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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

04 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 7


Esta minha Epístola aos Homens do Futuro foi escrita em:

04 DE NOVEMBRO DE 2001 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - 7

NEUZA MACHADO

Meus Amigos do Futuro do Brasil Varonil, conforme o prometido eis-me aqui novamente. No momento exato em que começo esta minha cartinha, neste exatíssimo 04 de Novembro de 2001, na Cidade Cariocjônia do Rio de Janeiro, o minúsculo relógio digital de meu telefone celular marca vinte e uma hora e trinta minutos. Relógios digitais, telefones celulares, microondas [um forno (incrível invenção!) que cozinha os alimentos em questão de segundos], computador, et cœtera, etc, serão, no Futuro Sem-Muro aí de Vocês, aparelhos fora de moda, porque, certamente, Vocês, Brasileses do Futuro, todos certamente! com muito estudo universitário (neste meu anno de 2001, são poucos os brasileiros pobres que conseguem estudar – com sacrifícios monetários – nas Universidades Particulares e, muito menos, conseguir vagas nas Federais Gratuitas para os ricos) e no auge de suas inteligências, já terão inventado objetos similares mais sofisticados, e, alguns de Vocês (os realmente interessados em conhecer o Passado do Brasil Varonil), que estarão a buscar preciosas informações desta minha realidade temporal – realidade histórica deste 04 de Novembro de 2001 –, acharão muita graça de nossas atuais invenções que, para Vocês, já serão ultrapassadas).

Entretanto, neste exato momento (não s’esqueçam da data: 04 de Novembro de 2001), são vinte e duas horas e cinco minutos ― horário de Verão no Brasil Varonil ― e eu estou, aqui, reflexiva, a cogitar, selecionando os Acontecimentos do Dia, ansiosa por enviar-lhes notícias interessantes.

Diferente dos outros Domingos (hoje, 04 de Novembro de 2001, não s’esqueçam!), o Sol Hipercariocjônio não iluminou a Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro. Choveu o dia todo incessantemente. É esta uma noite terriiiiiiiivelmente fechada e ainda chove na minha Terra, por certo! (por que não?), maravilhosa e abençoada por Deus (apesar dos pesados pesares que nos afetam todos os dias!). Estou a esperar que chova bastante perto das grandes Usinas Hidroelétricas do Brasil Varonil, para que a luz volte a reinar em nosso simplório cotidiano, o qual, no momento, infelizmente!, neste 04 de Novembro de 2001, se encontra sem muitas perspectivas iluminadas.

Meus Caríssimos Amigos, como já lhes disse, em uma outra Cartinha, estamos vivendo uma dramática terrível hiperbólica situação de Economia de Luz (para os mais pobres, evidentemente!). Desde o Mês de Junho de 2001 (não deixem de dar atenção à data!), economizamos Luz Elétrica (para os poucos muuuuuuito ricos, evidentemente! evidentemente! evidentemente!), para que não ocorra o apagão, ou melhor, a falta de luz nos lares, a escuridão total. É bem verdade que a Megalópole Cariocjônia do Rio de Janeiro, neste anno de 2001, continua muitíssimo iluminada: os Riquíííssimos Prédios Públicos, os Letreiros Luminosos Milionários, as Ricas Mansões dos Bilhardários e Trilhardários e Multiplicadários ao Infinito, os Belos Cumes Troantes e Ribombantes e Eletrizantes de minha Polis Maravilhosa repletos de Luzinhas Elétricas, e Muitos Outros Locais Elitizados, permanecem, continuamente, Iluminados.

