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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

UM FELIZ FINAL DE 2011 PARA OS BRASILEIROS E PARA OS INTERNAUTAS DO MUNDO INTEIRO


UM FELIZ FINAL DE 2011 PARA OS BRASILEIROS E PARA OS INTERNAUTAS DO MUNDO INTEIRO

NEUZA MACHADO

O 2011 Terminando...
O 2012 a Chegar...
Os Ideais Renovando...
Presentes Para Comprar...
E o Brasileiro Sonhando
Um Novo Ano Exemplar,
Muitas Tristezas Findando...
As Alegrias, Lembrar...
E a Neuza Aqui Digitando
Versinhos... A Meditar...
Com Muita Saúde!, Mostrando
As Riquezas de Seu Lugar,
O Seu Rio de Janeiro Elevando
No Mapa, Tão Singular!,
De Nosso Brasil. Abraçando
Os Internautas de Cá...
Abraços Mil Enviando
Aos Internautas de Lá...

E a Neuza Machado Pensando
Em Novos Textos P’ra Blogar,
E ao Amigo-Leitor Desejando
Um Feliz Recomeçar!
Que o 2012 Seja Brando,
Com a Paz no Mundo a Reinar!

E Mesmo Com a Algazarra
Das Festas de Fim de Ano,
Submetida a Amarra
Do Valor Cotidiano,
Esta Blogueira, Com Garra!,
No Caffe, segue a mostrar,
Sob Luz de Gambiarra,
Assuntos de Bom Sonhar,
Com Muito Brilho e Fanfarra,
Para ao Internauta Agradar,
Avisando-o, Carioqueira!,
Esta Blogueira Mineira,
Que há Quatro Blogs no Ar:
O Caffe Com Litteratura,
Um Blog Pura Gostosura!,
E o Neumac da Mistura
De Textos do Imaginar
Este Que é Pura Escritura
Um Blog P’ra SoLetrar,
E Um Quarto Blog de Pouca Procura:
Pra Quem Quiser Filosofar...

Portanto, não deixe de apreciar:
caffecomlitteratura.blogspot.com
neumac.blogspot.com
neuzamachadoletras.blogspot.com
neuzamachado.blogspot.com
Bloguinhos de Bom Pensar.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

23 DE DEZEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 14


23 DE DEZEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 14

NEUZA MACHADO

Cartão de Natal “Bolas Natalinas” de Stanislaw Kmiecik - Pintado Com a Boca - Pintores que pintam com a boca e os pés - Rua Tuim, 426 - CEP 04514-101-São Paulo

Para o Abençoado Povo Brasileiro de 2011, envio, daqui deste meu Anno de 2001, um grande abraço e o desejo de que haja muita fartura e felicidade no Natal de 2011 e no Anno Novo de 2012. Que não haja milhões e milhões e milhões de brasileiros passando fome extrema no Brasil e que, se houver uns poucos, os mais abonados pensem neles, oferecendo-lhes um pouquinho que seja de comida, amor e atenção.

UM FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO PARA TODOS!

(Para o Brasileiro Consciente do Brasil-País do Futuro lembrar-se sempre que existiu um Brasil Tristes Trópicos até o final do Século XX)

Minha intenção, Meus Amigos do Futuro Brasilês!, ao escrever-lhes estas Cartinhas Dominicais, neste Final de Anno de 2001 (não s’esqueçam da Data deste Missivo: 23 de Dezembro de 2001), é revelar-lhes – por meio de um avatara (sic) – um pouco de minha Realidade Existencial. Sempre que busco esclarecimentos do Passado de Nosso Singular Planeta, percebo a ausência de explicações mais cativantes, em outras palavras, apenas adquiro um pouco de conhecimento, sem um envolvimento anímico, transfigurador, que produza, em meu íntimo, sentimentos variados. Penso que faltou, nesses relatos de Historiadores Competentes, historiadores conhecidos por intermédio das Enciclopédias, um contato interativo com tais períodos. É bem verdade que os primeiros depoimentos ― os depoimentos dos Historiadores Gregos, por exemplo ―, ao lê-los, comunicam-me dados preciosos, mas o meu coração, infelizmente!, não participa ativamente desses relatos, não consigo alcançar, no mais recôndito de meu ser, as alegrias e sofrimentos daqueles que, historicamente, viveram antes de minha configuração humana, neste meu estágio existencial de Incríveis Acontecimentos Tenebrosos (Lembrem-se: Estou a me referir ao Anno de 2001).

Almejo, meus Amigos do Futuro!, sinceramente, neste Final de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da Data), comover seus corações, aí no Maravilhoso Futuro Sem-Muro de Vocês, com a Insolidez da Realidade Deste Meu Momento de Vida. Só para Vocês terem uma idéia, no período de 1992 até 1995, enfrentei filas quilométricas para entrar em um Banco, filas que circundavam um quarteirão (depois explicarei a Vocês do Futuro o sentido da palavra quarteirão atualmente), só para receber o parco salário de aposentadoria de minha mãe. Minha mãe faleceu no ano seguinte, mas, mesmo assim, enfrentei e estou enfrentando outras filas quilométricas, até este Final de Anno de 2001 (fila de ônibus, fila para comprar a passagem do Metrô, fila para pagar as contas mensais em diferentes Bancos e em diferentes dias, fila para pagar as econômicas comprinhas do Super Mercado, et cœtera, etc.). Não sei o que sucederá daqui para frente, quando houver a Mudança de Governo em 1o de Janeiro de 2003 (ainda uma incógnita, porque não sei quem receberá os votos do Povão). Espero que seja para melhor! Esta Terra Azulinda foi, meus Amigos do Futuro Sem-Muro!, no Princípio do Mundo, ainda em estado primitivo, abençoada por Deus, mas, atualmente, está sendo amaldiçoada pelos homens de pouca vontade.

