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sábado, 31 de julho de 2010

4 - NO MUNDO DOS SONHOS DIMENSIONADOS: A VIAGEM

4 - NO MUNDO DOS SONHOS DIMENSIONADOS: A VIAGEM

NEUZA MACHADO

Nessa época, eu já estava morando na Rua Garibaldi, na Tijuca. Ali, muitos sonhos interessantes povoaram as minhas noites, pois o prédio onde se localizava o meu apartamento era muito silencioso. Aos poucos, pretendo relatá-los.

Em um deles (um sonho inesquecível!), eu estava a sair de casa na parte da manhã. Ia ministrar duas provas na Universidade em que eu trabalhava. No sonho, eu me vi saindo pelo portão de entrada/saída do referido prédio, na Tijuca (estava a morar ali há pouco tempo).

Então!!! Há poucos meses, moradora da Tijuca.

Estava indo para o trabalho (no sonho, naturalmente!), para ministrar as ditas provas.

Em um segundo movimento do sonho, no intervalo de uma prova para a outra (lembro-me perfeitamente da movimentação em sala de aula, com os alunos compenetrados a fazer a prova, etc.), por algum motivo inexplicável, saí rapidamente, pretendendo voltar logo a seguir.

Em um terceiro impulso agitado do sonho, já na rua, comecei a caminhar a passos rápidos. Como estava com muita pressa, um jovem motorista, desconhecido, que passava por ali em seu automóvel, diminuiu a velocidade do veículo e se aproximou de mim, oferecendo-me um grande embrulho. Quando abri o embrulho, vi que eram passagens de metrô, acomodadas em tiras compridas, subdivididas, para serem destacadas, ou seja, tiras de passagens semelhantes a invólucros de band-aid. Logo a seguir, deu-me carona até ao Viaduto que fica antes da Praça Onze (o famigerado Viaduto Paulo de Frontim). O carro esporte vermelho chamava a atenção dos passantes. Em um determinado momento, saí do carro vermelho, agradecendo a carona.

Em mais uma deslocação sonambúlica, já ia atravessar a rua movimentada quando, na terceira passada, um grande carro bateu violentamente em mim. Como não sofri nada, atravessei a rua e continuei, tranquilamente, o meu caminho, a direção do ponto de ônibus.

Nova e diferente agitação ao longo do sonho: De repente, ao invés de estar no ponto de ônibus, vi-me em um quartinho apertado e estranho, onde algumas pessoas, em fila indiana, esperavam para comprar a passagem. Fiquei na fila unicamente para não perder a minha vez de entrar naquele lugar desconhecido, pois já possuía a passagem.

Uma senhora negra, usando um esvoaçante vestido colorido, era a primeira da fila, e se encontrava rente a uma porta metálica. Eu era a sexta. Em um abrir e piscar de olhos, quando olhei à minha volta, o quartinho estava cheio de pessoas que esperavam o metrô.

Meio acuada, naquele apertado compartimento, olhei para cima, obliquamente, e, no teto do quartinho, vi uma pequena janela, na qual uma mulher observava-me fixamente. Ao ser surpreendida por mim, fechou a abertura.

Nisto, ouvi o barulho de uma locomotiva e, imediatamente, a senhora preta do vestido esvoaçante tentou abrir a porta. Conseguiu abri-la e quase foi lançada em direção ao nada. Isto, porque o quartinho já estava a se movimentar. Não me lembro dos detalhes, mas, milagrosamente, a dita senhora continuou dentro do quartinho. Logo a seguir, o quartinho apertado se transformou em um vagão de trem. Entretanto, não havia plataforma, não havia trilhos, não havia estação. A senhora preta do vestido colorido esvoaçante afastou-se um pouco e a porta fechou-se como se fosse encantada.

O quartinho-vagão corria velozmente, em aclive, sempre em aclive, sobre trilhos imaginários. Visualizei cenários incríveis (janelinhas panorâmicas apareceram, durante a viagem), parecidos com as terras de faroeste americano. A terra era vermelha e poeirenta, e o quartinho-vagão corria velozmente, sempre em aclive.

Olhei novamente os passageiros e dei de cara com o rapaz loiro, belíssimo, aquele que me havia dado o embrulho com os bilhetes e me oferecido carona em seu automóvel vermelho brilhante. Não sei como, ele também estava no quarto em movimento, e o carro vermelho também.

Gritei para ele (o barulho do trem era insuportável) que eu não iria conseguir voltar em tempo hábil para ministrar a segunda prova. Ele, aos gritos, respondeu-me que não me preocupasse, pois haveria tempo sobrando, que aproveitasse o máximo do passeio, pois era relaxante, e eu estava precisando de um longo período de repouso.

Não saí do quarto-vagão. Acordei repentinamente!

Agora, a relembrar-me do sonho, penso que, até hoje, a minha vida sempre correu velozmente sobre trilhos imaginários, em meio a infindáveis promessas de felicidade. De vez em quando, em períodos cíclicos, nos anos posteriores ao acontecimento, reflexivamente e racionalmente, detive-me (detenho-me ainda) para consertar alguns trilhos descarrilados.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

3 - NO MUNDO DOS SONHOS DIMENSIONADOS: O APARTAMENTO-COBERTURA E O HOMEM-ÁGUIA

3 - NO MUNDO DOS SONHOS DIMENSIONADOS: O APARTAMENTO-COBERTURA E O HOMEM-ÁGUIA

NEUZA MACHADO

Nessa época, eu estava recém-separada, depois de um casamento de vinte e cinco anos e três filhos adultos. Para sustentar-me, e para não necessitar de ajuda financeira por parte do ex-marido, trabalhava como professora universitária (trabalho ainda). Depois da separação, aluguei um apartamento em um prédio da Rua Benjamim Constant, no Bairro da Glória, no Rio de Janeiro. Enquanto aquilo, eu procurava adaptar-me à minha nova realidade existencial. Por vários motivos, naquela época (e por pouco tempo), as minhas noites de sono não eram muito tranquilas, estranhos sonhos e pesadelos povoavam minha mente.

