a de São Paulo, não se conforma com o sucesso do Presidente Metalúrgico), nosso povo poderá seguir adiante construindo o Futuro que você previu.


BRASIL: PAÍS DO FUTURO

Stefan Zweig

“O Brasil, cujo território é de longe o maior da América do Sul, maior até do que os Estados Unidos da América do Norte, é hoje uma das mais importantes reservas – se não a principal – do futuro do nosso mundo. Aqui temos uma riqueza inestimável em solos que jamais conheceram o cultivo e, no subsolo, minérios e tesouros que não foram explorados ou quase não foram descobertos. No Brasil, há possibilidades de assentar gente em dimensões que um idealista talvez soubesse estimar melhor do que um estatístico. A diversidade dos cálculos para saber se este país, que hoje conta aproximadamente cinquenta milhões de habitantes, poderia comportar quinhentos, setecentos ou novecentos milhões com uma densidade populacional normal dá uma noção para avaliar o que o Brasil poderia ser daqui a um século, talvez já daqui a algumas décadas, no nosso cosmo. Com prazer subscrevemos a afirmativa de James Bryce: ‘Nenhum grande país do mundo que pertença a uma raça europeia possui semelhante abundância de terras para o desenvolvimento da existência humana e de uma indústria produtiva'.

Com a forma de uma harpa gigantesca, curiosamente redesenhando, com seus limites, os contornos do continente sul-americano, este país é tudo ao mesmo tempo: montanhas e litoral, planícies, florestas, pântanos, e é fértil em quase todas as zonas. Seu clima varia em todas as transições – do tropical ao subtropical e para o temperado; sua atmosfera é ora úmida, ora seca, marítima ou alpina. Zonas pouco chuvosas se alternam com regiões ricas em chuva, oferecendo, com isso, as possibilidades de uma vegetação mais variada.

O Brasil possui os rios mais caudalosos do mundo ou os alimenta, como o Amazonas e o Rio da Prata. Suas montanhas lembram os Alpes em alguns trechos e se elevam até três mil metros, com zonas nevadas, no caso do seu pico mais alto, o Itatiaia. Suas grandes quedas d’água – Iguaçú e Sete Quedas – superam em força a de Niágara, bem mais famosa, e estão entre as maiores reservas hidrelétricas do mundo. Suas cidades, como o Rio de Janeiro e São Paulo, ainda em pleno crescimento fantástico, já rivalizam com as europeias em luxo e beleza. Todas as formas de paisagem variam diante do olhar sempre fascinado, e a multiplicidade de sua fauna e flora há séculos garante aos cientistas sempre novas surpresas. Só a lista de suas espécies de pássaros é capaz de encher compêndios inteiros de catálogos, e cada nova expedição volta com centenas de novas espécies descobertas. Só o futuro desvendará o que jaz oculto sob o solo na forma de possibilidades latentes de minérios.

Certo é que as maiores reservas de minérios de ferro do mundo esperam aqui intactas, suficientes para abastecer toda a nossa terra durante séculos, e que não falta a este gigantesco país uma só espécie de minério, rocha ou planta. Por tudo que se tenha feito nos últimos anos para ordenar tudo isso, a verificação e a avaliação verdadeiras aqui ainda estão no começo, antes do começo decisivo. Por isso, é preciso repetir sempre: graças ao fato de ser virgem e tão amplo, este enorme país significa, para o nosso mundo apinhado de gente, muitas vezes já fatigado, esgotado, uma das maiores esperanças – e talvez a esperança mais justificada.

A primeira impressão deste país é de uma opulência desconcertante. Tudo é intenso – o sol, a luz, as cores. O azul do céu é mais retumbante, o verde, mais profundo e saciado, a terra, mais compacta e roxa – nenhum pintor seria capaz de encontrar em sua paleta matizes mais ardentes, ofuscantes, cintilantes do que os das plumas dos pássaros, das asas das borboletas. A natureza sempre se supera: nos temporais que rasgam os céus com seus raios estrondosos, nas chuvas que se precipitam como rios selvagens e na vegetação que em poucos meses se transforma em verdes e densos matagais. Mas também o solo, intacto há séculos e milênios e ainda não desafiado a mostrar seu pleno desempenho, responde a cada apelo com uma força quase inacreditável. Quando nos lembramos do esforço, do martírio, da habilidade, da tenacidade a que é preciso recorrer na Europa para que se possa extrair flores ou frutas de um campo, aqui, ao contrário, encontramos uma natureza que precisa ser domada para que não se desenvolva de forma demasiado selvagem e impetuosa. Aqui, o crescimento não necessita ser estimulado, e sim contido, para que em sua bárbara impetuosidade não sufoque o que é plantado pelo homem. Espontaneamente, sem que sejam necessários cuidados especiais, crescem as árvores e os arbustos que fornecem alimentos a uma grande parte da população – banana, manga, mandioca, abacaxi. E cada nova planta e árvore frutífera trazidas de outros continentes usam e abusam deste húmus virgem.

