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sexta-feira, 27 de abril de 2012

ESPLENDOR E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMAZÔNICO: EXERCÍCIO CRÍTICO-FENOMENOLÓGICO SOBRE O AMANTE DAS AMAZONAS DE ROGEL SAMUEL


ESPLENDOR E DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMAZÔNICO: EXERCÍCIO CRÍTICO-FENOMENOLÓGICO SOBRE O AMANTE DAS AMAZONAS DE ROGEL SAMUEL

NEUZA MACHADO

Aos leitores deste meu blog, faço-lhes um convite para lerem o meu exercício crítico-fenomenológico, sobre a obra ficcional de Rogel Samuel O Amante das Amazonas, cujo título é Esplendor e Decadência do Império Amazônico. O texto completo poderá ser encontrado em: www.portalentretextos.com.br/webroot/files/prt_livrosonline/esplendor-e-decadencia-do-imperio-amazonico.pdf


O romance O Amante das Amazonas, para os que desejarem ler esta singularíssima obra do escritor Rogel Samuel, (um romance da pós-modernidade que, diga-se de passagem, deverá ser lido em primeiro lugar, para que, posteriormente, o meu estudo crítico-fenomenológico possa tornar possível a compreensão do leitor), se encontra disponibilizado em:
historiadosamantes.blogspot.com/2009/04/0-amante-das-amazonas.html


O meu estudo teórico-crítico-fenomenológico O Fogo da Labareda da Serpente, sobre a mesma obra O Amante das Amazonas, de Rogel Samuel, poderá também ser lido em:
http://www.portalentretextos.com.br/webroot/files/prt_livrosonline/o-fogo-da-labareda-da-serpente.pdf


Agradecendo-lhes sempre as visitas aos meus blogs e as muitas demonstrações de apreço recebidas através de carinhosos e-mails, envio-lhes o meu Muito Obrigada a Todos!

No intuito de apresentar-lhes um pouco do que escrevi sobre o romance de Rogel Samuel O Amante das Amazonas, ofereço-lhes um pequeno trecho de Esplendor e Decadência do Império Amazônico:


(Trecho do livro Esplendor e Decadência do Império Amazônico)

“É evidente que, em relação às obras, as idéias permanecem sempre breves, e que nada pode substituir as primeiras. Um romance que não fosse mais do que o exemplo de gramática que ilustra uma regra ─ ainda que acompanhada de sua exceção ─ seria naturalmente inútil: bastaria o enunciado da regra. Exigindo para o escritor o direito à inteligência de sua criação, e insistindo sobre o interesse que a consciência de sua própria pesquisa representa para ele mesmo, sabemos que é sobretudo ao nível do estilo que esta pesquisa se realiza, e que no instante da decisão nada está claro. Assim, após ter indisposto os críticos ao falar da literatura com a qual sonha, o romancista se sente repentinamente desarmado quando esses mesmos críticos lhe pedem: “Explique-nos portanto por que você escreveu esse livro, o que significa, o que você pretendia fazer, com que intenção você empregou esta palavra, por que construiu esta frase desse modo?”

"Diante de semelhantes perguntas, seria possível dizer que sua “inteligência” não lhe serve para mais nada. O que ele quis fazer foi apenas aquele livro mesmo. Isto não quer dizer que ele está sempre satisfeito com esse livro; mas a obra continua a ser, em todos os casos, a melhor e a única expressão possível de seu projeto. Se o escritor tivesse tido a faculdade de dar uma definição mais simples de seu projeto, ou de reduzir suas duzentas ou trezentas páginas a uma mensagem em linguagem clara, de explicar o funcionamento de seu projeto palavra por palavra, em suma, de dar a razão de seu projeto, não teria sentido a necessidade de escrever o livro. Pois a função da arte não é nunca a de ilustrar uma verdade ─ ou mesmo uma interrogação ─ antecipadamente conhecida, mas sim trazer para a luz do dia certas interrogações (...) que ainda não se conhecem nem a si mesmas.” (Alain Robbe-Grillet)