Em uma daquelas noites, vivenciando um sonho por demais nítido, vi-me residindo em uma ampla cobertura, no alto de um prédio de 21 andares. Lembro-me dos andares, pois vi este número, quando saí do elevador para entrar no apartamento. Caminhei por um amplo salão, com poucos móveis, pois o que se destacava era o assoalho castanho-brilhante e as amplas janelas do grande salão.

De repente, olhei para trás e não vi mais a porta de entrada/saída. Estava presa naquele luxuoso ambiente. Mas, as janelas estavam abertas, o dia estava claro em demasia, e existia uma porta que dava para um terraço imaginário (eu não via o terraço, mas tinha consciência de que ele estava ali). Sentia-me angustiada naquele expectante ambiente.

Logo depois, uma águia imensa, preta, com olhos penetrantes, e com o bico assustador, começou a voar em volta das janelas panorâmicas, abertas, do apartamento-cobertura. Voava e me olhava. Dava voltas, voando em círculos diante das inúmeras e largas janelas, e me olhava fixamente. O seu tamanho era assustador. Às vezes, a imensa ave planava, com as asas abertas, imóvel no ar, em minha direção e em sentido frontal, olhando-me sempre. Em contrapartida, eu também a olhava admirada e com preocupação. Eu sabia que ela estava ali por minha causa. Encolhi-me em um canto do salão, esperando que ela entrasse por uma das amplas janelas ou pela porta do terraço, para agredir-me ou coisa pior.

Ainda acuada, em um cantinho do salão, vi a grande águia entrando pela porta do terraço. O chão, brilhante, encerado, metálico, refletia a estranha criatura.

Era uma ave alta e magra, com aspecto de homem e cabeça de águia. Lembrava uma figura medieval, com a cabeça coberta, como se fosse um capelinho preto confundindo-se com a cabeça de ave, e a longa túnica preta confundindo-se com as penas pretas. Usava coturnos medievais, pretos, que se confundiam com os pés próprios de uma ave. As asas negras, caídas ao longo do corpo, como se fossem braços, se ajustavam a uma espécie de forma masculina. O homem-águia veio se aproximando de mim, lentamente. O medo que eu sentia desapareceu, como que por encanto. O grande homem-águia abriu as asas para abraçar-me. Senti-me leve e protegida, aninhada em seus braços. Não sei dizer se, no final, eram asas ou braços. Mas, a face era de águia, com bico, olhos, e tudo o que representa essa imensa ave.

Depois do sonho: Não me lembro de ter saído daquele reconfortante abraço. Não me lembro de ter saído daquele grande salão.

Ainda hoje, sinto-me protegida ao me recordar daquele intrigante abraço. Imagino que o meu Anjo da Guarda possua a forma de um Homem-Águia (e não acredito que seja um Anjo maléfico).

quinta-feira, 29 de julho de 2010

2 - NO MUNDO DOS SONHOS DIMENSIONADOS: OITO LUAS CHEIAS NO CÉU

2 - NO MUNDO DOS SONHOS DIMENSIONADOS: OITO LUAS CHEIAS NO CÉU

NEUZA MACHADO

Era uma noite iluminada por uma espetacular Lua Cheia. Eu era muito jovem, magrinha, com longos cabelos cacheados, que já chegavam à cintura (em realidade e no sonho). Eu usava, nessa época, os cabelos presos em um volumoso rabo-de-cavalo. Na testa, eu ostentava uma graciosa franjinha. Usava sempre vestidinho de florezinhas coloridas, rodado e vaporoso. E, naquela noite de sonho, noite inesquecível!, vi-me passeando, sozinha, em uma larga estrada desconhecida. Eu andava e andava, maravilhada com a paisagem prateada e com aquela atmosfera mágica, de puríssima maravilha.

Andei por um longo tempo, quando, de repente, comecei a sentir frio e apreensão. A estrada se alargava, cada vez mais, e a noite, prateada pela Lua Cheia, que, do alto, no céu, me acompanhava ao longo do caminho (por cima de minha cabeça), começou a se tornar dourada, com um brilho intenso e assustador. Fiquei momentaneamente sem ação, com receio de continuar a minha caminhada noturna.

Quis descobrir o mistério. Continuei a caminhar em meio àquele brilho dourado. Enquanto andava, olhei para o céu. Quase rentes à minha cabeça, oito Luas Cheias, resplandecentes, brilhantes, se destacavam, umas próximas às outras. Continuei caminhando, sempre para frente, buscando o infinito, olhando as oito Luas Cheias (ou muito mais, não me lembro bem!), feliz e deslumbrada.

Ainda hoje, as Luas Cheias daquele meu sonho continuam iluminando a minha vida.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

1 - NO MUNDO DOS SONHOS DIMENSIONADOS: A LONGA PONTE DE TRONCO DE BRAÚNA E O LARGO RIO INFINITO

1 - NO MUNDO DOS SONHOS DIMENSIONADOS: A LONGA PONTE DE TRONCO DE BRAÚNA E O LARGO RIO INFINITO

NEUZA MACHADO

Na época do meu primeiro sonho, que quero relatar, eu já havia completado sete anos de vida no final do ano anterior. Meus pais moravam em uma casa de beira de estrada, no sopé da Serra dos Perons (uma montanha agrária que pertencia às inúmeras ramificações de uma grande família, de origem italiana, cujo patriarca chamava-se Alexandre Peron). Era uma casinha nova, de meeiro, localizada no sítio do patrão de meu pai (o senhor Delilo Coutinho, irmão daquele famoso magnata do futebol brasileiro dos anos cinquenta e sessenta, o empresário Giulite Coutinho, anos depois presidente da CBF), casinha esta que se localizava na entrada da cidade de Santa Luzia do Carangola de Minas Gerais (onde atualmente existe um Anel Rodoviário, em bifurcação, pois, do lado direito, a estrada se direciona ao Município de Divino (antigo Divino de Carangola), e, do lado esquerdo, atravessando o rio Carangola, a mesma estrada vai a direção à Varginha e outras localidades adjacentes).