Com este pensamento, meus Amigos e Amigas do Futuro!!, acordei, hoje, Dia 23 de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da Data, por favor!), às Oito Horas da Manhã, e estou começando esta Cartinha exatamente uma hora depois. Antes de iniciar a digitação deste meu Relatório Semanal – digitação realizada em um potente computador fabricado no Anno Dois Mil (tive de fazer muita economia para comprá-lo!; comprei-o em violentas prestações mensais!) –, realizei todos os sagrados rituais – necessários –, para que, por intermédio da meditação e concentração, pudesse alcançar o meu desejo de enviar-lhes, corretamente se for possível, as notícias da Semana. Antigamente, o Domingo era sagrado, apenas para descanso e lazer. Hoje, graças a este progresso desenfreado, só restou-me o Domingo para o trabalho intelectual.

Por estas e outras razões, acompanhem, através de meus sinceros sentimentos e alguns sentidos vitais, as notícias do Brasil Varonil e do Mundo Rotundo, neste final do Anno da Graça de 2001 (não s’esqueçam deste Anno de 2001 aí no Futuro de Vocês).

Em primeiro lugar, apesar das Festividades que já estão próximas – Natal e Anno Novo –, a Guerra – entre a América do Norte (por enquanto a maior potência do Mundo Rotundo) e o grupo terrorista do Oriente Médio – continua. Os Americanos do Norte ainda não encontraram o famigerado Osama bin Ladem, chefe do grupo que destruiu as altíssimas Torres Gêmeas da Cidade de Nova York.

Meus Caros Amigos!, outras inúmeras guerras estão a devastar o Nosso Planeta. Por exemplo: Quinta-feira passada (20 de Dezembro de 2001; confiram aí na Impagável Internet ou outro Veículo de Informação mais de acordo com o Tempo de Vocês!), o Povo da Argentina (um País vizinho do meu Brasil Varonil) revoltou-se com o estado de miséria que o atingiu, saqueou os Supermercados de Buenos Aires (capital do País), brigou ferozmente com a milícia do Governo e (pasmem!) conseguiu a renúncia do Presidente Fernando de La Rua e de seus Ministros de Estado. Em algumas regiões do Continente Africano as contendas são uma realidade. Saibam que, neste início do Terceiro Milênio (Anno de 2001, não s’esqueçam!), há, em Várias Partes do Mundo, Muuuuuuitos e Muuuuuuitos e Muuuuuuitos Focos de Guerra, deixando os Seres Humanos Pacíficos submetidos a um Constante Pavor.

Em verdade, atualmente, neste Anno de 2001 (não s’esqueçam da Data) a luta pela sobvivência (a maior parte da humanidade vive em miséria extrema) é a geradora de todos estes conflitos (uma minoria consegue sobreviver com relativa dignidade e um pequenino grupo vive na opulência, causando a revolta dos muuuuuuitos e muuuuuuitos e muuuuuuitos que não têm absolutamente o que comer). Espero, sinceramente, que Vocês possam estar vivos, aí no Maravilhoso Futuro Sem-Muro, para lerem as minhas Cartinhas Dominicais. Se os Conflitos continuarem, o Mundo poderá explodir (acreditem em mim!). A Bomba Atômica (e seu Pequenino Dispositivo) é uma Terrível Invenção de Meu Tempo de Calamidades Sem Conta (Anno de 2001, não s’esqueçam do Anno de 2001, por favor!). Com um simples toque de dedo, de um indivíduo mentalmente desequilibrado, ou, até mesmo, com a interferência de um animal – um gato, um cachorro, um passarinho – acionando o Tal Botão... Que Deus os livre! Se isto ocorrer, Vocês, meus Amigos do Futuro Sem-Muro!, não existirão. Não saberão quomodo é mágico comemorar os Natais do Salvador da Humanidade e os ansiosamente esperados Annos Novos (as Marcas Encantadas de Permanência no Mundo, apesar dos pesares!).

Sobre os Cinquenta Milhõõõõõões de Brasileses que vivem em Extraordinária Miséria, até este Anno Final de 2001 (não s’esqueçam da Data e não s’esqueçam dos Cinquenta Milhõõõõõões de Brasileses que vivem em Extraordinária Miséria): não sei se terei Energia Vital para escrever-lhes sobre este assunto (pesquisem este meu Tempo Histórico de 2001 aí no Futuro de Vocês; é bem possível que algum bom jornalista do Tempo de Vocês já esteja a apresentar com maior consistência e documentos os graves problemas que assolam este meu momento histórico). A Funesta anda rodeando também os SobreViventes do Brasil Varonil (a Antiga Classe B) e a Humanidade-Sem-Rumo também. Que o Jesus Salvador, nascido há Dois Mil Annos, em 25 de Dezembro, nos proteja!

Sem mais o que relatar-lhes, Meus Amigos e Amigas do Brasilês Futuro Sem-Muro!, devido à forte emoção que, neste momento, me domina (não s’esqueçam da data: 23 de Dezembro de 2001), despeço-me, enviando-lhes todo o Meu Amor e Consideração.

ODISSÉIA MARIA, resultante do Matrimônio, Abençoado por Deus!, de Jane Briseides e Antônio Aquileu.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

HÁBITO NACIONAL - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO


HÁBITO NACIONAL - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO
NEUZA MACHADO

Aos Leitores deste meu blog, envio-lhes uma interessante crônica de Luís Fernando Veríssimo publicada no ano de 2001. ATENÇÃO: ANO DE 2001. Por favor, anotem a data da publicação da crônica. NÃO CONFUNDAM AS DATAS: ANO DE 2001. Não digitei ano de 2011, não!


HÁBITO NACIONAL
Luís Fernando Veríssimo


Por uma dessas coincidências fatais, várias personalidades brasileiras, entre civis e militares, estão no avião que começa a cair. Não há possibilidade de se salvarem. O avião se espatifará – e, levando-se em consideração o caráter de seus passageiros, “espatifar” é o termo apropriado – no chão. Nos poucos instantes que lhes restam de vida, todos rezam, confessam seus pecados, em versões resumidas, e entregam sua alma à providência divina. O avião se espatifa no chão.