Com estas palavras de Alain Robbe-Grillet, sobre o novo romance (não apenas francês), o fenômeno literário que marcou o globalizado e caótico século XX (o século que propiciou a difícil transição histórica da modernidade para a pós-modernidade), palavras estas escritas no final da década de cinquenta, exprimo o meu empenho de dialogar reflexivamente com a obra, de Rogel Samuel, denominada O Amante das Amazonas (publicada em segunda edição, em 2005, pela editora Itatiaia de Belo Horizonte). Recupero as asserções de Robbe-Grillet sobre o narrador do século XX (neste momento interativo da crítica literária no Brasil, e neste início de século XXI), porque medito sempre o enigma criador do ficcionista do todo do século passado, independente de sua localização de nascimento, e percebo que as “inovações” ficcionais, daquele momento, continuam hoje sob “renovadas” roupagens, e as questões teórico-críticas (que enlaçam o escritor ficcional), levantadas por Robbe-Grillet, continuam ainda a fazer parte da realidade sócio-intelectual do crítico literário brasileiro. Retomo o assunto, porque, nestes tempos pós-modernos, tempos globalizados, o escritor (seja de qualquer nacionalidade, poeta ou ficcionista ou dramaturgo ou outro direcionamento literário) se coloca na obrigação de explicar a sua criatividade à chamada imprensa cultural dominante. É matéria verdadeira que somente algumas questões visíveis são questionadas, porque, as invisíveis vão estar resguardadas no plano particular do autêntico texto-obra, a exigir que o leitor-especulador do momento histórico de sua publicação, ou de épocas futuras, as venha examinar. Sem o aval das explicações exigidas (uma vez que os textos ficcionais da pós-modernidade são de difícil entendimento), o escritor dos dias de hoje não se contempla reconhecido pela mass media como criador literário, perdendo por tal desvalimento a oportunidade de ser lido, o que, convenhamos, é o anseio normal de quem escreve.

Esta propedêutica, objetivando espelhar a posição do crítico literário atual, se fez/faz-se necessária, porque a enxergo apontada em minha direção, uma vez que, para interagir com a diferenciada obra ficcional de Rogel Samuel, respeitante ao espaço geográfico do Amazonas ─ social e mítico ─, lugar pouco conhecido à minha própria percepção intelectiva, movi-me, inicialmente, em busca das estimáveis explicações do próprio escritor, acauteladas nas diversas entrevistas por ele permitidas aos jornalistas-internautas. (...).

Por intermédio das Entrevistas, Rogel Samuel ofereceu, aos leitores de seu romance, encaminhamentos seguros sobre a natureza de sua criatividade ficcional a qual reputo como autenticamente Pós-Moderna/Pós-Modernista de Segunda Geração. Autêntica, porque há no momento inautênticos autores que se fazem passar por ficcionistas pós-modernos, mas que são, em verdade, escritores-mercadores de uma literatura de massa sem nenhum crédito no âmbito da Arte Literária. Apenas foram conceituados pela mídia enganosa deste momento sócio-intelectual como bons escritores, para visarem ao lucro em detrimento da qualidade de um texto. O romance de Rogel Samuel, pelo exame teórico-interpretativo-reflexivo, ultrapassa tais exigências comerciais, pelo fato de ser uma narrativa de alto nível criativo e se inserir no que qualifico como peculiar obra pós-moderna.