A mudança da casa velha (do Bairro de Santa Maria, onde eu nasci), uma casa antiga próxima ao grande Pontilhão de Ferro da Linha Ferroviária da Princesa Leopoldina (um pontilhão, precioso, fabricado na Bélgica, e que se localiza, ainda hoje, nas imediações da já destacada casa velha) para aquela, a daquele momento, acontecera naqueles dias, próximos ao dia do acontecimento desta minha narrativa. Mamãe diligenciava, muito ocupada com a arrumação de nossos poucos e usados móveis, em faina constante, trabalhadora e, por incrível que pareça, inigualável na cozinha (logo, a mamãe!), e estava, naquele momento, atarefada com as panelas de ferro, pretas, sem polimento algum, e com o cozimento das refeições, e muito feliz na recente residência.

A bem da verdade, mamãe não era lá muito fanática por arrumação de casa e muito menos fanática com o polimento das panelas e horário de refeições. O fogão de lenha de nossa casa só fazia fumaça acionado por seu dilatadíssimo estômago. O que eu quero dizer é que o horário das refeições, lá em casa, naquela época e em épocas posteriores, não acompanhava o tique-taque do relógio. Comíamos na hora em que mamãe sentia fome.

Então! Então, naquele dia era um Domingo. Mamãe estava a receber a visita de sua irmã caçula, a tia Fisica (que iria passar uns tempos em nossa casa). Mamãe matava algumas galinhas de nosso terreiro; retirava carne de porco das latas de gordura (carne temperada e cozida, para durar por algum tempo); catava feijão para cozinhar em um grande panelão, cuja trempe se localizava em um fogareiro, do lado de fora da casa; e outras atividades mil, para preparar um lauto jantar para nossa visita.

Mas, com todo esse movimento, o jantar estava demorando a ficar pronto. Por que? Porque as duas conversavam, e conversavam, e conversavam, e a esperada janta não saía de jeito nenhum.

A janta, naquele tempo, era servida por volta das dezesseis horas, ou melhor, deveria ser servida nesse horário, mas nem sempre assim, se a cozinheira fosse semelhante à mamãe. O almoço, como era o costume daquela época, nas cidadezinhas do interior de Minas Gerais, era servido às oito horas da manhã (isso, se mamãe acordasse antes das oito!) e o café da tarde, geralmente, por volta de meio-dia, mais ou menos. A janta, por volta das quatro da tarde. Às vinte horas, pontualmente, era servida a ceia, enquanto ouvia-se a novela radiofônica (aquela que substituiu a incomparável novela de rádio O direito de nascer, adaptação em português de um dramalhão mexicano de uma famosa novelista chamada Glória Magadan). O motivo: dormíamos cedo, naquela época, só depois da novela do rádio.

(Esquecia-me de dizer que os adultos só tomavam café puro ao acordar, para iniciarem a lida. Somente as famílias muito ricas tinham o costume de um lauto café da manhã, com mesa posta e tudo. Evidentemente, não era assim em nossa casa).

Só que, em nossa casa, a ceia das oito horas da noite coincidia, quase sempre, com o horário da janta. É bom recordar o fato de que o papai saía cedo para o trabalho. O nobre tomava um cafezinho requentado, antes de sair de bicicleta em direção ao serviço, na cidade, como funcionário-guardião do Armazém de Cereais do Seu Delilo Coutinho. Mas, naquele dia, era domingo. Eu e o papai esperávamos pacientemente a janta, que estava custando a sair das pretas panelas de ferro não-polidas. Mamãe conversava e conversava com a tia Fisica (por nome Yolanda, na certidão de batismo).

E o caso estranho que quero relatar foi assim:

Devia ser umas cinco horas da tarde. Cansada de esperar pela janta (que estava custando a ser servida por mamãe), recostei-me em um travesseiro de paina, na caminha de solteiro que ficava em um quarto-saleta próximo à cozinha. Papai já estava ressonando no quarto do casal, o quarto da frente. O dia estava meio frio. Agasalhei-me com uma cobertazinha fuleira (cobertura de pobre, também chamada de coberta-bicicleta, não sei por quê?), e envolvi-me em meus sonhos infantis, próprios de uma menina de sete anos. Não tardei a pegar no sono. E comecei a sonhar. E o sonho parecia real.

De verdade, havia um largo terreirão em frente a tal casinha da estrada, aquela em que morávamos. Depois da estrada de rodagem (uma ramificação rudimentar da BR116-Estrada Rio-Bahia passando pela cidade de Carangola), do outro lado, havia uma espécie de declive acentuado, arborizado, e, lá embaixo, se localizava um grande casarão de fazenda, já muito velho e caindo os torrões das paredes e podres as tábuas do assoalho. (Nesse casarão velho, de propriedade do senhor Delilo Coutinho, moramos também, posteriormente; hoje, a Casa-Fazenda já não existe e ali se localiza o tal Anel Rodoviário, passando um viaduto por cima do rio, e, com isto, distribuindo a estrada em várias direções). Naquele tempo e até hoje, no local, havia muitas árvores frutíferas, e, para completar o cenário de pura maravilha, lá em baixo, próximo ao velho casarão, passava o rio Carangola. Ali, naquele lugar, passei maravilhosos momentos quando criança.