São Pedro os recebe de cara amarrada. O porta-voz do grupo se adianta e, já esperando o pior, começa a explicar quem são e de onde vêm. São Pedro interrompe com um gesto irritado.

– Eu sei, eu sei.

Aponta para uns formulários em cima de sua mesa e diz:

– Recebemos suas confissões e seus pedidos de clemência e entrada no céu.

O porta-voz engole em seco e pergunta:

– E... então?

São Pedro não responde. Olha em torno, examinando a cara dos suplicantes. Aponta para cada um e pede que se identifiquem pelo crime.

– Torturador.

– Minha financeira estourou. Enganei milhares.

– Corrupto. Menti para o povo.

– Sabe a bomba, aquela? Fui o responsável.

– Roubei.

– Me locupletei.

– Matei.

Etecétera. São Pedro sacode a cabeça. Diz:

– Seus requerimentos passaram pela Comissão de Perdão e foram rejeitados por unanimidade. Passaram pelo Painel de Admissões, uma mera formalidade, e rejeitados por unanimidade. Mas como nós, mais que ninguém, temos que ser justos, para dar o exemplo, examinamos os requerimentos também na Câmara Alta, da qual eu faço parte. Uma maioria esmagadora votou contra. Houve só um voto a favor. Infelizmente, era o voto mais importante.

– Você quer dizer...

– É. Ele. Neste caso, anulam-se todos os pareceres em contrário e prevalece a vontade soberana d’Ele. Isto aqui ainda é o Reino dos Céus.

– E nós podemos entrar?

São Pedro suspira.

– Podem. Se dependesse de mim, iam direto para o Inferno. Mas...

Todos entram pelo Portão do Paraíso, dando risadas e se congratulando. Um querubim que assistia à cena vem pedir explicações a São Pedro.

– Mas como é que o Todo-Poderoso não castiga essa gente?

E São Pedro, desanimado:

– Sabe como é, Brasileiro...

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias Para se Ler na Escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001: 85-86.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

16 DE DEZEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 13


16 DE DEZEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 13

NEUZA MACHADO

Acordei, hoje (dia 16 de Dezembro de 2001; não s’esqueçam da data!), Meus Amigos Brasileses do Futuro Sem-Muro!, com o forte desejo de falar-lhes do meu livro Odisséia Maria. Daqui, deste Anno de 2001, estou com o pressentimento de que a minha narrativa não será publicada em livro (papel) tão cedo. Muitos são os empecilhos. Só para Vocês terem uma idéia, neste Final de Anno de 2001 (repito: Anno de 2001; não s’esqueçam!), duas grandes Editoras do Rio de Janeiro avaliaram-na e a devolveram com as explicações já conhecidas. Segundo as Editoras, a minha ficção não possui os requisitos necessários para que seja lançada no Mercado Editorial. A condição para que um livro seja aceito, até este Anno de 2001 (não s’esqueçam do Anno: 2001), é muito simples: ele (o livro) terá de receber o parecer do Funcionário-Leitor que o avaliará quomodo um produto vendável (nem sempre o tal Funcionário-Leitor tem a rara capacidade para julgar se um livro é vendável ou não). Se a Dita Pessoa não for com a cara do escritor, ou mesmo não se interessar pelo livro, adeus publicação! Esta é a grande verdade: só um pequeno grupo, selecionado por ele (o Dito Funcionário-Leitor), consegue publicar suas obras no Brasil Varonil neste Anno de 2001 (não s’esqueçam do Anno!). Um escritor desconhecido só verá seus textos publicados se pagar caríssimo pela publicação (quase o preço de um apartamento popular). Se depender do dinheiro que recebo, quomodo Sofressora horista, jamais publicarei minha produção literária. Releiam, por favor!, a Cartinha que lhes enviei no dia 14 de Outubro de 2001 e saberão a causa do desprestígio.

Mas, hoje, dia 16 de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da Data!), estou com a firme intenção de revelar-lhes, um pouquinho que seja!, o teor de minha narrativa. Ela segue o fluxo de meus pensamentos e, por esta razão, vocês não encontrarão os necessários pontos (os tais pontos que sinalizam o término de uma oração gramatical). Assim quomodo a realidade deste meu Tempo Insolitíssimo Terrível Tenebroso (Final de Século XX e Início de Século XXI, que se transformou em um Caos), da mesma forma se sobressai o meu ato de narrar.

Estamos a Finalizar o Anno de 2001 (não s’esqueçam do Anno!) e lembrei-me de minhas palavras epo-ficcionais escritas no dia 27 de janeiro de 1999 do recente Século Passado, em que realço a figura caleidoscópia de Odisséia Maria, uma personagem cinquentona, Guerreira, Intimorata, viajando insolitamente em um avião imaginário em direção ao infinito de si mesma. Confiram:

