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domingo, 14 de abril de 2013

CASSIANO RICARDO: O GIGANTE Nº 7



O GIGANTE Nº 7

Cassiano Ricardo

 
 
 Crédito da imagem para:
 

Ia Apuçá, o Gigante Surdo,

buscando outra terra, lá longe,

onde pudesse trabalhar.

“Não te dou terra, te dou ouro!”

uma montanha toda ouro

apareceu em seu lugar.

 

Mas Apuçá, o Gigante Surdo,

que já estaria caminhando

duzentas léguas sem parar

naquele jogo de onde e quando,

vai alcançar o Tosão de Ouro:

“Não te dou ouro, te dou prata!”

uma montanha toda branca

Apareceu em seu lugar.

 

Mas Apuçá, o Gigante Surdo,

Que já estaria caminhando

mais meio mundo sem parar

vai alcançar a noiva branca

“não prata, te dou esmeraldas!”

uma montanha toda verde,

apareceu em seu lugar.

Que o fez andar, sem mais parar.

 

Que não mudava mais de cor;

que ia mudando de lugar.

 

Por isso, em toda caminhada

de quem se vai pelo sertão,

seja quando, ou por onde for,

ou seja noite, ou madrugada,

há uma montanha, toda verde,

sempre mudando de lugar,

só pra o fazer caminhar.

 

Pois quem caminha vendo, ao longe,

a antiga Serra da Esperança,

que muda sempre de lugar,

como Apuçá, o Gigante Surdo,

caminha agora a vida inteira;

é surdo a todas as distâncias.

é gigante de tanto andar!

 

Afinal, o que é Esperança?

num país ainda criança,

é uma coisa bem brasileira,

é uma forma de caminhar.

 

RICARDO, Cassiano. Martim Cererê. 13. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974: 119
 

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