Mas, como eu estava contando, a janta estava demorando a sair do fogão para nossas barrigas famintas. E mamãe conversava, conversava, conversava com a tia Fisica (e mastigava, mastigava, mastigava, alguns pedaços de carne de porco e carne de frango e provas de comida, assim como também a Tia Fisica). E a Tia Fisica rememorava todos os casos acontecidos na roça, contando todos os episódios tim-tim-por-tim-tim. O papai dormia, com fome, coitado!, na cama grande do quarto da frente. E eu cochilava com fome também no quartinho da sala.

De repente, o rio Carangola já estava diante do grande terreiro de nossa casa, já não havia estrada de rodagem coisíssima nenhuma; em baixo, já não existia nenhuma casa-fazenda caindo aos pedaços, não senhor!, nem mesmo árvores frutíferas, nem nada. Somente um largo rio (que já não era o rio Carangola), parecendo um imenso braço de mar de tão grande, separando a nossa casinha sem magnificência da visão de uma brilhante cidade, que ficava lá, longe, diluída na paisagem e nos reflexos do grande rio, extenso... extenso... extenso...

Olhei maravilhada a aparição, e, imediatamente, surgiu uma longa e grossa tora de braúna, presa nas duas margens como se fosse uma longa longa longa ponte, unindo a minha casinha de roça à grande cidade, que se avistava ao longe.

Pela minha perspectiva infantil, a cidade longínqua era grandiosa. Vi casas e ricos sobrados, maravilhosamente iluminados. E era dia. O sol os iluminava. E eu quis atravessar a ponte de tora de braúna e ir para o outro lado. E eu era uma menina de sete anos, bem caipirinha, bem roceirinha, bem o adjetivo inferiorizado que você quiser (não se esqueça; não conhecia nenhuma grande cidade!).

Comecei a caminhar, procurando equilibrar-me em cima da tora que ficava sobre o amplo rio. Caminhei até à metade. No meio do rio, depois de ter caminhado por um longo tempo, sempre me equilibrando, comecei a sentir frio e medo. Minhas pernas infantis já não colaboravam com a minha ânsia de atravessar o rio e ir para o outro lado, onde se localizava a magnificente cidade. As pernas falharam, eu escorreguei no liso da tora, e me vi sentada, com as pernas abertas, sobre a tora de braúna, com muito medo de cair naquelas águas claras e tranqüilas. O rio era um espelho tranquilo. Não vi águas revoltas. Sentada (montada, com as pernas abertas ― em forma de ípsilon de cabeça para baixo ― sobre a tora), eu procurava movimentar-me, por certo sentada, dando impulso, elevando o corpo, sempre para frente. Quase chegando ao outro lado, vi-me em apuros, prestes a cair naquelas águas tranquilas e profundas. Em desequilíbrio, eu murmurava: ui!, ui!, ui!, olhando sempre em direção à Grande Cidade.

Não cai. E não voltei para trás, pois acordei.

Acordei com a mamãe me perguntando: “O que ocê sentindo, Neuza? Por que está gemendo ui!, ui!, ui!?”. “Não estou sentindo nada não, mamãe! Estava sonhando um sonho bão demais da conta! A senhora me acordou, antes d’eu chegar à cidade! Já tem janta, mamãe?”. “Que janta o quê? Já é de manhã. Ocê dormiu sem janta. Um sono só, desde quatro da tarde. Não quis acordar ocê não. Ocê vai mais é tomar café, menina!, e ir logo p’ru Grupo Escolar, porque hoje já é segunda-feira!

Anos depois, já estávamos morando na Grande Cidade do Rio de Janeiro. Em 1991, atravessei o Oceano Atlântico, sobre uma ponte de tora de braúna imaginária, pois olhava aquele marzão infinito da janelinha do avião. Viajava feliz, para conhecer algumas Cidades da Europa. Em dezembro de 1995 e todo o ano de 1996, morei em Manaus, e pude ter a exata idéia da grandiosidade do rio Amazonas, visualizado em sonho aos sete anos de idade. Exatamente igual. Em 1997, já de volta ao Rio de Janeiro, eu atravessava, todas as quartas-feiras, a Ponte Rio-Niterói, para trabalhar em São Gonçalo, como professora universitária. Nas idas e vindas, eu revivia o meu sonho dos sete anos. Tanto do lado do Rio de Janeiro quanto do lado de Niterói a minha perspectiva era sempre a mesma: uma longa ponte, um imenso rio-mar, e, bem próxima, uma magnificente cidade. Tudo exatamente igual.

Até hoje, as grandes cidades, as longas viagens e as intermináveis aventuras continuam em meus sonhos de todas as noites. Os caminhos da roça, também. Graças a Deus! Felizmente, não perdi contato com as minhas raízes! Continuo direcionando os meus sonhos noturnos (manipulando-os criativamente!), sempre para frente, com o meu pezinho infantil ainda bem plantado em minhas emoções primordiais. Sem medo de ser feliz! Graças a Deus! Subidas íngremes (fáceis ou difíceis); tapetes sendo puxados violentamente sob os meus pés com asinhas douradas; intermináveis elevadores, panorâmicos; longas estradas (de carro, ônibus, a pé, etc.); escadas infindas (sempre para cima, sim, senhor!; às vezes com dificuldade, outras vezes, com muita facilidade). Sonhos grandiosos! Sim senhor! Realidade comum! Muito trabalho! Pouco dinheiro! Muita alegria! Tristeza, jamais! Vida saudável! Muita riqueza interior, sim senhor! Obrigada, meu Deus! Amém!

terça-feira, 27 de julho de 2010

15.4 – O RETORNO DE CYBELE: O FINAL DO NARRADO

15.4 – O RETORNO DE CYBELE: O FINAL DO NARRADO

NEUZA MACHADO

Mas, o Resgate Esperado,
Aqui N’Este Neo-Enrolado,
AFirmando e ConFirmando,
N’Este Final de Narrado,
Não Aconteceu, Não Senhor!,
PorQue A Cybele Encarnação
Do Antigo Cantar Rimado,
Vivendo Agora em Terras Bellas
Do Meu Brasil Muito Amado,
EnControu Um Novo Amor,
O Mercador Sedutor,
E Junto Com o Dito Cujo,
O Seu Amoroso Marujo,
Saiu em Neo-DisParada,
Esquecida dos Filhinhos
E da Filha Muito Amada,
A Ceres Repórter Bella,
Que Foi, Aqui, EnContrada,
Trabalhando Numa’Empresa
De Tevê Conceituada,
E o Tal Resgate, PreDicto,
Ficará,
Quomodo o Dito e o ReDito!,
Para Uma Outra Empreitada.