Na verdade, Meus Amigos do Futuro Sem-Muro do Brasil Varonil!, neste Anno de 2001-04-11, apenas a classe muuuuuuuto pobrinha (a antiga Classe Média) foi obrigada a fazer economia (estamos esperando o dia em que aqui no Brasil a Luz Benfazeja do Amor ao Próximo seja para todos!). Existe uma quota prevista para os inglórios assinalados do Destino (e eu, Sofressora e Mulher, aqui no Brasil Varonil!, redigo, Professora, me encontro entre esses assinalados). A base da tal quota foi elaborada a partir do gasto de eletricidade ― de cada residência ― ocorrido no Mês de Junho de 2000 (atenção: eu informei-lhes corretamente a data: Mês de Junho de 2000). Por exemplo, se a quota foi pequena no tal mês de Junho de 2000, os ingloriosos assinalados do Destino, os brasileses muiiiiii pobrinhos, só poderão gastar aquele percentual ― todos os meses ― até que o governo do FHC determine o fim da economia (para a solução dos grandiosos problemas monetários dos poucos muito ricos do Brasil Varonil). Ocorre que os Privilegiados da Sorte deste Anno de 2001, os poucos brasileiros da Elite Ricaça ― haja Sorte! ―, gastaram bastaaaaaante eletricidade no tal mês de junho de 2000 e, já que Gastaram Muuuuuuita Luz, os Tais poderão usufruir a luz elétrica racionada sem grandes perdas; entenderam?, bastarão desligar alguns condicionadores de ar e tudo estará resolvido. Os inglórios pobres coitados do Brasil Varonil (os padecentes!) que se arranjem neste Final de Anno de 2001 e façam economia!

Mas, Graças a Deus!, o tempo interstício está ameno e o Calor Abrasador ainda não fez a sua entrada triunfal na Megalópole do Rio de Janeiro, neste início de Novembro de 2001. Só não sei o que faremos quando o Caloroso Sol Flamejante vier nos visitar. Como agraciá-lo com a nossa amável acolhida, se não recebermos, daqui a um mês (Mês de Dezembro de 2001, não s’esqueçam!), autorização governamental para ligar nossos humildes ventiladores?

Oh! Meus Amados Brasileses do Futuro Sem-Muro! Estou aqui, neste 04 de Novembro de 2001, a me preocupar com a possibilidade de um apagão, enquanto milhares e milhares de Seres Humanos, inclusive e principalmente aqui no Brasil, neste Anno de 2001 (pesquisem aí no Futuro Sem-Muro, por favor!), não têm o que comer. A Guerra Inglória continua no mundo. As doenças incuráveis continuam. Os Deserdados da Sorte estão morrendo à míngua. As infelizes crianças de algumas regiões do Oriente Médio, neste final do Anno de 2001, vão sendo treinadas para a Guerra e já manejam armas mortíferas (pesquisem aí no Futuro, por favor!). As crianças da Região de Conflito do Oriente Médio não receberam permissão para sonhar com o Futuro Sem-Muro Radioso. Não saberão como escrever suas Cartinhas para os Homens do Longínquo Futuro Sem-Muro. Não conseguirão (as Crianças do Oriente Médio deste 2001), jamais!, imaginar a possibilidade de conforto para as Crianças do Futuro. O Futuro não existe para os muitos infelizes pequeninos do Oriente Médio. Existe, saibam Vocês do Futuro!, neste Anno de 2001, a Guerra Capitalista. As crianças do Oriente Médio, neste Anno de 2001, não brincam como crianças!; passam fome e sede (a água é escassa), não têm nenhuma esperança e não sonham com dias felizes. E eu, neste 04 de Novembro de 2001, uma pensativa e incomodada sofressora desta Era de Calamidades Sem Conta, estou aqui preocupada com pequenos probleminhas cotidianos, com a possibilidade de falta de Luz Intersticial Para Sempre no meu Brasil Varonil.

Mas, neste Final de Anno de 2001, acredito piamente!, um Herói do Futuro irá se sobressair no meio de todo esse alvoroço e gritará a sua Sentença de Paz. Quando esse dia chegar, estarei a postos, se Deus assim o permitir!, para relatar-lhes o Acontecimento.

Aguardem novas notícias no Domingo que vem (11 de Novembro de 2001). Espero que vocês recebam aí no Futuro Sem-Muro Glorioso do Brasil Cor-de-Anil o meu Profundo Amor Transecular!

ODISSÉIA MARIA, conforme a Lei, filha de Antônio Aquileu e Jane Briseides, ambos descendentes de Indomáveis Caçadores de Onças Pintadas e Jaquatiricas Noturnas de Minas Gerais, uma região paradisíaca, ímpar, maravilhosa, sem-igual, situada na parte Leste do Brasil Varonil.

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