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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

17 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - RIO DE JANEIRO, 27 DE JANEIRO DE 2002

17 - EPÍSTOLA AOS HOMENS DO FUTURO - RIO DE JANEIRO, 27 DE JANEIRO DE 2002

NEUZA MACHADO

(Para o Brasileiro Consciente do Brasil-País do Futuro lembrar-se sempre que existiu um Brasil-Tristes Trópicos até o Final do Século XX)


Meus Amigos e Amigas do Incomparável Futuro Brasilês!, a Semana passou voando diante de meus Óculos de Grau! Desde Segunda-Feira (21 de Janeiro de 2002) que estou envolvida com Mil Decisões quanto ao meu Incógnito Futuro. Por estas e outras, peço a Deus, todos os dias, que me ofereça a Sorte de encontrar um emprego bem remunerado bem pertinho de meu Micro-Apartamento de Bicho-da-Seda, localizado na Tijuca. A grande verdade é esta: os Annos já pesam um pouco em meus costados e trabalhar triplicado (para receber um salário razoável que dê para pagar as contas diárias; infelizmente, sou sofressora horista), longe de casa, voltando do trabalho à noite, chegando em meu Micro-Apartamento depois da Meia-Noite, sujeitando-me a ser assaltada nos ônibus ou nas ruas desertas, é uma Odisséia digna de meu Nome Ficcional. Trabalhei tanto no Anno Passado (Anno de 2001) que fiquei doente (e engordei). Sobrecarreguei-me com Várias Horas de Trabalho, em Duas Universidades de minha Polis Maravilhosa (a Cidade do Rio de Janeiro), cada noite em um lugar diferente, distante. Resultado: fui obrigada, pelo bem de minha saúde, a pedir demissão de um dos empregos.

Este Anno, espero encontrar um emprego, rentável, bem pertinho de casa ou arredores. Quomodo boa Sagitariana, conto com a sorte. É bem verdade, também, que saio, por aí, buscando a Tal Benfazeja. Desde o Mês de Dezembro que estou distribuindo Currículo nas Universidades próximas à minha casa e nos bairros adjacentes. Sou proprietária de um Currículo razoável, mas, infelizmente, não conto com o Famoso Q.I., sem o qual torna-se difícil, para qualquer Sofressor, pleitear o privilégio de trabalhar, sem muito sofrimento, para receber um Salário Digno.

Ah, meus Amigos do Futuro!, está muito difícil. A concorrência é grande. No final do segundo semestre de 2001, um meu conhecido, colega de trabalho, disse-me que eu deveria emagrecer, para enfrentar a concorrência e ser bem aceita pelos Dirigentes das Tais Universidades. Disse-me, inclusive, que ele mesmo já estava frequentando os Vigilantes do Peso (uma Associação que reúne pessoas obesas, levando-as, gradativamente, ao emagrecimento). Ele chamou a minha atenção, por eu estar acima do peso, porque é meu amigo e me conheceu nos áureos tempos de minha radiante magreza. Tenho plena consciência da sincera amizade desse meu colega de profissão. Não fiquei ofendida. Mas, fiquei pensando: hoje se avalia um profissional por seu aspecto exterior; seu potencial de trabalho (de inteligência) não é levado em consideração.

Neste Anno de 2002, vou emagrecer, para tornar-me uma Professora magra e elegante. Afinal, não é tão difícil assim deixar de saborear os deliciosos torresmos com tutu à mineira de minha terra natal, ou mesmo, deixar de comer as saborosas iguarias do Restaurante de minha Filha Cláudia, no Bairro de Madureira (um imenso e movimentado Bairro Comercial de minha Hipermegapolis Maravilhosa). É lamentável apenas, meus Amigos do Futuro!, que as impecáveis formas da juventude e a beleza da maturidade não retornem com esse meu almejado emagrecimento.

Meus Amigos e Amigas do Futuro!, não interpretem mal o meu desabafo. Estou a recuperar-me de uma Gripe Fortíssima (fui vítima de uma Doença Epidêmica, Intermitente, entre as Inúmeras Doenças que assolam este meu Momento Histórico, neste Mês de Janeiro de 2002) e penso que este mal estar foi o responsável por estas palavras tão amargas. Mas, raramente, deixo-me envolver pelos Inúmeros Problemas Cotidianos. Saibam que jamais permito que as preocupações destruam o meu Amor pela Vida. É isto mesmo: apesar de não temer a Morte, amo a Vida e quero Viver Bastante, fugindo da Indesejada com toda a minha capacidade de fuga. Não temo as rugas e, muito menos, os cabelos brancos (há tintas maravilhosas que deixam os cabelos lindos e sedosos); estou acima do peso, mas poderei emagrecer e tornar-me atraente. Os meus Amigos próximos conhecem o meu lado alegre e cheio de vida. E, melhor ainda, sei que pelo menos os meus Descendentes estarão lendo, Amanhã, as minhas Cartinhas Dominicais. Por fim, apesar dos Inúmeros Contratempos Existenciais (uma herança pesada que acompanhou os Brasileses até agora), sinto-me quomodo fosse uma das poucas privilegiadas deste Mundo Rotundo. Ainda possuo o direito de almejar um Emprego um pouco mais rentável perto de casa, sem temer a possibilidade de uma velhice sem alternativas existenciais. Afinal, existe em meu tempo o chamado livre-arbítrio: se houver necessidade, ou seja, se o Desemprego bater à minha porta, poderei guardar os diplomas na gaveta (esquecerei os muitos Annos de envolvimento com os Livros), passando a ganhar o meu pão de cada dia vendendo cachorro-quente na Praia. Não é uma boa idéia?