Tamanha impetuosidade e boa vontade – quase poderia se dizer: generosidade – com que esta terra responde a cada experiência que se tenta fazer com ela, paradoxalmente se transformou várias vezes em perigo para sua economia. Com sequência quase regular ocorreram crises de superprodução, unicamente porque tudo era muito rápido e simples. O episódio em que sacas de café foram lançadas ao mar, no século XX, é o exemplo mais recente. Cada vez que o Brasil começa a produzir alguma coisa, precisa se auto impor barreiras, a fim de evitar a superprodução. Por isso a história econômica do Brasil é cheia de mudanças surpreendentes, e talvez seja até mais dramática do que sua história política, pois geralmente o caráter econômico de um país é determinado inequivocamente desde o começo: cada país toca um instrumento, e o ritmo não muda essencialmente ao longo dos séculos. Um país é agrícola, outro extrai sua riqueza da madeira ou do minério, o terceiro, da pecuária. A linha da produção pode oscilar para cima ou para baixo, mas de um modo geral a direção permanece a mesma. O Brasil, ao contrário, é um país das constantes transformações e das mudanças bruscas. Na verdade, cada século produziu uma característica econômica diferente, e no decorrer desse drama, cada ato tem um nome: ouro ou açúcar, café, borracha ou madeira. Em cada século, em cada meio século, o Brasil revelou sempre uma nova e diferente surpresa quanto a seus abundantes recursos.”

ZWEIG, Stefan. Brasil, um país do futuro. Tradução de Kristina Michahelles. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: L&PM, 2006: 78 - 81.

domingo, 20 de novembro de 2011

PARA UMA PROFUNDA REFLEXÃO NESTE DIA 20 DE NOVEMBRO DEDICADO À CONSCIÊNCIA NEGRA: NAVIO NEGREIRO, CASTRO ALVES


PARA UMA PROFUNDA REFLEXÃO NESTE DIA 20 DE NOVEMBRO DEDICADO À CONSCIÊNCIA NEGRA: NAVIO NEGREIRO, CASTRO ALVES

NEUZA MACHADO

Nesta data – 20 de Novembro de 2011 –, apresento aqui neste meu Blog alguns trechos do longo poema “Navio Negreiro” de Castro Alves (considerado como Poeta da Estética Romântica), buscando provar que a Literatura-Arte, muito mais que a História Oficial, é o veículo íntegro que nos mostra os acertos ou erros do Passado Histórico de um Povo.

Para que os meus Amigos-Leitores possam repensar este Dia 20 de Novembro dedicado à Consciência Negra, para que possam repensar a muito mal contada História do Brasil, e para que possam repensar os preconceitos sociais que aqui se alastraram desde os anos iniciais da colonização.

NAVIO NEGREIRO

Castro Alves

I

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar, em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...

..........................................................

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.


II


Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.

Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!

O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!

Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...


III


Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!


IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...


V


Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .

São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...

Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...


VI


Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

sábado, 19 de novembro de 2011

QUE DEUS PROTEJA SEMPRE A BANDEIRA BRASILEIRA


QUE DEUS PROTEJA SEMPRE A BANDEIRA BRASILEIRA!

NEUZA MACHADO

No meu tempo de menina, no Grupo Escolar de uma cidadezinha de Minas Gerais, o dia 19 de Novembro era plenamente celebrado. Naquela data, muito especial, as crianças iam para a Escola sabendo que seria um dia de festa. A Diretora da Escola ― Dona Mariinha ― solenemente hasteava a Bandeira Nacional e todos os alunos, pais e professoras perfilados, com a mão direita espalmada no lado do coração, cantavam o Hino à Bandeira Brasileira. Era um grande momento de confraternização, alegria e, principalmente, de amor à Pátria e ao nosso Símbolo.

Depois da homenagem, iniciavam-se as apresentações infantis: cantos, declamações de poesias relacionadas com o evento, discursos (previamente preparados pelas professoras e lidos pelos alunos mais desembaraçados), pequenas encenações infantis, etc. Cada professora, de cada turma, se esmerava em preparar seus alunos para o dia da festa que, de certa forma, finalizava também mais uma etapa do ano escolar.

Naquela época, aprendíamos na Escola a respeitarmo-nos mutuamente (graças a Deus e às nossas Professoras, não percebíamos ali qualquer traço de preconceito, fosse racial ou social), aprendíamos a respeitar o nosso Solo Brasileiro (tão amado!), aprendíamos a respeitar a nossa Bandeira (para nós, um símbolo sagrado), e aprendíamos também a respeitar o Dirigente da Nação (naquele tempo um Presidente da República não podia, em hipótese alguma, ser destratado).

Nos oito anos de governo do Ex-Presidente Lula – o mais notável Presidente que o Brasil já teve –, o que eu ouvi de opositores (que por sinal se beneficiaram financeiramente, e muito!!!, sob a sua segura gestão) e o que tomei conhecimento do que se publicava nos jornais e revistas do PIG (Partido da Imprensa Golpista), desmerecendo o nosso Presidente Metalúrgico, prefiro não comentar aqui, nesta minha página do Blog.

E neste décimo primeiro ano do início do Terceiro Milênio, já não percebo mais o antigo respeito (inclusive, em relação a nossa atual Presidenta Dilma Rousseff). Com a globalização, infelizmente, não há mais espaço para os sentimentos de patriotismo. Percebo que as comemorações já não possuem a mesma força de antes, a mesma paixão. A mídia televisiva do PIG e principalmente alguns cidadãos politicamente opositores promovem comportamentos desrespeitosos: contra o Brasil, contra os Símbolos da Nação (a bandeira brasileira já se encontra desvalorizada), contra o Ex-Presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores, e que muito fez pelo engrandecimento do Brasil, e agora contra a Presidenta Dilma Rousseff (o PIG não vê a hora de arrancá-la da Presidência).