Já a Almandina Rubirosa,
A Sacerdotisa Letrada,
Aquela De Mente Airosa,
A Protegida Ladina
De Íris dos Olhos, Menina,
A Poderosa Divina
Da Intrigante Neo-Mirada,
ReSolveu Sair em Férias,
N’Aquele Mês de Geada,
O Julho EnReGelante
De Minha Terra Adorada,
Junto Com o Faetonte,
Filho do HeliosPonte
E BisNeto da Homenageada,
A Cybele Diva Gisele
Da Pedra ReVerenciada;

E a Almandina Gostou Tanto
Da Itália Idolatrada
Que, Por’Alá, SI’AClimatou,
E Nunca Mais Que ReTornou
À Sua Pátria Abençoada,
Mas Sempre Que Pode,
A Otomante,
EnVia Carta Brilhante
E Beijos à Filharada.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

15.3 - A CYBELE DESTA ESTÓRIA TAMBÉM SAIU DO PASSADO

15.3 - A CYBELE DESTA ESTÓRIA TAMBÉM SAIU DO PASSADO

NEUZA MACHADO

A Cybele Desta Estória
TamBém Saiu do Passado,
E SI APoderou do Corp’Humano
De’Almandina da Glória,
A Rubirosa Bonina
Deste Novo Enunciado,
A Sacerdotisa Ladina
Do Novo Narrar Cantado,
Em Busca dos Titãs Perdidos
Ao longo da Trajetória,
Desde os Romanos Pagãos
À Idade Média Meritória,
Passando Pel’o Modernoso
De Realidade Notória.

Então, O Que Ocorreu,
E Isto Já Vos Contei!,
No Início do Narrado,
Foi Que a Deusa-Mãe
Dos Portentosos,
Famigerados
Famosos,
Deuses do Olimpo de Roma
E das Velhas Cidades da Ásia

E das Cidades Maiorais,
Todas Elas, Com Certeza!,
Cidades Terráqueas Reais,
A Poderosa Cybele,
A Dita Cuja Romanelli
Das Anosas Viagens Astrais,
Até Hoje Idolatrada
Nos Lares ReManescentes
Dos Antiquíssimos Jograis
E Pel’Os’Apreciadores
De Velhíssimos Lais,
DesCobrira, a Dita Cuja,
Que Seus Divos ReBentos Heróicos
Estavam Na Terra
Dos Homens Sem-Rumo
DisFarçados de Seres Mortais.

A Zelosa Mãe,
QuoModo Já Vos Dissera
Em Antes,
Ficou Muito PreOcupada,
Ansiosa Por DeMais!
A Terra Tornara-Se
Um Lugar Perigoso
Tenebroso
Angustioso,
E os Divinos Menininhos
Agitados E Mal-Humorados
Já Não Possuíam
O Mesmo Vigor e Poder
Dos Tempos de Reais Passados,
Para SI Defenderem
Das Ciladas
Do Destino Enganoso.

Então, O Único Jeito
De ReTornar ao Mundo Real,
Sem Muito ImPacto Global
E Sofrimento Moral,
Sem a Necessidade
De Nascer Novamente
(O Que, Certamente!,
Mostrava-se
Deveras InCoerente),
Seria Arranjando Um Jeito
De InCorporar-SI
Em Uma Mulher Maternal,
E ao Mesmo Tempo Sensual,
E, Com Esse Avatar Sem-Igual,
Resgatar
O Seu Excepcional Pessoal.

A Escolhida, Preferida,
De Índole AGuerrida!,
Foi a Sacerdotisa
Almandina Rubirosa
DeMente Engenhosa.

domingo, 25 de julho de 2010

15.2 - A CYBELE GISELE MARIA OUSOU VOLTAR COM MAGIA D’AQUELE PLANETA DISTANTE


15.2 - A CYBELE GISELE MARIA OUSOU VOLTAR COM MAGIA D’AQUELE PLANETA DISTANTE


NEUZA MACHADO


A Cybele Gisele Maria

Ousou Voltar Com Magia

D’Aquele Planeta Distante,

PorQue Quomo Deusa de Vera Alegria,

Ou Deusa da Sear’Abundante,

Ou Deusa da Pedra Lunar,

Ou da Géia Fruitificante,

Estava EnCerrada na Mesma

A Sua Terráquea Energia,

A Tal Fonte’Intrigante,

Primordial e Constante,

Do Fogo, da Água e do Ar,

Uma Energia Singular

Para Nascimentos

De Deuses e Deusas

Do Monte Celestial,

De SemiDeuses Actlantes

Da Europ’Ocidental,

E de Humanos Inconstantes

De Nosso Planeta Global.