... mas, como eu ia contando, só as alegrias valem lembranças, hoje, 27 de janeiro de 1999, penúltimo anno do século XX e penúltimo anno do Milênio de Peixes, e eu estou esperando extasiada o Grande Momento, o momento de passagem para o Terceiro Milênio, sem acreditar em tamanha sorte, meu Deus!, só os assinalados testemunham as Grandes Passagens do Mundo, e esta será uma passagem sem igual, e eu estarei viva, se Deus quiser!, daqui a dois anos, presenciarei a Passagem do Milênio de Peixes Emotivo para o Milênio de Aquário Indiferente, e verei os fogos de artifício no céu, e presenciarei o Grande Espetáculo da Terra do alto de um edifício de oitenta andares, na Megalópole mais linda do Universo-Sem-Fim, o Mundo todo celebrando a Passagem do Milênio, feliz da vida!, a profecia de Nostradamus não se realizou, as inúmeras profecias apócrifas não se realizaram, graças a Deus!, o mundo girando, girando, girando, em volta do Sol Apolíneo, o mundo continuará girando em volta do Sol Imperador, o Planeta Terra resistirá às intempéries, aos meteoritos caindo do céu, continuará resistindo ao desleixo do próprio Homem, o Homem não cuida com carinho de sua morada, mas, como eu ia dizendo, só os eleitos testemunham as Grandes Mudanças do Mundo, e eu me sinto quomodo um ser assinalado, quomo, como, quomodo você quiser, somente os privilegiados testemunham as Grandes Ocorrências do Mundo Profundo, um ser privilegiado sou eu!, estou aqui, permanente, atemporal, alicantinosa, agora, viajando em um avião trans-imaginário supersônico veloz, descrevendo o momento enrolado de uma guerreira mulher no final do Milênio de Peixes, ao mesmo tempo, conversando com você, você ainda nem nasceu, meu netinho!, mesmo assim, guarde bem as minhas palavras aladas, somente os eleitos testemunham as Grandes Mudanças, eu fui abençoada na hora de meu nascimento, um deva mineiro, um brilhante Poeta instalado em um espaço de luz, entre os seres divinos e os pobres mortais, um deva magrinho, careca e de óculos, sussurrou de longe, lá em Diamantina, e o sussurro dele chegou até aos meus ouvidos de recém-nascida, “Vá, Odisséia Maria Ulissiponense da Selva Mineira-Greco-Romana-Portuguesa-Brasileira, vá apreciar os Grandes Acontecimentos do Mundo!”, vá procurar, entre as íngremes montanhas de sua terra natal, um sumetume iluminado e arejado, para vosmecê se evadir das normas severas de seus ancestrais e viajar pelo espaço estelar numa aeronave de cores rosadas azuladas argentadas e douradas, de mil matizes multicolores, e isto aconteceu em uma madrugada de segunda-feira, no mês de novembro, com o Sol a três graus de Sagitário, o nono signo do Zodíaco Ocidental, quando o Sol Hipermineiro apontava no horizonte de minha Terra Natal, com seus magníficos raios luminosos, quando a aurora fermosa com seus dedos de rosa surgiu matutina e o Centauro Quirón, um velho habitante das Serras of Hinterland de Minas Gerais, se preparava para percorrer seus domínios, atirando flechas brilhantes ao acaso ou em direção ao infinito sem-fim, mas, como eu ia dizendo, só os assinalados reconhecem os Importantes Momentos da Humanidade, oh!, maravilha!, estou incluída entre esses poucos ditosos, não fui esquecida na hora de meu nascimento, não, mesmo nascendo nas brenhas do Grande Sertão, nas Serras of Hinterland de Minas Gerais, em Santa Luzia do Carangola, uma velha Cidade da época do esplendor do café, proprietária de um velho tupi yekiti’bá centenário, centenário é pouco para valorizar o yekiti’bá em questão, talvez ele já exista desde a descoberta do Brasil Varonil, uns quinhentos ou quatrocentos annos para o meu yekiti’bá orgulhoso, um jequitibá gigantesco, ele resistiu a um incêndio sem-igual, incêndio provocado per algum descuidado, quase acabando com o jequitibá orgulhoso, mas os habitantes da terra lutaram pelo jequitibá varonil, salvaram o jequitibá glorioso, salvaram o precioso patrimônio do meu povo tradicional, patrimônio afetivo daquela cidadezinha brilhante incrustada num alto de serra of Hinterland da Zona da Mata Mineira Guerreira, amada idolatrada e adorada por mim, mas, como eu ia dizendo, viajo pelo interior de mim mesma, buscando recordar-me dos justos valores que nortearam minha vida aqui nesta Terra de Deus Protetor, dês aquele longínquo vinte e cinco de novembro, quando o Sol Hipercarangolense iniciava a sua visita ao signo de Sagitário Cordial Vagamundo, no Criador Espaço Vazio Bashôniano entre a noite o dia, quando a aurora fermosa com seus dedos de rosa surgia matutina, três graus de Sagitário, ascendente em Escorpião ou Sagitário, não sei!, descubra aí no Futuro, aplacando a sua curiosidade, Amigo esotérico do século XXI e seguintes, sabendo alicantinosamente que esse Amigo estará interessado nesta minha Viagem enrolada, Vossa Mercê procurará compreender e julgar os encontros e desencontros de uma mulher de cinquenta, sumaca antiquada dos mares revoltos do século XX, no final do Milênio de Peixes, Vosmecê sentirá curiosidade em relação a esse meu período de tempo vivido aqui nesta Terra de Deus, em um momento muito conturbado e belicoso, naquele vinte e cinco de novembro assinalado no tempo suspenso entre o antes e o porvir, com a Vênus Madrinha Retrógrada em Escorpião, ela me salvou de um destino amoroso meio aloucado, mas também prejudicou-me horrores, saiba você, Vênus Bella Assanhada estava andando para trás, estou aqui a me queixar de Vênus Madrinha, estou reclamando de Vênus Afrodite de Traços Perfeitos, Aquela dos Grandes Casos Sentimentais com Homens Brilhantes, Vênus Amorosa nunca me faltou, os annos vão passando, e vou continuando a receber Amor, quomodo boa sagitariana, de acordo com os novos e interessantes vaticínios do mundo hodierno já distantes dos terríveis oráculos do Destino Pagão, nem sempre retribuo com a mesma moeda, mas vou levando a vida com muito jeito, se hoje não tem, amanhã deusdará, deusdará o que me faltar, mas vou levando a vida com muito cuidado, solitariamente fechada em meu casulo de bicho da seda tijucano, de qualquer modo, com Júpiter e Mercúrio em Escorpião no meu Mapa Astral de Nascimento, os dois estão em Escorpião, o meu signo ascendente de proteção, ou será Sagitário?, Escorpião no ascendente me faz pensar duas vezes, de vez em quando refreia e embonda pra valer o meu entusiasmo sagitariano, mas o grande barato mesmo foi nascer com Urano Onomatomante em Gêmeos Falante, minha Casa Sete do Casamento no horóscopo solar e Casa Oito no Mapa do Ascendente, eu tenho mania de onomatomancia, uma preocupação obsessiva e doentia com a escolha de palavras, estou vivendo a última fase do período pós-cambriano, iniciado há milênios na Antiquíssima Câmbria, penso que estamos vivendo um algonquianismo meio às avessas, a vida está se extinguindo na Terra per culpa das próprias ações insensatas dos homens, pratico também a onomatomancia, adivinhação fundada no nome da pessoa impressionável, às vezes, pratico também a nefelomancia, invadindo os domínios de Zeus-Júpiter que as nuvens cumula durante as minhas epo-ficcionais viagens de avião insólito supersônico, aeronave brilhante, espacial, viajando sem rumo pela Galáxia Estelar, et cœtera... et cœtera... etc.