Quanto às notícias da Semana, saibam que nada mudou no Quartel do Abrantes (até esta Data de 27 de Janeiro de 2002), tudo continua acá quomodo dantes. A única notícia importante relaciona-se ao Santíssimo Papa João Paulo II (o meu muito querido Papa Polonês Karol Wojtilla). Saibam que o Santo Homem ficará na História quomodo o maior Papa do Catolicismo Romano. Ele conseguiu realizar, nessa Semana que passou, uma Reunião pela Paz Universal com representantes das mais diversas diretrizes religiosas do Mundo (confiram aí na Internet de Vocês!). Meus Amigos do Futuro!, registrem, em suas anotações desse meu presente histórico (o qual já será o Passado de Vocês), este belo exemplo de Humildade e Amor ao Próximo! O Papa Karol já está tão velhinho (fará Oitenta e Dois Annos neste Mês de Maio de 2002), já sofreu um Atentado Terrorista (que quase o matou), já se submeteu a Cirurgias Perigosas e, no entanto, permanece resistindo aos Contratempos da Saúde, continua Perseverando em seu Ministério Religioso e não deixa de se Preocupar com o Destino da Humanidade. Realmente, o Polonês Karol Wojtilla é um Papa Extraordinário!

Em tempo: a Cidade de São Paulo, a maior Megalópole do Brasil Varonil, completou no dia 25 de Janeiro de 2002 (uma Sexta-Feira) Quatrocentos e Quarenta e Oito Annos de Existência. Os Paulistas comemoraram a Data com Muitos Festejos. E estão trabalhando arduamente para erradicar a Violência Urbana que se instalou por lá.

Na Próxima Semana, na Cartinha do Dia 03 de Fevereiro de 2002, Vocês, meus Amados e Ricos Amigos do Futuro Brasilês!, receberão as Notícias dos Preparativos Para o Carnaval Brasilês da Cidade do Rio de Janeiro, o Maior Espetáculo do Brasil Varonil e do Globo Terrestre. Aguardem!


Quomodo sempre, meus Diletos Amigos Brasileses do Futuro Sem-Muro!, neste 27 de Janeiro de 2002 (Último Domingo do Mês de Janeiro de 2002) recebam o meu Sincero Carinho Transtemporal.


ODISSEIA MARIA, filha de Antônio Aquileu e Jane Briseides, herdeira de Sobrenomes Notáveis e Lendários da Zona da Mata Mineira das Plantações de Café (os Pereiras, os Cunhas, os Alves, os Costas, os Sousas, os Moreiras, per lado paterno; per lado materno, os Damásios, de origem espanhola — Dámazos ou Damazios —, os Amorins, os Martins, os Sant’Annas, os Romanos, todos da Região da Bacia do Rio Carangola, oriundos de Portugueses de Imaculadas Linhagens e, quem sabe?, também, de Novos-Cristãos); descendente sou eu Odisséia Maria de Incomparáveis Caçadores de Onças Pintadas, Jaguatiricas Noturnas e Gatos-do-Mato, sem falar dos saborosos Porcos-do-Mato; descendente também, graças a Deus!, de Carpinteiros e Marceneiros Ilustres, per lado materno; descendente, com orgulho, de Plantadores de Milho e Café e Criadores de Gados Bovino e Suíno; todos, Muuuuuuito Antigamente!!!, Senhores-de-Terra Poderosos (lembrem-se sempre do João Pereira da Cunha, Vulgo Barba de Argolão, meu Tetravô), Hoje, eu, Odisséia Maria, aqui, neste Início de Terceiro Milênio, sofrendo as Anteriores Terríveis Pressões da Modernidade.


P.S.: Saibam, meus Amigos do Incomparável Futuro Brasilês!, que o Século XX foi o Momento da Perda de Identidade, Perda dos Sobrenomes Notáveis. Os Grandes Nomes das Famílias Mineiras (quase todos até agora) se diluíram na Massa Humana da Modernidade que, de repente, se viu Caminhando em Direção ao Nada. Por isto, os Aquileus e as Odisséias do meu Brasil Varonil teimam em Renovar Velhas Tradições (anteriores à Burguesia), dialogando, insolitamente, com aqueles Brasileses que ainda estão por nascer.

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