Com muita vergonha e tristeza, nesses nove anos de governo popular, escutei muitos desaforos proferidos contra a pessoa do Presidente Lula e, agora, contra a Presidenta Dilma, e li a entrevista preconceituosa de um conceituado poeta brasileiro a um jornal de Portugal, falando mal em público (e pior ainda, no estrangeiro) do seu próprio Presidente (por ocasião das eleições de outubro). Fiquei envergonhada! Foi decepcionante para mim, que por muitas vezes li e analisei os poemas desse renomado poeta em sala de aula, ler o elitizado parecer dele, a desmerecer o Presidente Lula, não se pejando em demonstrar a sua opinião particular ao mundo globalizado (como se a sua opinião bastasse para que o mundo todo se voltasse contra o Presidente Brasileiro de origem humilde, naquele momento, depois de oito anos de bom governo, ostensivamente rejeitado por ele). Também tomei conhecimento das ofensas (lixo puro!) de alguns comediantes das Redes de Televisão ligadas ao PIG, de jornalistas de certas revistas que se querem famosas, debochando de um grande e impoluto homem, cuja mácula, para eles evidentemente, foi o de ser um Presidente representante da camada popular (gloriosamente amado pelo Povão), mas que, graças a Deus, soube governar corajosamente e muitíssimo bem o Brasil por oito anos consecutivos (já que, com a Presidência sob o comando de Lula, eles esperavam o pior para o Brasil e o melhor para os próprios bolsos).

E hoje — 19 de Novembro de 2011 — estou aqui novamente (penso que ainda solitariamente entre alguns outros solitários) a lembrar-me que a data sinaliza uma homenagem à nossa Bandeira. As possíveis homenagens formais, que serão exibidas por alguns jornais, revistas e noticiários televisivos, adeptos do PIG, não traduzirão a essência patriótica dos 90% de brasileiros que aprovaram e aprovam o Governo Petista e almejam ver o crescimento de uma verdadeira democracia em nosso país.

HINO À BANDEIRA BRASILEIRA

Musica: Francisco Braga
Versos: Olavo Bilac

Salve lindo pendão da esperança,
Salve símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz

Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul...

Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil!

Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amado,
poderoso e feliz há de ser

Recebe o afeto que se encerra,
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil!

Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

18 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 9


Esta minha Epístola aos Homens do Futuro (não s'esqueçam da data!) foi escrita em:

18 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 9

NEUZA MACHADO

Inesquecíveis Amigos e Amigas do Futuro Sem-Muro do Imenso e Grandioso Brasil Varonil! Hoje, 18 de Novembro de 2001 (não s’esqueçam da Data desta Cartinha!), quase finalizando o Primeiro Anno do Terceiro Milênio, lembrei-me de informar-lhes algo muito importante. Eu e meus Contemporâneos vivemos ainda sob as Ordens do Impositivo Patriarcalismo Imemorial. O Mátrio Poder, por enquanto, ainda não conseguiu o almejado e total sucesso em sua luta pela igualdade entre Homens e Mulheres (espero confiante que no Tempo de Vocês já exista o Mátrio Poder). Conto-lhes isso, porque, até o momento, sempre direcionei minhas Cartinhas aos Homens do Futuro, aparentemente, excluindo as Mulheres. Quero que saibam o motivo: quando me refiro aos Homens do Futuro, estou, também, incluindo as Valerosas Mulheres do Tempo Vindouro (as Valerosas Mulheres do Tempo de Vocês). Ocorre que, neste meu tempo, neste 18 de Novembro de 2001 (não s’esqueçam da Data, por favor!), ao nos referirmos aos seres humanos ― Homens e Mulheres ―, de qualquer Era deste nosso Mundo Rotundo, enlaçamo-os em uma só Categoria Genética. Por exemplo: os Homens do Passado eram fortes e corajosos (em outras palavras: os Homens e as Mulheres do passado eram fortes e corajosos).

Neste dia 18 de Novembro de 2001 (prestem atenção à Data, por favor!), procurarei explicar-lhes, da melhor forma possível, o motivo de minhas elucubrações sobre o Assunto em questão. Dei-me conta, de repente, da possibilidade das Mulheres do Futuro se rebelarem contra mim, tachando-me de adepta inconteste do Poder Patriarcal. Desde o início da Semana (a segunda-feira já passada; neste Anno de 2001, a segunda-feira se caracteriza quomodo o início da semana) venho cogitando o assunto desta minha cartinha. E se as mulheres forem as Supremas e Poderosas mandatárias aí no tempo futuro de Vocês, Meus Amigos do Futuro Sem-Muro do Brasil Varonil? Quem lerá o meu missivo dominical, se elas se acharem desprestigiadas aqui nesta humilde Epístola Semanal?

Por esta razão, depois das explicações necessárias, neste meu 18 de Novembro de 2001, quero que as minhas Poderosas Amigas do Amanhã saibam que, daqui para frente, todas as notícias de meu Agorá (esta Praça da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro) serão endereçadas às Mulheres e Homens do Futuro. Infelizmente, não sou pitonisa (não sei, neste meu momento de 2001, se as Mulheres do Futuro Brasileiro serão respeitadas), não adivinho nada!, e quero agradar aos Gregos e às Troianas que se encontram no Porvir aí de Vocês (mesmo que esse Porvir se localize no meu próprio Amanhã). Agora, depois de minhas sinceras desculpas às minhas Amigas do Futuro Brasileiro Sem-Muro, passarei a narrar-lhes as principais ocorrências da Semana que passou (desde o dia 11 de Novembro de 2001 até este 18 de Novembro de 2001).