Apresentei-lhes, meus Amigos do Futuro Brasilês Sem-Muro!, neste Domingo, 16 de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da data!) apenas um trechinho de minha particular narrativa. Talvez, um dia, ela possa chegar completa às suas mãos, aos seus olhos e aos seus corações (talvez, por Via Internet). Entretanto, sempre que houver oportunidade, enviar-lhes-ei outros pequeninos trechos de minha Odisséia Maria através do espaço ilimitado de mim mesma.

Despeço-me, transmitindo-lhes por intermédio de Infinitas Camadas Transtemporais todo o meu Amor e Carinho,


ODISSÉIA MARIA, filha de Antônio Aquileu, o Grande Pelida, e Jane Briseides (resultante do amor de Emiliano de Brises por Justiniaña de Ogiges), descendentes de Valerosos Caçadores de Onça Pintada de Minas Gerais, uma região deslumbrante incrível sem-igual localizada na parte Leste do Brasil Varonil.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF, MUITAS FELICIDADES EM SEU ANIVERSÁRIO!


PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF, MUITAS FELICIDADES EM SEU ANIVERSÁRIO!

NEUZA MACHADO




Senhora Dilma Rousseff, hoje, dia de seu aniversário, estou aqui, na Cidade do Rio de Janeiro, pedindo a Deus que lhe ofereça muitas bênçãos e que lhe oferte também inúmeras alegrias em sua atuação como Presidenta do Brasil. Abraços e felicidades!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

09 DE DEZEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 12


09 DE DEZEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 12

NEUZA MACHADO

(Charge do Bessinha - 2011)

(Daqui, deste meu Passado de 2001, vejo a Charge do Bessinha, anunciando muita fartura para o Natal de 2011.)

(Neste meu Anno de 2001, aqui no Brasil, está muito difícil festejar o Natal condignamente. Mas, o Natal de Vocês, do Anno de 2011, será de muita fartura. Confiram aí na Internet de Vocês, Internet do Futuro, para saber se a minha visão, aqui deste meu anno de 2001, corresponde à realidade do Anno de 2011, por favor! E não dêem atenção às previsões negativas do PIG de Vocês! O Brasil do Futuro, a partir do Anno de 2003, passará a ser grandioso (lembrem-se, estou a escrever para Vocês no Mês de Dezembro do Anno de 2001). No Futuro do Brasil, não existirão mais milhões e milhões e milhões de esfomeados! Neste meu Anno de 2001 são milhões e milhões e milhões que passam fome e frio e poucos têm telefone celular e Computador e Internet. Confiram aí no Maravilhoso Futuro de Vocês. A Internet foi criada para isso, para mostrar os malefícios de certas propagandas televisivas contra o Governo de Vocês. Cuidado também com os Programas Infantis de alguns Canais de Televisão. Vejo, daqui de meu Passado Histórico, que há persuasivas mensagens sublineares, mensagens estas criadas especialmente para fazer a cabeça das crianças e dos jovens pais das crianças. Cuidado com tais mensagens! Não se deixem enganar!)


09 DE DEZEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO

Neuza Machado


(Para o Brasileiro do Brasil-País do Futuro lembrar-se sempre que existiu um Brasil-Tristes Trópicos até o final do Século XX)

Hoje, dia 09 de Dezembro do Anno de 2001 (não s’esqueçam nunca da data desta minha cartinha, por favor!), o tema de meu missivo, Meus Amigos e Amigas do Brasilês Futuro Sem-Muro!, é a Vida. Gostaria de lhes revelar esta minha grande paixão pela Vida. Se os meus Contemporâneos Mais Abonados deste anno de 2001 soubessem (aqueles que estão com saúde, dinheiro no Banco e nos bolsos, os filhos em bons Colégios, muito alimento estocado em suas despensas, et cœtera) quomodo é sensacional estar vivendo e tivessem consciência do quanto foram agraciados pela Sorte Benfazeja, esta nossa realidade existencial seria algo fora do comum. Se essa consciência (ela está pendurada em uma Ilha distante e inatingível, conhecida apenas pelo escritor Mário de Andrade) fizesse parte dos nossos sentimentos existenciais, saberíamos dividir o pão e o vinho conforme o Filho de Deus nos ensinou no início da Era Cristã. Atualmente, neste Final de Anno de 2001 (não s’esqueçam da data, por favor), aqui no Brasil Ainda Varonil, não dividimos nada com nossos semelhantes menos afortunados. De vez em quando fazemos uma caridadezinha, principalmente, por ocasião do Natal, e, com isto, aplacamos a tal culpa (sentimento possivelmente moderno, ou seja, da Era Moderna) que, não sabemos o motivo, instala-se em nossos corações.

Meus Amigos e Amigas (do Maravilhoso Futuro Sem-Muro Brasileiro, naturalmente), viver, para a maior parte da humanidade, aqui, em meu tempo histórico (Final de Anno de 2001, não s’esqueçam da data!), é um pesadelo digno de ser formalizado em extensas páginas épicas ou ficcionais. Por exemplo: viajar de Metrô, no Rio de Janeiro, a mais Bella Megalópole do Mundo Rotundo, às dezoito horas, voltando do trabalho diário, é uma façanha existencial para nenhum Homem do Brasilês Futuro Sem-Muro botar defeito (Meninos! Eu sei!; Meninos! Eu vi!).