A Pedra Ebanística Brilhante

E a Tiara de Diamantes

Eram as Suas Marcas Legais,

Os Romanos NeoGigantes,

Todos Muito Actuantes,

As Colocavam Todinhas

Em Um Bello Pedestal,

Pois os Germes Que Exalavam

Geravam Searas Abundantes,

Com Fruitos Adocicantes

E Mui Saborosas Sementes,

Sementes Itinerantes,

As Quais, DePois, InCessantes,

E das Colheitas Abundantes,

Já Maduras e Papantes,

Deliciosas e Crocantes,

Transformavam-Se N’Um Instante

Em Gostosos Cereais,

Alimentando os Humanos,

Os Peixes dos Oceanos,

Os Pássaros da Terra e do Ar,

E, Para Completar a Sequência,

Os BenDitos Animais.


Mas, Isto Tudo Foi Em Antes,

Aconteceu no Passado,

No Passado dos Actlantes,

Aqueles do Bello Narrado,

Narrado Per’Importantes

Narradores Fabulantes,

Asiáticos Mitologizantes

E Romanos Prosopopaicantes,

Os Quais Sabiam, Todos Eles,

Os Narradores InFlamantes

De Narrativas Espiraladas,

QuoModo Encantar Seus Ouvintes

Com Histórias ReVeladas,

RePlectas de Veros Requintes

E de Muita Palavr’Animada,

De Deuses Fortes ConSortes

E Deusas Mitificadas,

E Humanos Gigantescos

Com Suas Frágeis Namoradas,

Um Mundo Especial

De Fabulosa Jornada,

Onde a Comum-Unidade Existia,

Em Cada Plano ou Hierarquia,

E a Juventude Toda Saía

Em Campanhas Gloriosas,

E, em Cada Momento do Dia

RePlecto de Galhardia,

Todos Podiam Esperar

Batalhas Aventurosas.


Pois Foi Nesse Momento Passado

Que Imperou, Com Muito Agrado!,

A Dita Deusa Fabulosa,

A Cybelinha Terrosa

Do Tal Veloz Carrão Alado.

sábado, 24 de julho de 2010

15.1 - A NARRADORA DO BRASIL DESEJA FECHAR COM LOUVOR AS MUITAS HISTÓRIAS MIL DE CYBELE ROMANOR


15.1 - A NARRADORA DO BRASIL

DESEJA FECHAR COM LOUVOR

AS MUITAS HISTÓRIAS MIL

DE CYBELE ROMANOR,

QUE VEIO AO MUNDO INFLAMANTE,

SAINDO DO PASSADO DISTANTE,

SE TRANSFORMANDO INCONSTANTE

EM ALMANDINA CRISTINA

A ALMANDIN’OTOMANTE,

EM BUSCA DOS FILHOS SUMIDOS

AQUI NO BRASIL IMPERANTE,

OS TAIS TITÃS, JÁ CRESCIDOS,

UMA CAMBADA GIGANTE

NEUZA MACHADO

EnQuanto ReFaço o Contado,

Para Finalizar a Canção,

Quero Dizer-Vos, Meu Amado!,

Meu Leitor do Meu Rincão!,

Que a Cybele do Narrado

Replecto de Superstição,

Com o Seu José Estimado,

Por SobreNome Abraão,

Foi Passear, Cheia de Agrado

E Muito Amor no Coração!,

Lá P’las Bandas do Reizado,

Bem Perto do Meu Sertão,

Um Lugar Distanciado

RePlecto de Invenção,

Onde Dizem Que as Amazonas

D’Aquele Mito Pagão

Se Tornaram as Grandes Donas

Dos Gigantescos Titãs,

Os Tais Filhos ProCurados

Por Cybele Encarnação,

E a Dita Cuja ProCurando

Os Mitos da Velha Canção,

Junto Com o Seu Namorado,

O Tal Rico Bonitão,

Dando Beijote Estalado

No Mercador do Sertão,

Dentro do Carrão Sempre’Alado

Do Princípio da Canção,

Per Seus Oito Leões, Bem Guiado,

Além de Dar-Lhe Protecção,

Pelos Confins do Bell Sonhado,

O Sonho Maravilhado

Desta Narradora Em Questão;


Mas o Passeio, Por Certo!,

Pelas Estradas de Chão,

Espero Que Fiqueis Esperto

E Compreendais a Razão,

Tinha Um Motivo Imperante,

Qual Seja, Andar Sempre Adiante,

Com Muito Ímpeto InFlamante,

Buscando, Desesperante!,

Os Sumidos Titãzinhos,

Os Ditos Amados Filhinhos

Que, Hááá Muuuuuuito!, SI Afastaram

Do Tal Passado Pagão

E nas Brenhas do Reizado,

Um Lugar do Meu Sertão,

Iniciaram Um Amor Sonhado

Com as Amazonas Ditosas

D’Aquele Mundo de Então,

Agora, Lindas Senhoras

Que Cultuam o Deus Cristão,

ACasaladas, De Facto!,

Com os Titãs do Relato

Repleto de Superstição,

Cuidando de Seus Filhinhos,

Os Novinhos Titãzinhos,

Que Vivem Sempre a Brincar

No Terreirão dos Paizinhos,

Um Terreirão de MilAmores

E de Sublime Paixão.


E Só Pra Não Perder o Fio

Deste’EnRedo EnRolão,

E Para Não Apagar o Lume

Que Ilumina o Meu Porão,

Só Sei Dizer-Vos, Meu Lorde!,

Meu Ouvinte!, Meu Amor!,

Que a Charreti’Alada é Hoje Um Ford,

Muuuito Velho, Mas Com Valor!,

Em Que a Cybele do Concorde,

Um Veículo Voador,

Que em Outras Eras Voava

Pelo o Céu da Europa Linda,

RePlecto de Luz Sempre Bem-Vinda,

Ainda, Viaja, a Dinda!,

Com Seu Amor Mercador,

Sem Encontrar o Caminho,

Recto, Sem Pedra ou Espinho,

Que a Pudesse Levar ao EnContro

Dos Filhinhos Tão Bonzinhos!,

Os Seus Filhinhos de Apreço,

E Que Pudesse El’Achar,

De Seus Filhos, O Endereço.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

14.4 - CONTINUANDO O CONTADO

14.4 - CONTINUANDO O CONTADO

NEUZA MACHADO

No Entanto,

E EntreTanto,

Continuando o Contado,

A Cybele do Passado,

D’Aqueles Mitos de Então,

Saiu do Sonho Bem-Sonhado

Desta Narradora em Questão,

E SI APoderou do Corp’Humano

De Almandina Conceição,

EnQuanto a Esperta Ladina,

SI Mandava, Com ReQuinte!,

Para a Itália, Sempre Linda!,

De Leonardo Davinte.