Meus Amigos do Grandioso Futuro Brasilês (Homens e Mulheres), em uma outra Cartinha, falei-lhes que o meu Brasil Varonil é considerado o País do Futebol. Neste Anno de 2001, gostar de futebol faz parte de nossa realidade. Endeusar nossos jogadores, também. Com isto, esquecemos nossos hodiernos problemas sociais, nossas angústias existenciais, as Inúmeras Guerras que nos cercam (este anno tooodo de 2001 foi terrível; pesquisem aí na Maravilhosa Internet de Vocês; saibam separar o joio do trigo, não sejam preguiçosos!).

Imaginem Vocês! Homens e Mulheres do Abençoado Futuro do Brasil!, neste meu Momento Histórico, neste 18 de Novembro do Anno de 2001, (Nós, os Brasileses) fingimos que não há Guerra no Brasil Varonil. Aqui, neste Mês de Novembro de 2001, para a Maior Parte do Povo Brasilês existe uma Dolorosa Guerra: há a batalha diária pela sobvivência (ou subvivência, se Vocês preferirem!). Há um percentual pequeno que vive dignamente (são os muuuuuuito ricos); há um outro percentual, também pequeno, que sobrevive (são os oriundos da Antiga Classe Média); e há, em graaaaaande quantidade, os sobviventes (são os que sobvivem ou subvivem em meio a mais Horrenda Miséria).

Não saberei narrar-lhes como sobvivem esses Meus Irmãos Brasileses, neste anno de 2001, porque (graças a Deus! Que é Brasilês e está sempre olhando pelos Pobres do Brasil!) pertenço à Classe Número Dois: luto quomodo uma condenada, toooooodos os dias!, para sobreviver neste Anno de 2001, neste Meu Mundo de Incertezas Constantes. Mas, graças ao Deus dos Católicos e dos Evangélicos!, ainda posso escrever Cartinhas para os Meus Brasileses Amigos e Amigas do Glorioso Futuro do Brasil. A Minha Mente (graças a Deus!) continua sã (sei repensar esta minha atual realidade!). Ainda posso comprar alimentos com o parco salário de Sofressora Horista, algumas roupas, calçados e, melhor ainda, não tenho dívidas (faço uma economia incrível para não ter dívidas!). Quando não puder mais trabalhar (para sobreviver depois que a Extrema Velhice chegar), irei para o Maravilhooooooso Asilo de Velhos. Quando esse dia sem-guia chegar, conhecerei (oh! Deus! espero que não!) a Atual Classe Número Três deste 2001.

Meus Amigos e Amigas do Futuro Sem-Muro Ideológico, neste Anno Aziago de 2001, rogo a Deus, sempre, que não me deixe conhecer a Classe Existencial Número Três. Vou batalhar muuuuuuito, acreditem em mim!, para terminar os meus dias aqui na Terra Rotunda com um certo conforto.

Entretanto, Amigos e Amigas do Incrível Futuro Abençoado!, aqui no Brasil Varonil, desde o Século XX já passado e, principalmente, neste Anno de 2001, gostamos de Futebol (um jogo incrível, saibam Vocês!). Só para Vocês terem uma idéia, estamos eufóricos porque o Brasil Varonil se classificou valentemente para a Copa do Mundo de 2002. Vai começar tudo de novo. Vamos esquecer nossos atuais insolúveis problemas de 2001. Vamos torcer pela vitória de nossa Seleção em 2002 (que seja uma vitória insuspeita!).

Agora, para Vocês não se esquecerem deste Passado Anno de 2001, envio-lhes notícias do Planeta Terra (repetindo sempre, neste Anno da Graça de 2001-11-18): as Guerras, Meus Amigos e Amigas, infelizmente, continuam. Existe prostituição infantil em cada cantinho do Mundo Global (principalmente aqui no meu Brasil Varonil). Há inúmeras pobres crianças abandonadas, em muitos Países do Terceiro Mundo (principalmente aqui no meu Brasil Varonil, por enquanto, ainda, neste 2001 um País de Terceiro Mundo), revirando lixeiras, buscando alimento, roupas velhas, calçados velhos, no meio do lixo. Os Restaurantes do Mundo jogam as sobras de comida no lixo (e não oferecem as sobras aos pobres). Os infectos ratos ― propagadores de doenças ― proliferam nos esgotos mal cuidados de minha Cidade Maravilhosa neste Anno de 2001. As infectas baratas também. Os caríssimos cachorros das elegantes Madames (neste 2001) fazem cocô nas calçadas do Rio de Janeiro, Megalópole do Brasil Varonil. Os rios do Mundo estão poluídos. O ar ― purificador ― está poluído. As florestas nativas estão desaparecendo. Neste 2001 a Corrupção Política continua inapelavelmente. Uma doença mortal ― chamada Aids ― também. Os Impostos Sociais estão cada vez mais altos. O dólar ― o dinheiro do mundo americano do norte ― está altíssimo (por enquanto, eles mandam no Mundo). A passagem do ônibus ― transporte de pobre ― aumentou no Rio de Janeiro neste Mês de Novembro do Anno de 2001. Os subnutridos da sobvivência irão morrer de fome (todos eles, inapelavelmente): o salário-escravidão mensal não dará para comprar alimentos nos Hiper Mercados. Et cœtera. Et cœtera. Etc. Etc. Então, meus Amigos e Amigas do Maravilhoso Futuro Brasilês!, acreditem!, neste Anno de 2001, só porque somos Brasileiros e não desistimos nunca, continuamos vivendo quomodo Deus quer!