[Não sei se, no Brasilês Futuro Sem-Muro, esta expressão botar defeito será usada, por isto, estou a enviar-lhes também os outros significados atuais (deste Final de Anno de 2001, não s’esqueçam da data!) do verbo transitivo direto botar. De acordo com a etimologia, o verbo botar significava, em um passado remoto, lançar fora. Tornou-se um verbo tão popular (já sofreu degeneração semântica no já passado Século XX) que, aqui em meu Brasil Varonil deste Anno de 2001 (não s’esqueçam da data!), só os sobviventes (ou subviventes, se Vocês assim decidirem!), os falantes da Classe C (confiram, por favor, a cartinha que lhes enviei no dia 18 de novembro de 2001) atrevem-se a mencioná-lo. Por exemplo, o bebedor de aguardente (bebida de alto teor alcoólico) dirá: Ó meu (meu amigo, meu camarada, et cœtera), bota uma daquelas que matou o guarda aqui no meu copo. Hoje (os brasileses são chics, os da Famosa Elite Brasileira, naturalmente), há outros significados, mais eruditos!, que substituem o verbo botar. Anotem: pôr, colocar, guardar, depositar, incutir, IMPUTAR, infundir, et cœtera. Desculpem-me os meus inúmeros enclaves discursivos, mas preocupo-me sempre com a evolução das palavras, com as expressões populares e a arte do bem-falar. Não quero que imputem-me um mal-discorrer.]

Mas, retomando o teor de meu missivo, neste Final de Anno de 2001 (peço-lhes que não s’esqueçam da data, por favor!), neste meu Tempo Histórico de calamidades sem-fim, andar de Metrô (um veloz veículo, um trem subterrâneo) é uma façanha existencial prá ninguém botar defeito. Quando os brasileses cariocjônios voltam do trabalho diário (neste Final de Anno de 2001, não s’esqueçam da data, por favor!), enfrentam uma série de problemas. É uma batalha terrível, horrível, temível, incrível!, pior do que a batalha entre Gregos e Troianos mencionada por Homero (conf.: ILÍADA) em seus famosos versos hexâmetros. Eu, meus Amigos do Maravilhoso Futuro Brasilês, ando de ônibus ou de Metrô, para chegar ao (ou voltar do) trabalho diário. Por esta razão, permito-me escrever-lhes sobre um assunto tão problemático. Infelizmente, para resolver esta questão, neste Final de 2001 (não s’esqueçam da data, por favor!), não possuo a solucionática (só para lembrar-me do grande e deiforme Jogador de Futebol Brasilês Dadá Maravilha – pesquisem aí no Futuro, na Internet Maravilhosa de Vocês, quem foi o Dadá Maravilha –, criador da palavra solucionática e herói de minha mocidade).

Há duas semanas (lá para o Final do já passado Novembro de 2001; não s’esqueçam da data, por favor!), mais ou menos, por volta das dezoito horas, assisti a uma briga violentíssima, na Estação Estácio - linha dois: Estácio/Pavuna -, entre dois homens que voltavam do trabalho estafante. Os dois homens estavam brigando, simplesmente!, por um assento (uma cadeira vaga). Estapeavam-se violentamente, brutalmente, porque queriam viajar sentados e, no empurra-empurra - uma quantidade incrível de pessoas viajando em um minúsculo vagão -, um se antecipou ao pretenso dono do assento e, quomodo isto por acá, no Brasil Varonil deste Anno de 2001, é normalíssimo, a confusão teve início, necessitando de intervenção de Guardas Truculentos, todos treinados para tal empresa, para acalmar os ânimos.

A vida, meus Amigos, é uma dádiva preciosa. A morte é uma certeza. Mas, deixando de lado esta certeza, deveríamos aproveitar nossa estadia aqui na Terra de Deus, transformando esta dádiva em algo prazeroso. Infelizmente, o meu Mundo atual (do Final do Anno de 2001; não s’esqueçam!) é um lugar de incríveis conflitos. O progresso desenfreado e a luta diária pela sobrevivência (os sobreviventes - a famosa classe B - são oriundos da antiga Classe Média do Brasil Varonil) transformaram a nossa realidade em algo pior do que o Inferno de Dante Alighieri.

Enfim, meus Amigos e Amigas do Futuro Brasilês Sem-Muro!, são estas as notícias de hoje (dia 09 de Dezembro de 2001, para Vocês nunca s’esquecerem da data!). Por ora, não lhes falarei da Guerra, porque o mês de Dezembro é um mês de muuuuuuita Alegria! Vamos queimar milhões de cartuchos de fogos-de-artifício na passagem do Anno de 2001 para o Anno de 2002 (no momento, estamos necessitados de muita alegria, mesmo que seja passageira). Não deixarei de relatar-lhes o Grande Acontecimento Vindouro.

Finalizando o meu missivo: Em relação aos muuuuuuito pobres do Mundo Rotundo, neste Início do Terceiro Milênio (Primeiro Anno do Século XXI, não s’esqueçam deste Anno de 2001), peço-lhes que não se preocupem com eles ― Meus Amigos e Amigas do Futuro Brasilês Sem-Muro! ―, não se preocupem com os milhõõõõõõõões de Brasileses Sem Tecto que passam fome Neste Meu Tempo de Inúmeras Calamidades Por Enquanto Sem-Fim. Pelo menos, neste Momento Festivo Mês deste Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da data, por favor!), os pouquinhos muuuuuuuuito ricos olharão por eles (somente neste Mês do Natal do Anno de 2001, para aplacarem suas consciências). Depois... Depois, será o que Deus quiser!... Mas, a Invisível Guerra Cotidiana continua neste Mês de Dezembro de 2001...

Para Vocês, Meus Queridos Amores do Futuro Brasilês Sem-Muro!, envio, daqui deste Anno de 2001, um Mui Exaltado Abraço Transtemporal e o desejo sincero de que, nos Próximos Annos do Maravilhoso Futuro Brasileiro, todos vivenciem Maravilhosas e Verdadeiras Festas de Natal e Anno Novo.