E, Isto Tudo, Oh! Meu Irmão!,

DePois de Trocar de Vida

Com a Cybele Encarnação,

Pois, EnQuanto A Dita Cuja Divina

Visitava, Interina,

Novamente, E Com Emoção!,

O Mundo Dito Terreno

Do Século XXI EmQuEstão,

O Século Atual, Tão presente!,

De Luís Ignácio da Silva,

O Nosso Lula Presidente,

Presidente do Brasil,

O Presidente Inteligente

Do Nosso Brasil Varonil,

O Nosso Brasil, Tão Sereno!,

O Meu Glorioso Rincão,

O Nosso Brasil Cor de Anil,

O Meu Brasil, O Meu Chão.

Enquanto Não, Por Que Não?,

A Almandina SI Mandava

Pra Roma de São Sebastião,

A Capital da Itália Bella

E do Mundo Dito Cristão.


E no Brasil, A Cybele

Da Antiquíssima Canção

ReEncontrava, Abismada!,

A Deméter Martinelli,

A Anterior Geminada,

Chamada, Alá na Parada!,

De Deméter Encarnação,

A Tal da Tela’Pintada,

Uma Tel’Amarelada

De Anterior Invenção,

Que Estava Bem Colada

Na Aba Externa Citada

De Um Poderoso Malão,

A Mala de QuinQuilharias

Do Mercador do Sertão,

Sertão de Minas Gerais,

RePlecto de Riquezas Tais,

Estado Federativo

Do Meu Brasil Adorado,

Sempre Por Mim ExAltado

Nas Cobras Super-Enrolantes

Desta Novíssima Canção,

O Meu Brasil Muito Amado,

Terra’RRica e Hospitaleira,

Por Isto, Escolhida a Dedo,

Neste Momento de Medo

Em Outras Partes Terreiras,

Para Ser a Nova Terra

De Cybele Milongueira.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

14.3 - O AGORÁ GUERREANTE DESTE MUNDÃO INFLAMANTE

14.3 - O AGORÁ GUERREANTE DESTE MUNDÃO INFLAMANTE

NEUZA MACHADO

Mas, Quomodo Estava Contando,

A Vós Dizendo ou Narrando,

Oh! Meu Leitor Importante!,

DePois do Meu ExCurso Intrigante,

Por Certo!, Bem InFlamante!,

E Assim Sendo Ou Já Não Sendo,

Desejo Passar Adiante,

Com Muita Garra!, Imperante!,

PreTendendo Contar, Com Glória!,

A Interessante História

De Cybelinha Terrante,

Aquela Que Saiu, Brilhante,

Do Passado Para o Agora,

O Agorá Guerreante

Deste Mundão Inflamante,

Que Muitos Dizem Estar no Fim,

Os Profetas Implicantes

Oriundos de Caim,

Querendo Arrasar o Mundo

Com Estória Mui Sem Fundo,

E Vão Levando a Moçada

Para Uma Perigosa Estrada

Cheia de Pedra e Capim.


Mas, Antes, Peço-Vos Perdão

Pel’o Anterior Rompante,

Um Perdão Muito Insistente

Saído do Coração,

Um Coração Neo-Demente.