Meus Amigos e Amigas do Futuro Brasilês Sem-Muro, estou aqui, neste incomum dia 18 de Novembro de 2001, a escrever-lhes esta Cartinha Doída, esperando que Vocês a recebam aí no Futuro (só para que possam avaliar este Meu Histórico e Triste Presente, e incrivelmente já um Passado para Vocês) e que recebam também o meu Fervoroso Carinho Transtemporal!

ODISSÉIA MARIA, conhecida também por Circe Irinéia, filha de Antônio Aquileu Pelides e Jane Briseides, neta de José Peléias per lado paterno, e de Emiliano de Brises per lado materno, todos descendentes de Imbatíveis Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma Região Insólita Paradisíaca Sensacional localizada na parte Leste do Brasil Varonil.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

11 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 8


11 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 8

NEUZA MACHADO

Ao iniciar esta minha cartinha, com as notícias de hoje, dia 11 de Novembro de 2001, desejo que esta os encontre repletos de saúde e riquezas fabulosas. Que o Futuro-Sem-Muro aí de Vocês seja um lugar de paz, tranquilidade e harmonia, incluindo a permanente abundância de alegrias espontâneas e felicidades autênticas.

As notícias de meu tempo, neste 11 de Novembro de 2001, não são boas. A semana transcorreu quomodo o já esperado. Nós Brasileses, neste Mês de Novembro do Anno Inicial do Terceiro Milênio (2001), não estamos guerreando, mas as Guerras Insolúveis de Outros Povos do Mundo nos envolvem inexoravelmente. A Incrível Máquina Internet nos mostra todos os Acontecimentos do Globo Terrestre ― todas as guerrilhas que acontecem nas diversas regiões de nosso Planeta ― no mesmíssimo instante do ocorrido. Ontem mesmo (10 de Novembro de 2001) caiu um helicóptero na África (pesquisem aí no Futuro!), em uma localidade da África, e a Humanidade toda recebeu a notícia uns segundinhos depois, inclusive [Nós] os Brasileses, habitantes de uma Região Paradisíaca, Bela e Agradável, Incrustada no Espaço de Fogo do Orbe Guerreiro.

É bem verdade que o Nosso Paraíso não se parece nem um pouco com o Paraíso Celestial das Profecias Religiosas, aquelas inúmeras profecias que acompanharam a humanidade, desde o Princípio do Mundo até este meu Insólito Momento (desculpem-me a insistência temporal: 11 de Novembro de 2001). Muitas Manchas Negras e Nuvens Escuras poluem a Nossa Atmosfera, que deveria ser, sem nenhuma dúvida, de uma Pureza Celestial, já que nos consideramos os Privilegiados de Deus. Saibam Vocês, Meus Amigos do Futuro Sem-Muro do Brasil Varonil, que a frase mais propalada aqui no Meu País, neste Meu Tempo de Incertezas (11 de Novembro de 2001), é esta: Deus é brasilês! Realmente, somos um Povo Feliz. Não há inflação declarada (assim afirmam os economistas do Governo Brasilês deste 2001); a economia se mantém estabilizada (assim afirmam nossas autoridades competentes do Governo Brasilês deste 2001); uma Parte do Povo se alimenta bem (uma Pequena Parte, bem entendido!, a parte elitizada) e se veste dignamente (uma Mínima Parte, bem entendido!, a parte elitizada); os Homens Brasileses são vigorosos e as Mulheres Belas saem nas Capas das Revistas Culturalmente Conceituadas (uma Pequena Parte, bem entendido!, a parte elitizada).

É bem verdade que, Neste Final de 2001 (até este 11 de Dezembro de 2001), muuuuuuitos (milhõõõõõões e milhõõõõõões!) Passam Fome nas Regiões Atrasadas de Nosso Vastíssimo Território Brasilês (pesquisem aí no Futuro, para não falar bobagens contra o Governo de Vocês, os Governantes do Futuro, os que vão tirar o Brasil da Miséria! A Internet está aí para Vocês pesquisarem! Aproveitem!), milhõõõõõões passando fome nas regiões de seca inclemente, mas, um dia, os Beneficiados da Sorte olharão por eles. De qualquer maneira, no momento (11 de Novembro de 2001), que seja feita a vontade de Deus! Infelizmente, neste nosso Agora Atual (neste 11 de Novembro de 2001), nesta nossa Praça do Rio de Janeiro (neste 11 de Novembro de 2001), onde, segundo o deífico Poeta Chico Buarque, desde eras imemoriais passaram, passam e, por certo!, ainda passarão inúmeras festivas bandas, cantando coisas de amor, neste minuto-mito de nossa realidade (11 horas e 11 minutos do dia 11 de Novembro de 2001), não há quomodo pretender perfeição celestial em nosso Paraíso.

Neste 11 de Novembro do Anno de 2001, no Brasil Varonil, há muitos desempregados (pesquisem aí no Futuro Radioso de Vocês! por favor!), uma Legião de Heróicos Brasileses que vivem em condições de Extrema Miséria (Pesquisem aí no Futuro, por favor! Olhar o Passado no Retrovisor da História Não-Oficial não é pecado!).