ODISSÉIA MARIA, filha de Antônio Aquileu Musicista, o Pelida, e de Jane Briseides dos Campos de Plantação de Café de Minas Gerais, Brasil.

sábado, 3 de dezembro de 2011

CECÍLIA MEIRELES E SEU "ROMANCEIRO" PÓS-MODERNO: ROMANCE LIII OU DAS PALAVRAS AÉREAS


CECÍLIA MEIRELES E SEU “ROMANCEIRO” PÓS-MODERNO: ROMANCE LIII OU DAS PALAVRAS AÉREAS

NEUZA MACHADO

Hoje, neste meu blog, a minha proposta de leitura, para a reflexão dos Leitores-Internautas, é o canto denominado ROMANCE LIII OU DAS PALAVRAS AÉREAS, de Cecília Meireles. Por intermédio da especialíssima criatividade poética de nossa renomada escritora, os Leitores-Eleitos terão a oportunidade de repensar alguns momentos cruciais da História do Brasil.


ROMANCE LIII OU DAS PALAVRAS AÉREAS

Cecília Meireles

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...

A liberdade das almas,
ai! com letras se elabora...
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...

Detrás de grossas paredes,
de leve, quem vos desfolha?
Pareceis de tênue seda,
sem peso de ação nem de hora...
– e estais no bico das penas,
e estais na tinta que as molha,
e estais nas mãos dos juízes,
e sois o ferro que arrocha,
e sois barco para o exílio,
e sois Moçambique e Angola!

Ai, palavras, ai, palavras,
íeis pela estrada afora,
erguendo asas muito incertas,
entre verdade e galhofa,
desejos do tempo inquieto,
promessas que o mundo sopra...

Ai, palavras, ai, palavras,
mirai-vos: que sois, agora?
– Acusações, sentinelas,
bacamarte, algema, escolta;
– o olho ardente da perfídia,
a velar, na noite morta;
– a umidade dos presídios,
– a solidão pavorosa;
– duro ferro de perguntas,
com sangue em cada resposta;
– e a sentença que caminha,
– e a esperança que não volta,
– e o coração que vacila,
– e o castigo que galopa...

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão podíeis ter sido!
– sois madeira que se corta,
– sois vinte degraus de escada,
– sois um pedaço de corda...
– Sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...

Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
– sois um homem que se enforca!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

02 DE DEZEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 11


Esta minha Epístola aos Homens do Futuro (não s’esqueçam da data) foi escrita em:

02 DE DEZEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 11

NEUZA MACHADO

(Para o Brasileiro Consciente do Brasil-País do Futuro lembrar-se sempre que existiu um Brasil-Tristes Trópicos até o final do Século XX)


Meus Amigos e Amigas do Futuro Sem-Muro do Brasil Varonil, este início do Mês de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam do Anno desta Cartinha: Anno de 2001!), por diversas razões, merece ser exaltado. Estamos terminando, não sei se gloriosamente, o nosso Primeiro Anno do Século XXI e Primeiro Anno do Terceiro Milênio. Não obstante as Inúúúúúúmeras Guerras que, neste momento, assolam o Nosso Planeta Terra, apesar dos Desajustes Sociais nos Quatro Cantos do Mundo, sinto-me um ser privilegiado. Quomodo boa Sagitariana, costumo oferecer crédito às sugestões dos Oragos Astrológicos e, por tal razão, penso que tive muita Sorte Benfazeja nesta minha existência terrena.

Pelo fato de ter nascido em meados do Século XX (graças a esta Apreciada Sorte!), pude viver uma parte de minha vida em um momento que sinalizou o Final de um Século Automatizado (também o Final de um Segundo Milênio Praláde Problemático!), no qual (apesar de todos os problemas insolúveis) ocorreram inúmeras descobertas tecnológicas. Assim, pude assistir, quomodo privilegiadíssima espectadora, na expectativa fundada em supostos direitos femininos, probabilidades ou promessas, eu pude vivenciar, repito, o Início de um Novíssimo Milênio (o Terceiro) que marcará o Calendário da Terra. Agora, nesta segunda parte de minha vida (espero, se o Deus dos Cristãos assim quiser, o meu Deus Onipotente, que seja muuuuuuito loooooonga!), ainda presa a esses hipotéticos direitos adquiridos por meios supostamente sobrenaturais, espero, repito, ainda ter tempo vital-horizontal para apreciar as Inúmeras Maravilhas do Orbe e as Inúmeras Maravilhas Prometidas Para o Meu Brasil Varonil (Maravilhas Prometidas Desde o Século XVI), Maravilhas estas que estão e estarão ainda em processo de configuração em meu Futuro Próximo (talvez, quem sabe?, a partir de 1o de Janeiro de 2003, se Deus Nosso Senhor assim quiser!).

Meus Amigos e Amigas do Futuro Brasilês!, hoje, neste 04 de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da data desta Cartinha), espero esse próximo dia 1o de Janeiro de 2003 com muita ansiedade, pois desejo sinceramente que essas Maravilhas Anunciadas desde o início da Colonização (e das outras Colonizações: vitais e mentais) ocorram em um Tempo Recorde, para que possam beneficiar, principalmente, o Maravilhoso Momento Histórico do Amanhã de Vocês.

De qualquer maneira este Mês de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da data) merece ser exaltado, porque resistiu bravamente aos Conflitos Mundiais (guerrilhas em cada Cantinho do Mundo Rotundo) e aos Conflitos Políticos de Minha Nação Brasilesa (o Mês de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da data), aqui no meu Brasil Varonil do Final do Segundo Milênio, está passando as responsabilidades diárias para o Anno que vem) e permitiu-nos ― Homens e Mulheres e Crianças de Nossa Ágora sempre repleta de Esperanças em um Futuro Glorioso e Sem-Muro ― mais um Período Existencial: o estar vivendo quomodo rezam os Preceitos do Único Deus dos Hebreus e Cristãos.

