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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

AS MENINAS DE LYGIA FAGUNDES TELLES - PERSONAGENS ESPELHANDO OS CONFLITOS SÓCIO-EXISTENCIAIS DOS ANOS DE 1960 - 5

AS MENINAS DE LYGIA FAGUNDES TELLES - PERSONAGENS ESPELHANDO OS CONFLITOS SÓCIO-EXISTENCIAIS DOS ANOS DE 1960 - 5

NEUZA MACHADO

Pelo ponto de vista ficcional do primeiro narrador de Lygia, aquele que presencia a História do Brasil dos anos de 1960 instalado no plano interativo do cogito(2) da consciência questionadora, cada menina da narrativa aqui assinalada espelha os conflitos generalizados – interiores e exteriores – da época, conflitos existenciais que foram a marca indiscutível da segunda fase do século XX, registrados nas várias narrativas do período. Essas diferentes formas de narrar foram caracterizadas, cientificamente, como narrativas de Acontecimento pelos Semiólogos da Literatura (os Semiólogos Europeus de Segunda Geração), uma vez que não se assemelham às narrativas românticas (narrativas de Personagem) e, muito menos, às narrativas do realismo-naturalismo (caracterizadas como narrativas de Espaço), preocupadas em narrar, fielmente, a realidade.

Se penso, ainda, nas diretrizes ficcionais do noveau roman francês (anos cinquenta), com seus enclaves discursivos (um pensamento dentro de outro pensamento, palavra puxando palavra, textos intercalados no correr discursivo, por meio de aspas, travessões, barras, parênteses, etc.), terei como detectar o influxo dessas obras na impecável criação literária de Lygia Fagundes Telles. Todos os grandes autores de composições literárias foram leitores compulsivos dos grandes escritores que marcaram a história literária da humanidade. O grande escritor mostrará, indiscutivelmente, as marcas de suas leituras preferidas. O aspecto precioso dessa influência se faz notado quando o criador supera o plano básico de sua proposta ficcional, deixando-se dominar pelo seu imaginário-em-aberto, plano das aplaudidas realizações ficcionais. As narradoras de As meninas, entrelaçadas insolitamente, representam aquele momento de caos discursivo, mas, simbolizam, principalmente, o olhar crítico de uma notável escritora brasileira pós-moderna.

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