Mas, Deus, Meus Amados!, é maravilhosamente brasilês e, de vez em quando (até esta incrível data de 11 de Novembro de 2001), acontece o inesperado: alguns, entre muitos, enviam Cartinhas Dolorosas aos Animadores de Programas de Televisão, revelando seus infortúnios vivenciais, e são sorteados, e depois vão aos Programas Televisivos e ganham Cestas de Alimentação por um anno, Casa Mobiliada, Automóvel, Plano de Saúde por um anno, Assistência Odontológica por um anno, Vestuário Completo (comprado nas mais famosas lojas dos grandes Shoppings de nossas mais importantes Urbes). Acreditem! Por aqui, até esta data de 11 de Novembro de 2001, há umas poucas pessoas riquíssimas, pessoas super elitizadas, com muito dinheiro no Banco, e que não se preocupam, em absoluto!, com o Famigerado Imposto de Renda ou mesmo com o chamado Caixa Dois, e, às vezes, seus corações se enchem de compaixão por uns poucos mais pobres! São milhares e milhares e milhares de Pobres Brasileses, no entanto, somente uns poucos (infelizmente!) são agraciados pela Sorte Benfazeja. Apenas os que foram sorteados na Roleta da Sorte Benfazeja! No esperado Dia de Glória, para os incríveis assinalados da Boa Sorte, a comoção é geral. A Grande e Tão Esperada Sorte sempre comparece nas Tevês do Brasil Varonil, neste anno de 2001, aos Domingos, buscando a passiva aceitação dos Telespectadores.

Hoje, por exemplo (não s’esqueçam da Data: 11 de Novembro de 2001), à tarde, com os olhos marejados, estarei assistindo, pela televisão, confortavelmente instalada em minha macia poltrona de cor incrivelmente dourada (apesar do minguado salário de sofressora), os Programas que se esmeram em proporcionar a estes Desvalidos um pouco de conforto vital, mesmo que seja instantâneo. Quero deixar claro, aos meus Amigos do Futuro, que não me coloco contra os Programas Televisivos que assim agem. Ao lado da disputa pela atenção do Telespectador, existe uma Grave Revelação (uma Importante Denúncia), em outras palavras, esses Programas conseguem mostrar nitidamente (para aqueles espectadores-eleitos, aqueles que sabem avaliar criticamente as mensagens subentendidas) o ponto ― que não seja irreversível ― de miséria absoluta e abandono que atinge a maior parte da população brasilesa neste final do Anno de 2001.

Mas, não se impressionem, meus Amigos do Futuro Sem-Muro!, olhando para os lados, observando a realidade circundante, repensando o Mundo já Globalizado (neste 11 de Novembro de 2001), aqui ainda é um Lugar Maravilhoso. Existe, por acá, o chamado jeitinho brasilês, e, assim, graças a esse jeitinho, vamos vivendo quomodo Deus quer.

Por ora, neste dia 11 de Novembro de 2001, sem mais notícias (e, infelizmente, sem boas notícias), despeço-me com um carinhoso e caloroso aperto de mão transtemporal.

ODISSÉIA MARIA, filha genuína de Antônio Aquileu e Jane Briseis, neta per lado paterno dos mitológicos José de Sousa Peleu e Antoniña de Tetis, e per lado materno dos inigualáveis Emiliano de Brises e Justiniana de Ogíges, descendentes — os meus dois maravilhosos troncos ancestrais — de Imemoriais Caçadores de Onças Pintadas e Jaguatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma Região Mitológica localizada na parte Leste do Brasil Varonil.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

04 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 7


Esta minha Epístola aos Homens do Futuro foi escrita em:

04 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 7

NEUZA MACHADO

Meus Amigos do Futuro do Brasil Varonil, conforme o prometido eis-me aqui novamente. No momento exato em que começo esta minha cartinha, neste exatíssimo 04 de Novembro de 2001, na Cidade Cariocjônia do Rio de Janeiro, o minúsculo relógio digital de meu telefone celular marca vinte e uma hora e trinta minutos. Relógios digitais, telefones celulares, microondas [um forno (incrível invenção!) que cozinha os alimentos em questão de segundos], computador, et cœtera, etc, serão, no Futuro Sem-Muro aí de Vocês, aparelhos fora de moda, porque, certamente, Vocês, Brasileses do Futuro, todos certamente! com muito estudo universitário (neste meu anno de 2001, são poucos os brasileiros pobres que conseguem estudar – com sacrifícios monetários – nas Universidades Particulares e, muito menos, conseguir vagas nas Federais Gratuitas para os ricos) e no auge de suas inteligências, já terão inventado objetos similares mais sofisticados, e, alguns de Vocês (os realmente interessados em conhecer o Passado do Brasil Varonil), que estarão a buscar preciosas informações desta minha realidade temporal – realidade histórica deste 04 de Novembro de 2001 –, acharão muita graça de nossas atuais invenções que, para Vocês, já serão ultrapassadas).

Entretanto, neste exato momento (não s’esqueçam da data: 04 de Novembro de 2001), são vinte e duas horas e cinco minutos ― horário de Verão no Brasil Varonil ― e eu estou, aqui, reflexiva, a cogitar, selecionando os Acontecimentos do Dia, ansiosa por enviar-lhes notícias interessantes.

Diferente dos outros Domingos (hoje, 04 de Novembro de 2001, não s’esqueçam!), o Sol Hipercariocjônio não iluminou a Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro. Choveu o dia todo incessantemente. É esta uma noite terriiiiiiiivelmente fechada e ainda chove na minha Terra, por certo! (por que não?), maravilhosa e abençoada por Deus (apesar dos pesados pesares que nos afetam todos os dias!). Estou a esperar que chova bastante perto das grandes Usinas Hidroelétricas do Brasil Varonil, para que a luz volte a reinar em nosso simplório cotidiano, o qual, no momento, infelizmente!, neste 04 de Novembro de 2001, se encontra sem muitas perspectivas iluminadas.