O Mês de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam desta data, jamais!) merece ser exaltado, principalmente, porque, ainda, não aconteceu o terrivelmente esperado Fim do Mundo dos Antigos Oráculos. Os Homens de meu Passado Histórico (o Passado Histórico desta minha época pertencerá também aos Habitantes do Futuro Sem-Muro) previram o Grande Momento da Exterminação Total da Humanidade para antes do Anno 2000 e, graças a essa Maluca Previsão, a Crédula Humanidade viu-se presa de Angustiante Expectativa. Mas, por enquanto, os Oragos Aziagos erraram, felizmente!

Outros motivos para que o Mês de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da data) seja exaltado: o Papa Karol, chamado também de João Paulo II, o Sumo Pontífice da Igreja Católica Romana, continua vivíííssimo e abençoará, não tenho a menor dúvida!, o Segundo Anno do Terceiro Milênio. O Papa Karol, se Deus for com ele!, ainda viajará muuuito pelo Mundo Rotundo, levando a Palavra de Cristo. Lembrem-se dele, aí no Futuro Sem-Muro, Meus Amigos e Amigas! O Papa Karol, depois de São Pedro (o Primeiro) e São João XXIII (deste Século XX), poderá ser considerado o Maior da Igreja Romana. Ele superou as pressões bélicas da Segunda Metade do Século XX, sobreviveu a um atentado terrorista e ainda perdoou o agressor. O Papa Karol (em nossa real memória, em nossa sobrenatural imaginação, em nossa lírica recordação, nos imaginários-em-aberto de nossos textos ficcionais) viverá eternamente.

Quero que saibam, também, que (neste Mês de Dezembro de 2001, não s’esqueçam da data) a minha Cidade Maravilhosa, a Cidade do Rio de Janeiro, Megalópole do Mundo Rotundo, continua bella como sempre. É bem verdade que, aqui neste meu Brasil Varonil, neste Final de Anno de 2001 (não s’esqueçam da data), existem muuuitos e muuuuuuitos e muuuuuuuuitos mendigos (incontáveis!) nas ruas e debaixo das pontes, nas Grandes Cidades Superlotadas, mas, neste Mês de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da data), já finalizando o Governo do FHC, algumas poucas Entidades Filantrópicas olharão por eles. Neste Mês de Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da data), pelo menos!, os Deserdados da Sorte (milhõõõõõões!) não passarão fome. Saibam que, apesar da exigência de economia de luz (uma terríííííível exigência neste Governo do Fernando), nossas Festas de Fim de Ano ― Natal e Ano Novo ― serão iluminadas e, pelo menos por duas noites, os Pobres Sem Tecto e Sem Pão estarão felizes (lembrem-se disto no Futuro Maravilhoso de Vocês!).

Aqui, no Brasil Varonil, neste Dezembro de 2001 (não s’esqueçam da data), há muita movimentação para as Festanças de Fim de Anno. Todos já estão enfeitando suas casas e comprando os alimentos necessários para a celebração. Acenderemos nossas churrasqueiras ― os muuuuuuito pobres e os pouquinhos muito ricos irmanados ― e assaremos porcos, perus e galinhas em homenagem a mais um Anno de Vida na Terra de Deus Onipotente. O Natal, também, será dignamente celebrado (acreditem!). No Dia 25 de Dezembro deste Anno de 2001 (não s’esqueçam da data, por favor!) será comemorado o Nascimento de Jesus e, para que a comemoração se apresente completa, uns poucos muuuuuuito ricos já estão providenciando alimentos, roupas e calçados para os muuuuuuitos muuuuuuito pobres. Com toda certeza, uma quilométrica mesa de Natal será construída em uma rua tradicional da Cidade do Rio de Janeiro (pesquisem na Internet, por favor!, Meus Brasileses Amigos do Futuro Brasilês Iluminado e Maravilhoso) e, sobre a mesma, deliciosos alimentos que serão oferecidos aos nossos Deserdados da Sorte Benfazeja. Os poucos cidadãos mais afortunados (riquíííssimos!), aqueles que contribuíram para a Grande Ceia de Natal dos Muuuuuuitos Muuuuuuito Pobres Carentes do Rio de Janeiro (os Pobres Sobviventes!, ou Subviventes!, escolham a palavra certa aí no Futuro de Vocês!), nesse Próximo Dia de Natal de 2001 (não s’esqueçam da data, por favor!), dormirão o sono dos justos. Esta cena, Meus Amigos e Amigas do Maravilhoso Futuro Brasilês Sem-Muro!, se repetirá em todas as Regiões do Brasil Varonil e nos Países Pobres do Orbe Rotundo também. Ligando nossas televisões (Nós, os Grandes Sortudos da Sobrevivência!) ou, então, acessando a Máquina Internet, aquela que nos mostra todos os Acontecimentos do Mundo e da Galáxia Infinita no perpassar (escoar-se o tempo) de um segundo, assistiremos às Demonstrações de Extrema Bondade dos Poucos Privilegiados da Sorte (os muuuuuuito ricos!). A emoção nos dominará (dominará as Três Classes!) e estaremos Todos Felizes.

Mais para o Final de Dezembro do Anno de 2001 (não s’esqueçam da data), em homenagem às tradições religiosas que fazem parte de Nossas Vidas, com certeza!, a Bandeira da Paz Universal Certamente Será Hasteada, temporariamente (imagino!). Até lá, terei tempo de relatar-lhes as Ocorrências. Aguardem!

Daqui do meu Brasil Varonil, ainda repleta de Esperança em Dias Melhores para o Futuro deste mesmo Brasil Varonil, prometo-lhes um novo missivo para o dia 09/12/2001. Por ora, recebam o cordialíssimo abraço da Muuuuuuito Esperançosa

ODISSÉIA MARIA, Filha de Antônio Aquileu Pelides e Jane (Joana) de Ogiges Brises Martins D’Amorim.