Acontece, Meu Amor!,

Que, Apesar de Aproveitar-Me

Do Actual Matriarcado,

E QuoModo Sempre Digo,

Com Meu Falar ComPassado,

E, Às Vezes,

Por Tal Causa, Sempre Brigo,

Pois Sou Fêmea de Valor,

Então?!!!,

Sinto o Peito ExCruciado,

Por Ver o Homem MalAmado,

Pois o Casamento Fadado,

Por Certo!, e Com Muito Agrado!,

Sem Nenh’Um Parlar Gritado,

Deveria, Oh! Meu Prezado,

Oh! Meu Amado Leitor!,

Ser Casório Equilibrado,

Casamento Abençoado,

Sem Vencido ou Vencedor,

Dividindo, os Casados,

O Tecto Com Ver’Amor.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

14.2 – A CYBELE DO PASSADO, DAQUELES MITOS DE ENTÃO

14.2 – A CYBELE DO PASSADO, DAQUELES MITOS DE ENTÃO

NEUZA MACHADO

A Cybele do Passado,

D’Aqueles Mitos de Então,

Saiu do Sonho Bem-Sonhado

Desta Narradora Em Questão,

Em Um Momento Agitado

De Um Milênio Conturbado,

O Terceiro da Girândola,

Desde o Iniciar Cristão,

No Quarto Anno Mencionado

Nas Páginas Iniciais

Deste Pergaminho EnRolão,

O Tal Anno Assinalado

Do Século XXI Sem-Razão,

Em Um Momento Em Que as Mulheres,

Em Cada Pedaço de Chão,

Levantam Suas Colheres,

E Exigem Emancipação,

Querendo Tomar dos Homens

O Precioso Bastão,

O Bastão Patriarcal

Que Eles Tinham na Mão,

Hoje Um Bastão DesUsado,

Já Bastante DesGastado

E Sem Nenh’Uma Servidão,

Pois os Homens Actuais

Já Não São Mais Generais,

Nem Comandam a Relação,

Foram Todos Pra Cozinha,

Para Fazer Comidinha

Para as ConSortes Com Sortes,

Transformando em Matriarcado

A Dita Cuja União,

Pois, Agora Todos Eles,

Vão Pro Tanque Lavar Roupa,

Ou Se Tiverem Dinheiro,

Dinheiro Para Gastar,

Os Ditos Cujos Roupeiros,

Roupeiros Alvissareiros!,

Vão Bem DePressa Comprar

U’a Máquina de Lavar,

Já Que os Nobrezinhos de Agora,

Os Homens de Minha História,

Já Não Têm o Bell Mandar,

E Se Submetem, Com Glória!,

Aos Mandos Que Vêm do Ar,

Em Sonoroso Gritar,

Por Telefone Celular,

Pois as Suas ConSortes,

Todas Com Muuuuuuitas Sortes,

Também Saem a Trabalhar,

Para o Pão-Nosso Ganhar!,

Dividindo o Pesado,

O Pesado, Tããão Suado!,

Com o Marido Exemplar.


E, Muito Mais!, Eu Vos Digo!,

ReTirando o Pensar do Meu Ego,

Pois Sou Mulher e Não Nego

Que o Mundo Está a Mudar,

E Quem CoManda, Realmente,

O Casamento do Presente,

Neste Início Diferente

Do Terceiro Milenar,

Ou Seja, Três Vezes Seja!,

As Regras Tão Severas

E, Por Certo!, Mui SacrosSantas

Do Actual Bendito Lar,

É a Mulher InDependente,

Aquela Que Passou à Frente,

E Que, Agora, ImPonente!,

Por QualQuer InConveniente

Do Marido, Tão Querido!,

Se Põe a Bendita a Gritar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

14.1 - A NARRADORA EXEMPLAR SACODE A MENTE VAGANTE

14.1 - A NARRADORA EXEMPLAR SACODE A MENTE VAGANTE E AO LEITOR POPULAR A MESMA TENTA EXPLICAR A VITÓRIA ESPETACULAR DA CYBELINHA TERRANTE SOBRE A DEMÉTER INCOMODANTE, A OUTRA FACE IMPERANTE DA MESMA CYBELE DUMAR, AQUELA DO ANTIGO NARRAR

NEUZA MACHADO

Pois, Quem Venceu a Contenda,

Foi a Cybelinha Terrante,

Mandando Pros Confins da Lenda

A Deméter Incomodante.

No Auge da Luta, Irada!,

A Cybelinh’Adamante

Rasgou a Telona Pintada

Por Leonardo Brilhante,

Abraçou-Si Com o Abraão,

O tal Mercador Bonitão,

E Saiu Pel’o Brasil Afora,

Para Viver O Seu Aqui e Agora

Atrás de Muita Emoção.


A Cybele Romanelli

Ao Ver o Dito Abraão

Todo Dengoso e Meloso

Ante a Bell’Aparição

De Deméter Martinelli,

A Sua Outra EnCarnação,

E DePois de Brigar Feroz

Com a Su’Antiga Geminada,

De Facto, Sem Muito Tacto!,

Uma Contend’Az(s)arada

Por Merecer ReFlexão,

A Cybele Elevou a Voz,

Deu Um Grande Passo’Atrás,

E Assim, Sem Mais Nem Menos

E, Muito Mais!, SemMaisNemMais,

Se APoderou da Tel’Atada

N’Aquele Grande Malão,

A Mala de Quinquilharias

Do Mercador do Sertão,

Lascou na Tal Geminada

Uma Vigorosa Braçada,

Mandando-A NovaMente

Para Dentro do Telão.

E Não Satisfeita A Divina

Rasgou a Tela Interina

De Deméter Encarnação,

Mandando-A Pros Confins da Lenda

D’Aquela Antiga Canção,

Mostrando Que a Diva Primeira

Será Sempre,

Com Aparato!!!, De Facto!,

A Dona da ComPetição.


E Neste Balaio de Gatto

Qu’Eu Chamo de Nova Canção,

A Divina do Relato

Replecto de Superstição,

ReSolveu Acabar de Vez

Com a Miracolant’Ilusão,

Deu Um Beijo no Mercatto,

Chamado de José Abraão,

Chamou Seus Leões Bonitões

ProVindos do Kasaquistão,

Arejou a Carruagem Alada

Do Tempo do Rei Dom João,

Convidou o Zé da Estrada,

O Tal Mercador do Sertão,

Para Ser Sua Enseada

Ou o Seu Aeroporto,

Por Certo! Muito Seguro!,

Em Um Ansiado Futuro,

Já no Final da Jornada,

E, ao Lado do Dito Cujo,

O Tal Mercador Bonitão,

O Que Seria o Seu Marujo,

O Seu Divino Amorzão,

E Saiu Em DisParada,

Em Sua Charreti’Alada,

Muito Bem Acompanhada

Per o José e a Moçada

Que Dirigia o Carrão,

Os Tais Leões Invisíveis,

Os Conductores Terríveis,

Terríveis Profligadores,

Amorosos Protectores

De Cybele Romanelli

Da Novíssima Canção,

E Foram Todos Unidos,

Caçadores Destemidos,

Em Busca De Nova Emoção,

Ou Seja, Três Vezes Seja!!!,

Buscar os Titãs Perdidos

Neste Mundão Sem-Razão,

Os Ditos Filhos Sumidos

De Cybele Encarnação.


Mas Esta Estória Com Glória,

Contar-Vos-Ei, Com Certeza!,

Na Próxima Capitulação.


Por Ora, Quero Que Saibais,

Oh! Meu Distinto Leitor!,

Meu Amante!!,

Meu Amor!!!,

Que os Montes de Minas Gerais

À Cybele Conquistou,

Pois Entre Todos os Estados

Do Meu Brasil Imperante,

Minas ConCentra Mais

Os Mitos da Lend’Atlante.