Meus Caríssimos Amigos, como já lhes disse, em uma outra Cartinha, estamos vivendo uma dramática terrível hiperbólica situação de Economia de Luz (para os mais pobres, evidentemente!). Desde o Mês de Junho de 2001 (não deixem de dar atenção à data!), economizamos Luz Elétrica (para os poucos muuuuuuito ricos, evidentemente! evidentemente! evidentemente!), para que não ocorra o apagão, ou melhor, a falta de luz nos lares, a escuridão total. É bem verdade que a Megalópole Cariocjônia do Rio de Janeiro, neste anno de 2001, continua muitíssimo iluminada: os Riquíííssimos Prédios Públicos, os Letreiros Luminosos Milionários, as Ricas Mansões dos Bilhardários e Trilhardários e Multiplicadários ao Infinito, os Belos Cumes Troantes e Ribombantes e Eletrizantes de minha Polis Maravilhosa repletos de Luzinhas Elétricas, e Muitos Outros Locais Elitizados, permanecem, continuamente, Iluminados.

Na verdade, Meus Amigos do Futuro Sem-Muro do Brasil Varonil!, neste Anno de 2001-04-11, apenas a classe muuuuuuuto pobrinha (a antiga Classe Média) foi obrigada a fazer economia (estamos esperando o dia em que aqui no Brasil a Luz Benfazeja do Amor ao Próximo seja para todos!). Existe uma quota prevista para os inglórios assinalados do Destino (e eu, Sofressora e Mulher, aqui no Brasil Varonil!, redigo, Professora, me encontro entre esses assinalados). A base da tal quota foi elaborada a partir do gasto de eletricidade ― de cada residência ― ocorrido no Mês de Junho de 2000 (atenção: eu informei-lhes corretamente a data: Mês de Junho de 2000). Por exemplo, se a quota foi pequena no tal mês de Junho de 2000, os ingloriosos assinalados do Destino, os brasileses muiiiiii pobrinhos, só poderão gastar aquele percentual ― todos os meses ― até que o governo do FHC determine o fim da economia (para a solução dos grandiosos problemas monetários dos poucos muito ricos do Brasil Varonil). Ocorre que os Privilegiados da Sorte deste Anno de 2001, os poucos brasileiros da Elite Ricaça ― haja Sorte! ―, gastaram bastaaaaaante eletricidade no tal mês de junho de 2000 e, já que Gastaram Muuuuuuita Luz, os Tais poderão usufruir a luz elétrica racionada sem grandes perdas; entenderam?, bastarão desligar alguns condicionadores de ar e tudo estará resolvido. Os inglórios pobres coitados do Brasil Varonil (os padecentes!) que se arranjem neste Final de Anno de 2001 e façam economia!

Mas, Graças a Deus!, o tempo interstício está ameno e o Calor Abrasador ainda não fez a sua entrada triunfal na Megalópole do Rio de Janeiro, neste início de Novembro de 2001. Só não sei o que faremos quando o Caloroso Sol Flamejante vier nos visitar. Como agraciá-lo com a nossa amável acolhida, se não recebermos, daqui a um mês (Mês de Dezembro de 2001, não s’esqueçam!), autorização governamental para ligar nossos humildes ventiladores?

Oh! Meus Amados Brasileses do Futuro Sem-Muro! Estou aqui, neste 04 de Novembro de 2001, a me preocupar com a possibilidade de um apagão, enquanto milhares e milhares de Seres Humanos, inclusive e principalmente aqui no Brasil, neste Anno de 2001 (pesquisem aí no Futuro Sem-Muro, por favor!), não têm o que comer. A Guerra Inglória continua no mundo. As doenças incuráveis continuam. Os Deserdados da Sorte estão morrendo à míngua. As infelizes crianças de algumas regiões do Oriente Médio, neste final do Anno de 2001, vão sendo treinadas para a Guerra e já manejam armas mortíferas (pesquisem aí no Futuro, por favor!). As crianças da Região de Conflito do Oriente Médio não receberam permissão para sonhar com o Futuro Sem-Muro Radioso. Não saberão como escrever suas Cartinhas para os Homens do Longínquo Futuro Sem-Muro. Não conseguirão (as Crianças do Oriente Médio deste 2001), jamais!, imaginar a possibilidade de conforto para as Crianças do Futuro. O Futuro não existe para os muitos infelizes pequeninos do Oriente Médio. Existe, saibam Vocês do Futuro!, neste Anno de 2001, a Guerra Capitalista. As crianças do Oriente Médio, neste Anno de 2001, não brincam como crianças!; passam fome e sede (a água é escassa), não têm nenhuma esperança e não sonham com dias felizes. E eu, neste 04 de Novembro de 2001, uma pensativa e incomodada sofressora desta Era de Calamidades Sem Conta, estou aqui preocupada com pequenos probleminhas cotidianos, com a possibilidade de falta de Luz Intersticial Para Sempre no meu Brasil Varonil.

Mas, neste Final de Anno de 2001, acredito piamente!, um Herói do Futuro irá se sobressair no meio de todo esse alvoroço e gritará a sua Sentença de Paz. Quando esse dia chegar, estarei a postos, se Deus assim o permitir!, para relatar-lhes o Acontecimento.

Aguardem novas notícias no Domingo que vem (11 de Novembro de 2001). Espero que vocês recebam aí no Futuro Sem-Muro Glorioso do Brasil Cor-de-Anil o meu Profundo Amor Transecular!