E eis que imediatamente surge a pergunta (por conjetura, talvez, um dos motivos de aborrecimento de Robbe-Grillet nos anos cinquenta, quando se revoltava contra as interferências críticas de seu momento): Como classificar um texto ficcional como autenticamente criativo e pós-moderno/pós-modernista de Segunda Geração, se o mesmo ainda não passou pelo crivo do tempo? O texto já não seria normalmente pós-moderno, uma vez que seu autor é nato de uma atualíssima dinâmica social já conceituada como pós-moderna, ou seja, é um indivíduo provindo de uma era específica denominada como Era Pós-Moderna? Outras interferências, já exaustivamente dialetizadas criticamente, poderiam aparecer, no intuito de desqualificar as minhas inferências teórico-críticas reflexivas, uma vez que o mundo, no século XX, se dilatou, e os pseudos críticos, promotores da mass media, abraçados a uma causa imperialista voltada para o consumo literário imediato, evidentemente ligado ao lucro, se fortaleceram, contaminando os leitores emocionais com a chamada literatura de massa (a maior parte vergonhosamente sem qualidade, inclusive sem qualidade paraliterária). Então, como classificar um texto narrativo em prosa, escrito nos anos finais do século XX, como autêntica ficção pós-moderna? Como classificar uma ficção paradigmática, que, certamente, irá “incomodar” aos leitores do futuro, obrigando-os a repensarem suas próprias dinâmicas existenciais, incômodo este que, não tenho dúvida, se revelará a partir de um romance diferenciado (e o romance O Amante das Amazonas é diferenciado) escrito nos anos finais do século XX, muito antes de seus nascimentos (dos leitores do futuro, evidentemente).

“[A literatura] é algo vivo e o romance, desde que existe, sempre foi novo. Como poderia o estilo do romance ter permanecido imóvel, fixo, quando tudo evoluía ao seu redor ─ bem rapidamente, na verdade ─ no decorrer dos últimos cento e cinquenta anos? Flaubert escrevia o novo romance de 1860, Proust escrevia o novo romance de 1910. o escritor deve aceitar carregar sua própria data com orgulho, sabendo que não existem obras-primas na eternidade, mas apenas obras na história; e que elas só sobrevivem na medida em que deixaram o passado atrás de si e que anunciaram o futuro. (Alain Robbe-Grillet)

Por meu ponto de vista teórico-crítico, acrescido de conhecimento intelectual interativo, adquirido a partir do contato permanente com os textos técnicos e/ou artísticos, ponto de vista que não se deixa influenciar por teóricos e/ou críticos de plantão, posso dizer que a ficção pós-moderna/pós-modernista de Rogel Samuel irá “incomodar” (retirar da comodidade, induzir a pensamentos dialetizados) o leitor-intérprete de momentos históricos posteriores. Os leitores do futuro irão repensar cada palavra, cada pensamento do autor, e principalmente irão reconsiderar a problemática de um Estado Federativo do Brasil, o Amazonas, um lugar que deveria ser de pura maravilha, mas que se encontra atualmente maculado por alguns interesses internacionais que não se coadunam com os muitos interesses nacionais de preservação do meio-ambiente (em detrimento de uma rica minoria de brasileiros exploradores). E isto tudo, se houver, no futuro, um lugar chamado Amazonas. Se houver, no futuro, um país chamado Brasil, e se entendermos que, no momento, aqui, uma parte dos habitantes ─ grupo pequeno, mas que se posiciona como poderoso ─ se esmera em prol de seu desaparecimento no vasto telão simulacrado do Mapa Mundi.

Contudo, para referir-me ao incomum texto narrativo de Rogel Samuel, o nomeei, no início destas linhas preliminares, como Ficção Pós-Moderna (historicamente) e como Pós-Modernista (esteticamente). Pós-Moderna porque se insere em uma nova era, posterior à Era Moderna (aquela que teve o seu início, na Europa, lá pelos meados do século XV, com o advento do Humanismo Renascentista). Pós-Moderno seria o nome que se convencionou chamar ao momento histórico, depois da cisão que se estabeleceu no mundo pós-capitalista, com a retomada de valores comunitários (de pequenos grupos, e de uma maneira diferente dos valores comunitários da Idade Média, entretanto, não deixará de ser uma retomada). Pós-Modernista porque se instaura a partir de uma cisão com a estética chamada Modernista, implantada no Mundo e no Brasil a partir dos anos iniciais (anos bélicos) do século XX.

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