ODISSÉIA MARIA, conforme a Lei, filha de Antônio Aquileu e Jane Briseides, ambos descendentes de Indomáveis Caçadores de Onças Pintadas e Jaquatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma região paradisíaca, ímpar, maravilhosa, sem-igual, situada na parte Leste do Brasil Varonil.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A DEMANDA DO SANCTO GRAAL NACIONAL - OBSCURA ERA FACTAL DA ESCRAVIDÃO SERVIÇAL - 7


A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - OBSCURA ERA FACTAL DA ESCRAVIDÃO SERVIÇAL - 7

NEUZA MACHADO

Depois dos Annos Quarenta
da Segunda Mundial,
– a Guerrona Violenta
replecta de fúria e mal –
o Brasil empobreceu
de uma maneir’anormal,
pois o País conheceu
Obscura Era Factal,
em que o Cras era um só Breu
e a Domaa um só Treval,
um Amanhã com pouco mel
num Segre mui profanal,
pois, já pobre e malmenado,
mais pobre o Brasil ficou,
muito Jaião eixerdado,
perdendo o que afanou
do Pobrezinho Iletrado
que por ele trabalhou
sem receber o agrado:
pagamento a quem suou.

João Sem-Terra Profaçado,
perdendo tudo o que ganhou
como Vei-Herdeiro Grado
que nada não trabalhou,
ou um Augusto Marcado
como rês, por quem domou
em trabalho escravizado,
pois, sem pagar a quem suou,
foi perdendo o seu Roçado
p’ro Vizinho que enricou,
e em Gran Encrenca Atolado,
esbanjando o que herdou,
aquele foi o Antes falado,
o Herdeiro que afolou
no Dezenove, do fado
de não urdir o que sobrou;
aquel’Outro, o do Eixecado
para vencer o que Ancorou
em Regras de Vei-Passado,
é o Esperto que tomou,
no Sec’lo XX Azado,
as terras de quem lucrou
com Trabalho Escravizado:
o Neo-Rico que ficou
Co’o Cetro do Profaçado.

Foi então que aconteceu,
naqueles Annos Seguintes
da Dicta Era Factal,
a tal Idade do Breu,
o Dicto Século XX,
Era Trans-Conjuntural,
replecta de Sinhô Plebeu
escravizando, com requintes
de crueldade anormal,
o que se trabalhou e morreu
como Execrado Pedinte
sem recompensa vital;
então, repito, aconteceu
algo mui fenomenal,
de modificada infração:
na política apareceu,
um Ricaço fiz, leal,
pra governar a Nação,
um Herdeiro Neo-Plebeu
da Escravidão-Serviçal,
mas Sinhô Bom Coração
que ao Pobre concedeu
algum Direito Legal,
tornando-se, por tal razão
(não se dicta o que ocorreu
com Parolinha Normal!)
o Presidente-Paizão
do Povinho Pigmeu
da Escravatura Mensal,
amado, com emoção!,
colocado em apogeu
no Panteón Principal;
com muita convicção!,
o Dicto Cujo Neo-Plebeu,
Presidente Nacional,
Deu guarida ao Pobretão,
ao celebrar o Himeneu
do Povo com o Capital,
e, por ter bom coração,
afrontou o Briareu
da Elite Sem-Moral,
que não queria o Povão
tractado com Pão e Mel
pelo Chefão Principal.

E o Presidente da Nação,
naqueles Annos de Breu
de Veira Folhinh’Astral,
por atenção ao Sem-Tostão
– o Brasilerim-Pigmeu –
com cuidado Paternal,
não aguentou a tensão,
provocada por Sandeu
da Elite Radical
– a escravizar seu Irmão,
aquele que muito sofreu,
co’um trocadinho mensal –,
pois, tal protecção lhe rendeu
o ódio da Oposição,
– Oposição Sem-Moral –
e o Getúlio então morreu,
pois “Demandou” pro Povão,
envidando o Ávol-Sacal.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A DEMANDA DO SANCTO GRAAL NACIONAL - OBSCURA ERA CRUEL DOS OITENTA MILHÕES SEM FARNEL - 6


A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - OBSCURA ERA CRUEL DOS OITENTA MILHÕES SEM FARNEL - 6

NEUZA MACHADO

Por meio de escrita lenta,
revelando o Espectral

– o de Vida Desgrenhenta,
o Brasileiro Braçal –,

a que narra, agora enfrenta
“Demanda” Vei-Temporal:
recontar a Virulenta
Realidade Frontal,
do Princípio dos Quarenta
ao Dois Mil e Dois Final
de uma Era Violenta,
guerreira, muito bructal,
a Vida Dura e Visguenta
de um Povo em Crise Abismal,
sem dinheiro e vestimenta
para um Viver Menos Mal,
pois, desde o Dicto Quarenta
ao Dois Mil e Dois Amoral,
a Tormenta Torturenta
da Pobreza Sem-Igual
atacava, Violenta,
o Pobrinho-Marginal
(à margem da Vida Benta
somente p’ro Fidalgal),
com a Fome Fraudulenta,
Abusiva e Imoral,
uma Fome Turbulenta
levavando-o à Morte Factal.

O Eixeco desta Ementa
é para um Trovar Neo-Graal
sobre a Vida Desgracenta
do Esfaimado Braçal,
Aquele sem Vestimenta
e sem Salário Legal,
e sem a Protecção Isenta
do Mandante Oficial
daqueles Annos Noventa
da Veira Folhinh’Astral,
e para Tal Siira Lenta,
nesta Contenda Graal,
a que narra agora intenta
um Contar Alavancal
pra narrar a Vei-Tormenta,
em meio ao Caos Social,
dos Milhões que, no Noventa,
passavam Fome Lectal.
Noventa da Era Sangrenta,
pior que a Medieval.